Hominivorax
Estou aqui, ó Devoradora,
esperando tua vinda
para que me cubras com tuas asas
grossas como de escaravelho
translúcidas feito de libélula.
E com a mão gentil e perita
que me afagues a testa em febre
e no afã de fazer tua féria
és por isso compadecida.
Tu me tiras o peso do peito,
sustas meu sumo de sangue;
e já posso voar borboleta
ao redor de onde eu me deito.
Tu costuras cada minha ferida
rompida neste mundo Terra;
e no espaço do sonho sonso
posso ser quem eu quisera.
Os olhos para o horizonte
minha mão enfim dada a ti
eu parto do que é precário;
e defino assim, minha amada,
que só isso foi o que vivi.