Boulos chama Bolsonaro de fraude em Porto Alegre

Giovana Moraes
Política e Economia
4 min readOct 30, 2018

A reportagem acompanhou o manifesto contra o fascismo e pela democracia que ocorreu no Viaduto do Brooklyn e se estendeu pelas ruas da capital Gaúcha

Candidato declara que sempre teve divergências com o Partido dos Trabalhadores (PT), mas que nesse momento nenhuma delas seria maior que o futuro do país. Foto de: Guilherme Oliveira / divulgação

Com uma das mobilizações mais emblemáticas do 2º turno no Rio Grande do Sul, o evento ocorreu na quinta-feira, 26 de outubro e contou com milhares de pessoas que ocuparam a avenida Sarmento Leite, em Porto Alegre. Um ato que teve como principal objetivo expor a oposição ao, até então, candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), teve a presença de Guilherme Boulos e Fernanda Melchionna do PSOL, e Tarso Genro e Maria do Rosário do PT.

Guilherme Boulos, candidato a presidência da república no 1º turno das eleições disse que a candidatura de Jair Bolsonaro é uma fraude e recebeu aplausos com gritos de “ele não” em seguida. “Mais do que isso, ele representa o retorno a um passado sombrio, de ditadura, de tortura e de prisões políticas”, diz.

Segundo ele, o mais importante no momento é desmascarar Bolsonaro, e declara: “A candidatura dele é uma farsa, uma mentira igual às mentiras que ele propaga pelo whatsapp numa rede criminosa bancada por empresários que querem encher o bolso no governo dele”, e criticou seus 28 anos na política, “o deputado mais improdutivo da história da República, recebia auxílio moradia tendo casa. Quem é ele pra chamar um sem-teto de vagabundo? Vamos desmascarar esse cidadão”, conclui.

Boulos finalizou seu discurso criticando também a falta de comparecimento do presidente nos debates e alegando uma falsa imagem sobre ser forte construída em sua campanha. “É um covarde, isso que ele é, se esconde atrás de intolerância, do discurso de ódio e das mentiras do whatsapp, mas não tem coragem de encarar o debate frente a frente porque não tem nenhuma proposta para o Brasil, não tem nada a dizer para o povo brasileiro a não ser destilar ódio e preconceitos. Não é mito não, é farsa”, finaliza.

Fernanda Melchionna, eleita a Deputada Federal disse que campanha de Bolsonaro foi baseada em Fake News e que em 30 anos nunca estivemos tão próximos da ditadura.

Melchionna foi a mulher mais bem votada do Rio Grande do Sul ao cargo de Deputada Federal e iniciará seu mandato em janeiro de 2018.

Maria do Rosário: “o que nós queremos é que o Brasil não entre numa nova onda de terror e ódio”

Conhecida como defensora dos direitos humanos, Maria do Rosário foi uma das pessoas que mais enfrentou Bolsonaro nesse período de eleições. Ela lembrou das mortes e torturas realizadas durante a ditadura militar e disse que “democracia sem direitos humanos não existe”, e completou destacando que o mais perigoso de tudo é se “esse cara”, segundo ela, se transformar em Estado, “porque a partir do momento que isso acontecer não será apenas a opinião dele. A partir daí o Estado que se tornará violento”.

O ódio ao fascismo estampou as ruas de Porto Alegre nas eleições

Fascismo: termo mais utilizado em conversas políticas durante as eleições para a presidência do Brasil. Ambos os políticos presentes no evento falaram em suas aulas que haverá sim um 3º turno das eleições, e que o mesmo será nas ruas. Seus eleitores levaram a fala ao pé da letra após o término do evento, e o que restou foram manifestações de ódio ao fascismo riscadas pelas ruas de Porto Alegre.

Av Loureiro da Silva no Centro de Porto Alegre teve chão e placas de órgãos públicos estampados de palavras contra o fascismo no final da noite de quinta-feira.

A manifestação estava programada para acontecer na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), porém três dias antes, os deputados federais Jerônimo Goergen (PP) e Marcel Van Hattem (Novo) acionaram o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS) contra o evento. Segundo os parlamentares, pela lei em vigor no Brasil, “a propaganda eleitoral é expressamente vedada em bens públicos”. A decisão foi assinada pelo Juiz Rômulo Pizzolati, mas com autorização para o evento ser realizado em outro local. Após a decisão do TRE, com palavras de “jamais nos calarão” expostas na capa do evento promovido no Facebook por Guilherme Boulos, o local foi alterado para o Viaduto do Brooklyn, onde outros eventos culturais já ocorrem frequentemente.

Tarso Genro iniciou seu discurso falando sobre a proibição do evento em um órgão público. “Se a decisão judicial disse que uma aula sobre fascismo era uma campanha eleitoral, é porque está identificando que entre os candidatos há um fascista”, conclui.

Uma das questões levantadas por quem comparecia no evento era de que forma estariam protegidos para a realização da “aula” — conforme denominaram os discursos que seriam feitos pelos políticos. Muitos manifestaram medo de alguma violência acontecer por parte dos eleitores de Bolsonaro. Angélica Melo, 23 anos, antes do evento começar disse que a segurança quem faria eram eles mesmos. “Nós iremos nos proteger e protestar de qualquer maneira. Se algum incomodado dele vier com violência, nós iremos com a resistência”, diz.

A brigada militar do Rio Grande do Sul disponibilizou uma viatura desde o início do evento na rua Av Loureiro da Silva. Já na Sarmento Leite, em frente ao Campus de Arquitetura da UFRGS, a multidão era tanta que causou caos no trânsito. Muitas buzinas e engarrafamento ocorreram durante evento. Mas somente no final da mesma chegou uma viatura da EPTC para resolver o único transtorno da noite.

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