Contrair tempo, de humanidade

Romy
2 min readMar 25, 2020

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É tempo de se ter humanidade.

Leia ouvindo: Here Comes The Sun — The Beatles

O Sol lá fora vem, entra em minha janela e aquece o lavar das mãos.

É esse Sol de outono, que estaria lá fora. Respirando o ar puro ao observar as folhas, em tons diversos de cobre, caírem ao chão.

De longe, ouço uma mãe e sua criança brincando. Imagino-os perto do parquinho da praça. Escuto risos contaminantes ecoando entre prédios no meio da cidade cinza. É acolhedor, ouvir e sentir que o mundo ainda pode sorrir.

Depois de sentir o corpo aquecer, e talvez o vento gelado balançar meus cabelos e alguns deles brancos, sigo observar o sol adentrar a janela. Fecho os olhos e penso.

"Aqueles fios brancos que não me incomodam mais."

A idade, assim como o clima de outono, traz equilíbrio. Serenidade, paz e traços de introspecção intensa ao entender que o passar do tempo é importante, é natural e traz a nossa beleza de formas diferentes.

Histórias são como os traços e cores daquela folha, assim como o riso contínuo daquela criança.

Tudo tem seu tempo. Ter e criar paz, momentos de contemplação para algo cíclico e simples da vida. Ao mesmo tempo, ter esperança, que dias melhores virão.

Sobre nossos traços e nossos lastros, os cabelos, as rugas e as mãos calejadas trazem lembranças de lutas, memórias ainda não póstumas, e dos momentos que levamos para a memória de uma vida inteira. Escrevo, talvez, para eternizar esse momento, afinal, a arte persiste.

Penso: Ora, talvez, esses sinais existam por esse motivo. Para nós nunca nos esquecermos da nossa essência: seja ela de momentos bons, ou ruins sejam nossas atitudes boas e ruins, as marcas existem para todo dia lembrarmos de nossas escolhas e o caminho que traçamos. Elas podem incomodar, mas o principal é o ponto de vista a ser encarado. É de nossa escolha enxergar e como iremos enfrentar.

E que essas mesmas marcas também nos acolham, para que nos poupemos de insensibilidade, que enxerguemos com olhos leves, tudo aquilo que foi construído e o por quê desse "carimbo" existir.

Dê tempo ao tempo, disseram

Em tempos que o tempo para, é tempo de refletirmos. É tempo de escrevermos.

Tempo, de pensar, estruturar e questionar.

Tempo de mudar, melhorar

Tempo de tentar

Tempo de falhar

Tempo de descobrir novas soluções

e tempo de nos sentirmos sós.

Assim como, valorizar o tempo de nossas escolhas.

E investir tempo, no tempo que a vida possa nos proporcionar alegria.

É tempo também, de revisarmos o que gera essa alegria.

É tempo de entender, esclarecer.

Tempo de chorar, tempo de sofrer.

Tempo de acalmar e tempo de ver que vai passar.

E é tempo de apreciar o tempo.

Ter tempo.

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Romy

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