DEMORA PREJUDICA VOTAÇÃO EM ZONA ELEITORAL

Giovana Moraes
Política e Economia
4 min readOct 16, 2018

Reportagem acompanhou o dia de eleição no Colégio Santa Rosa, onde os eleitores se depararam com transtornos para votar

Havia no colégio 17 sessões, com entorno de 380 votando em cada uma delas.

No colégio Santa Rosa, as reclamações entre os eleitores foram frequentes o dia todo. Mesários do colégio informaram que as digitais estavam sendo testadas e reconhecidas na hora sem o cidadão ter feito o cadastramento biométrico anteriormente. Isso aconteceu devido a um cruzamento dos sistemas dos estados com quem fez, nos últimos anos, a 2º via de algum documento com foto. Esse reconhecimento gerou superlotação nas filas de votação. Eronda Rosa, 58 anos, ficou trinta minutos na espera de sua vez para votar. “Tem só seis pessoas na minha frente e mesmo assim essa demora, ano passado eu cheguei e em cinco minutos já tinha votado. Eu não sei o que está acontecendo”, diz.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o cadastramento biométrico, até então, era obrigatório em cerca de 2.800 cidades para as eleições deste ano. O eleitor que não atualizasse os dados teria o título cancelado. Cada Tribunal Eleitoral Estadual estabeleceu datas para que o cidadão comparecesse ao cartório local para inclusão das impressões digitais. Sem o título de eleitor, o cidadão ficaria impedido de votar. Impedido não ficou, mas a lentidão na biometria gerou problemas também para quem estava trabalhando.

Patrícia Xavier, 35 anos, mesária pela 2º vez no colégio Santa Rosa disse que houve casos em que as pessoas alegaram não ter feito 2º via de documento algum e mesmo assim tiveram a biometria reconhecida. “A gente descobriu que só apareceu a digital por causa desse cruzamento de sistemas. Mas na minha sessão teve pessoas jurando que não foram no TRE fazer nada e mesmo assim conseguiu votar, isso nós não sabemos o que foi. A gente tem que questionar com o juiz eleitoral, o dia todo foi confuso isso”, finaliza a mesária.

Legalidade: a importância das eleições nas comunidades

Roda de conversa sobre política pública realizada no Ciee Santander Cultural.

A reportagem, ao chegar no comitê eleitoral da candidata a deputada federal pelo PSOL Fátima Cardoso, por volta das 17:30, se deparou com a mesma caminhando ansiosa e aflita pela comunidade de seu bairro, Rubem Berta, da Zona Norte de Porto Alegre. Ela e seus eleitores recolhiam os santinhos distribuídos em sua campanha e deixados em frente ao principal colégio do bairro, o Santa Rosa, onde estavam acontecendo as votações. “Nós distribuímos longe daqui, mas eles descartam bem em frente ao local. Não fomos nós que deixamos, então eu recolho mesmo. Nós sabemos que é proibido”, diz.

Só com o fechamento dos portões do colégio que a candidata parou para digerir o que havia visto o dia todo. Fátima chegou ao comitê dizendo para seus apoiadores: “se não tomarmos uma providência, se não fizermos algo agora, daqui a pouco nós estaremos vivendo no meio do lixo”. Ao ser questionada sobre o que se tratava, colocou as mãos na cabeça em sinal de reprovação e disse que o bairro está cada vez mais próximo do caos. Assaltos, lixos sendo jogados nas ruas, pichações e filas intermináveis nos postos de saúde, foram alguns dos pontos citados por ela.

A candidata frisou a importância de ter alguém “da vila” lutando pela sociedade na assembleia. Alguém que consiga, todos os dias, olhar pra quem realmente precisa e suprir suas necessidades básicas: educação, postos de saúde e segurança de qualidade. “De quem se elege ninguém olha por nós, tu está indo trabalhar às 7h da manhã e de repente tem uma arma apontada pra ti e alguém tirando teus pertences. O pobre mesmo nem carro tem, e quando com suor consegue sair na maioria das vezes não consegue voltar, porque a partir das 22h uber não entra mais aqui, tu nem consegue chamar, as pessoas tem medo de entrar aqui e com razão”, desabafa Fernanda Silveira, 25 anos, moradora da rua Bernardino Silveira Paim.

Em mais um ano de eleições, é através do voto que elegemos quem vai conduzir o Poder Executivo nos Estados e no nosso País, quem serão nossos representantes na Assembleia Legislativa, na Câmera Federal e no Senado. O cidadão tem participação ativa e direta na formação de um governo que traga boas ações para sua comunidade, por isso é fundamental saber os planos de governo de cada candidato e entender o processo eleitoral que envolve a política pública.

Fátima Cardoso, ex-presidente do Conselho de Porto Alegre explica essa importância:

Processo Eleitoral: a diferença de cálculos para deputados federais e estaduais

Você Sabia?! As votações para presidente, governador e senador são diferentes das votações para ambos deputados. As eleições para presidente, governador e senador se resumem no maior número de votos, ou seja, os mais votados ficam com a vaga. Já nas disputas para deputados estaduais e federais, os votos dos eleitores não vão apenas para os candidatos, mas para seus partidos e coligações.

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