A volta do hype no jornalismo investigativo

Leonardo Ferreira
Política e Economia
4 min readNov 28, 2018

As checagens de informações estão em alta devido a disseminação de notícias falsas pelas redes sociais

A palavra “hype” significa em alta, exagero ou para enfatizar algo, ou seja, está dando muito ao que falar

Por Leonardo Ferreira

As notícias falsas sempre existiram e foram combatidas com jornalismo. Assim como em 2016, com o filme Spotlight — Segredos Revelados (Oscar de Melhor Filme), o jornalismo investigativo voltou a ficar em alta após a grande utilização do termo fake news.

O fact-checking é uma especialidade do jornalismo que se dedica à verificação de fatos e informações divulgadas para confirmar sua veracidade. O assunto cresceu após as eleições nos Estados Unidos em 2016, mas só ganhou força no Brasil durante os últimos meses, principalmente nas eleições de 2018.

O compartilhamento nas redes sociais de boatos, textos extremistas, sensacionalistas, conspiratórios e de opinião disfarçados de notícias jornalísticas, tem como objetivo influenciar as pessoas ou causar alguma comoção. Quando refere-se aos tipos de desinformações, o jornalismo investigativo entra em ação para desvendar esses mistérios e fatos desconhecidos, especialmente em declarações públicas, casos de corrupção e crimes que podem virar notícia e reportagem.

Todas as matérias investigativas feitas pelo GDI ganham este selo.

Visando isso a RBS conta, desde 2016, com o Grupo de Investigação (GDI) integrado por dez jornalistas que compõem a Rádio Gaúcha, RBS Tv e os jornais Zero Hora (ZH) e Diário Gaúcho (DG).

Assim como o The New York Times, dos Estados Unidos, o diferencial desse grupo é que os repórteres não ficam juntos em um único setor e principalmente são blindados para realizar as investigações. Inclusive o filme Spotlight conta como influência nesta decisão.

“Pois o que era feito, quando tinha uma investigação muito longa puxava esse repórteres para o dia a dia e acabava que não tinha tempo para fazer a investigação. Agora não, agora a prioridade dele é investigação“ afirma a editora, Dione Kuhn.

É Isso Mesmo existe desde de 2014 para checar declarações durante período eleitoral.

O trabalho do GDI nesta eleição, em conjunto com outro projeto que existe desde de 2014, chamado É isso Mesmo, foi inserção da marca na checagem de declaração dos candidatos a governadores. Levando assim mais a expertise e experiência para fazer as checagens.

No primeiro turno, foi feita a checagem com o primeiro debate na Rádio Gaúcha, nas entrevistas que o Zero Hora fez isoladamente com os candidatos e o último debate que foi na RBS TV. No segundo turno foi repetido a dose, só que com dois candidatos. Primeiro debate na Rádio Gaúcha, foi checado as declarações de Eduardo do Leite (PSDB) e do Jose Ivo Sartori (MDB), depois nas entrevista individuais que os dois deram para a Zero Hora e no último debate na TV.

O balanço para as eleições acredita se que “foi um trabalho positivo, de orientação e ajuda para o eleitor/internauta. De analisar o que cada candidato pensa. Acho que ela foi, dentro daquilo que a gente tinha proposto no planejamento, de fazer uma cobertura propositiva, elucidativa e muito de serviço, nisso a gente atingiu o objetivo” assegura a editora, Dione.

Sobre o fenômeno da desinformação, Dione apontou que esse foi o mérito do GDI para combater essa situação, criando um grupo formalmente e blindado para investigar e que tenha um mecanismo próprio para apuração e investigação exclusiva. “Nosso papel é mostrar o que ninguém enxerga, o que está na sombra, mostrar aquilo que está sendo feito, que parece ser legal e não é. É muito legal quando tu mostra uma coisa irregular a tona e mostra que aquilo foi solucionado graças à reportagem” conta a editora.

O GDI é aberto para outros profissionais das redações integradas, atualmente a equipe tem experiência em investigação, cada um dos repórteres com habilidade em diferentes áreas, como infiltração jornalística, crimes, desvios no serviço público, temas das áreas policial, política e bancos de dados. Nas eleições ocorreu de convocar mais jornalistas para checagem.

A repórter que é especialista em finanças públicas do DG foi chamada para a checagem já que nenhum do GDI é especialista. Então ela entrou para a checagem dos mesmos, porque dominava os números. Outra repórter, da editoria de educação, foi chamada pois tinha especialidade para realizar a checagem do que os candidatos estavam falando.

“Pode acontecer, de um repórter de segurança que apresenta uma investigação e ele não é formalmente do GDI, não tem problema, pois todos aqui são livres para investigar. Pode levar o selo GDI e ter o meu controle como coordenadora. Assim como um repórter GDI quer fazer uma matéria para literatura, está aberto, não tem problema“ declara.

Para fazer reportagens investigativas de quem não é do núcleo do GDI, primeiro, tem que ter um viés investigativo, mesmo que não esteja dentro do GDI e a pauta consistente. Pois não é algo agendado, tem fundamento, é discutido e após isso blinda o repórter. Depois que ele termina aquela pauta específica, volta para as tarefas normais.

Foto: Leonardo Ferreira

A editora do GDI não foi fotografada devido seu trabalho envolvendo investigações.

Envie denúncias e sugestões de pauta para o e-mail do Grupo de Investigação: gdi@gruporbs.com.br

Conheça iniciativas de fact-checking:

Aos Fatos

Boatos.org

E-farsas

Grupo de Investigação da RBS (GDI) / “É isso mesmo?”

Fato ou Fake

LUPA

Truco nos Estados

Projeto comprova (Jornalistas de grandes periódicos participam)

Internacional Fact-Checking Network

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