Frankenstein
Eu construí um monstro!
Quando precisei olhar nos olhos dos outros,
criei um par de lentes com poderes invisíveis.
Criei lábios que beijaram algumas bocas
para ser doce, forte, decidido,
quando meu queixo tremia de medo.
Criei mãos que embora não fossem vigorosas
fariam carinho, quando em mim faltava.
Criei meu sexo vazio por dentro
e embora não sinta já tanta coisa
que pelo menos preencha o outro lado.
De toda esta figura estou feito um retrato
guardado num canto da sala.
Enquanto perambula por este mundo
a sombra da vida que havia inventado.
Apenas um monstro num belo retrato.