Renovação histórica e cheia de promessas
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul recebe 28 novos nomes para o mandato que inicia em 2019, o que representa a maior renovação de deputados estaduais da historia do Estado. Acompanhe nessa reportagem o que pensam três dos novos parlamentares eleitos para a próxima legislatura.
Por Guilherme Telmo, Leonardo Moura e Victória Marisquerena
“Foi a maior renovação da história da Assembleia Legislativa, acho que é o prenúncio de 4 anos bem agitados, com diversas possibilidades em relação a muitas ideias e práticas aqui implementadas’’. O relato de Fábio Ostermann evidencia a mudança no quadro da política gaúcha a partir de 1º de fevereiro de 2019. Deputado estadual eleito com 48.897 votos, pelo Partido Novo, Ostermann é um dos 28 novos deputados que ocuparão a casa pela primeira vez a partir do ano que vem.
Este número representa mais de 50% do parlamento gaúcho, que conta hoje com 55 deputados. No total, serão 17 partidos, dois a mais do que na última legislatura, o Novo, de Ostermann, e o PSL.
Entre as siglas que emplacaram nomes na Casa, destacam-se os já conhecidos PT e o MDB, com oito parlamentares cada, e o PP, com seis deputados eleitos. No entanto, o grande destaque foi o surgimento de representantes do PSL, que beneficiado pela forte onda de popularidade do presidente eleito, Jair Bolsonaro, conseguiu eleger quatro parlamentares, incluindo o mais votado do pleito, o Tenente Coronel Zucco, com 166.747 votos.
Para o médico e defensor da luta pelo acesso ao sistema de saúde pública Thiago Duarte (DEM), eleito deputado estadual nesta eleição, a renovação na Assembleia é positiva e importante para manter vivo o parlamento e estabelecer uma conexão maior com a população.
“A mudança oxigena através do voto os parlamentos e as ideias no país. Acho que essa é a forma mais legítima para o Brasil avançar e tornar cada vez mais as suas instituições sólidas”, afirma o deputado, que atualmente exerce mandato como vereador em Porto Alegre.
Já Giuseppe Riesgo, deputado mais jovem do Rio Grande do Sul, eleito pelo Partido Novo, de apenas 22 anos, credita a mudança ao despertar dos jovens para a política.
“Acredito que as juventudes compreenderam e constataram que a política brasileira, de forma geral, está velha. A prova disso é a quantidade de jovens eleitos Brasil a fora. A renovação é possível, mas só irá acontecer com participação ativa dessa parcela da sociedade”, diz Giuseppe.
Expectativas para o mandato
Independente da filiação partidária, lutar pela melhoria e qualificação do serviço publico e vigiar os demais setores do governo estadual estão entre as principais propostas estabelecidas pela maioria dos novos deputados eleitos.
Thiago Duarte afirma estar disposto a trabalhar para ajudar na gestão do governo estadual, e vigiar para que não haja aumento de impostos, promessa de campanha do governador eleito no Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. (PSDB).
‘’A sociedade não aguenta mais aumento de impostos. É para assegurar isso que eu represento uma parcela da população de quase 30 mil gaúchos, que entendem que o governo estadual não pode aumentar mais impostos’’, afirma o deputado.
Ciente das dificuldades financeiras enfrentadas pelo atual governo, o deputado Fábio Ostermann sabe qual será a prioridade a partir da próxima legislatura, e afirma que a Assembleia vai estar pautada pela atual situação fiscal do Estado.
“Acho que a Assembleia vai estar necessariamente pautada pela gravíssima atual situação fiscal do estado, então isso vai ser a ordem do dia, necessariamente, toda as medidas que a gente tomar não podem ser desvinculadas a isso”, afirma Ostermann.
Vivendo um momento dividido por posições e opiniões políticas, alguns deputados eleitos buscam uma forma isenta de atuar no próximo mandato. Segundo Giuseppe Riesgo, os deputados do Partido Novo já tomaram uma posição para os próximos quatro anos, de acordo com os fundamentos da sigla.
“Estabelecemos uma posição bem clara: não seremos base, e nem seremos oposição. Veremos como os projetos se apresentarão, e votaremos de acordo com cada um deles, individualmente. Seremos uma bancada de atuação independente, respeitando sempre o estatuto do partido”, comenta Riesgo.
O desafio de Riesgo e dos demais deputados eleitos não será pequeno. As pautas que estarão na Assembléia Legislativa nos próximos anos são de extrema importância, principalmente para a saúde financeira do estado. Privatizações, renegociação da divida do RS com a União e aumento e revisões de impostos deverão ser alguns dos temas de mais relevância para serem debatidos na casa. Que a renovação não fique só na promessa.
