Cavidades
A folha branca,
a bolha presa
no fluido de
alta viscosidade.
A fumacinha de ar
que saiu da boca quente
naquela fria manhã.
O corisco que correu,
no céu da floresta,
o éter.
A dor de cabeça surda,
a minha cabeça branca
e as lãs entremeadas
como fios de fones de ouvido.
O não dito
mas jamais esquecido.
O dia frito e eu
escrevendo poesia
pendurado no que vi
e não havia.
A senha perdida
que pensei reencontrar
pro guichê que me diria
o que vim fazer aqui.
Pra de novo perder
no caminho de neblina
e ao cabo de seus passos
achar ausência.
Boto meias, bebo chá,
e me encho, quente,
de algo mais sólido
do que o próprio há.
_