Mutação
Supenso, penso, tenso,
sobre o que está no ar
isso a ser a vida
solta, tonta, à toa
que avoa feito um cancão
entre você e eu:
este espaço de imensidão.
Lanço uma canção
que fala que a vida enfim
jamais terá solução.
E você num resmungo
olha pra fora e diz
algo do tempo
do tempo que não é o clima
do tempo que não cai na ampulheta
do tempo que ultrapassa o registro
de cada velhíssima geração.
É o que as coisas são
é o fluxo da respiração
é o vento que sopra na sala,
balança as cortinas
e derruba o que há
de cair.
“L’aí vem”
a gente vê
“mais uma transformação”
eita vida tão cheia
de mudança
eita vida tão bela
tão bela que é ela
que chega de novo:
bem-vinda seja, mutação.