Letticia Rey
Política, Feminismos e Cidade
2 min readSep 5, 2018

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Converse com a diferença

É urgente que a gente pare de ter medo e preconceito de conversar com quem pensa diferente de nós! Tenho feito um esforço gigantesco e diário de ocupar espaços que tenham pessoas que não acreditam nas mesmas coisas que eu, de conversar e ouvir verdadeiramente o que outras pessoas dizem sobre qualquer assunto. É super difícil fazer isso, é transformação diária, mas é necessário.

Sobre políticas, tabus e polarizações, sinto que tenho enorme responsabilidade por perpetuar pensamentos conservadores e não questionadores do status quo quando, ao invés de ser uma porta aberta a uma ideia diferente da minha, que pode entrar na minha sala, tomar um café e sair dali transformada e querendo voltar, através da empatia e/ou simples coragem de ouvir um discurso até o fim e me dispor a ele, eu acabo sendo um muro, que faz o outro virar as costas e se juntar com quem lhes possa ouvir, perdendo a oportunidade de influenciar pensamentos quando eles abrem brechas e as vezes ajudando a não apagar o fogo quando podia.

Se como classe que se diz sábia de quais são as escolhas certas para o mundo, que nos foi ensinada pela história — que tanto lutamos para defender e fazer lembrar — , não dermos espaço verdadeiro de escuta aos que pensam diferente de nós, seremos assim co-responsáveis por perpetuar e reafirmar os apartheids contra os quais nos rebelamos.

Se tem uma coisa que aprendi na pele, principalmente nesses dois últimos anos de vida, na minha vida pessoal e política, é que a gente só é capaz de transformar um discurso quando a gente tem coragem de ouvir outro discurso, e aprender a dialogar com as palavras do outro e não impondo as nossas. É difícil, é exaustivo e talvez por isso a gente não se dê muito ao trabalho de fazê-lo, afinal a gente mais se acostumou a se entregar aos afastamentos do que lutar pelas aproximações, mas é urgente que a gente não se esqueça de fazê-lo, ou melhor, não deixe de lembrar por nenhum instante.

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