A Tirania do Sol
O Sol é um déspota!
Não dá mostras de quem se importa
com os sentimentos alheios.
No escuro, um grito rasga-me inteiro
implodindo das sombras no peito,
um choro meu silenciado
por sua alegria execrável.
Por sua luz atroz.
O Sol não tem medo de invadir as cortinas.
Que prepotência tem uma estrela!
Dando cores ao sombrio do mundo.
Mas, por insolente que sou
noites inteiras vivo
sem seu duro brilho.
Ouça-me, tirano!
Não venha mais amanhã.
Deixe a escuridão da minha dor
espalhar toda em vento frio.
Deixe as minhas plantas murchas
Deixe em paz as minhas cores mortas!
Deixe que a dor anoiteça
para que eu possa ver
seu brilho a olho nu.