Bêbado no trem m7 de Paris
Cabelos rarefeitos pela testa
espichando para todos os lados.
Uma garrafa de vinho cheia na mão,
latas amassadas aos pés.
Os olhos perdidos, cansados
fechando para a realidade
que pesa sobre as pálpebras.
Fala sozinho e todos se afastam.
Fala sozinho e sem muito entusiasmo,
como cansado ele mesmo de ouvir as carências da vida.
Conversa com seu amigo reflexo no vidro.
Janela fechada para o lado de fora.
Única companhia triste a ouvir seus lamentos
ele enxerga os outros! Só não lhes dirige palavra.
Sabe dos ouvidos de pedra.
Cospe grosseiramenteno chão,
toma um gole profundo e se cala.
O gole era desespero.