Falta decoro, sobra desrespeito.

Quarta feira fui à Câmara Municipal de SP junto a muitos conselheiros e conselheiras de diversos conselhos de SP (conselhos participativos municipais, conselho de transporte, conselho de habitação, conselho de saúde, conselho de politicas para mulheres, entre outros).

Fomos à Câmara em massa para pressionar nossos vereadores da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) a colocarem em pauta para aprovação em plenária a votação do PL 393 — de participação social, que garante e fortalece a participação da sociedade civil na formação e discussão das politicas públicas em nossa cidade.

A CCJ é composta por 9 vereadores, dos quais estavam presentes: Alfredinho (PT — presidente da comissão), Arselino Tatto (PT), Conte Lopes (PP) Ari Friedenbach (PPS) Natalini (PV) Mario Covas Neto (PSDB), Sandra Tadeu (DEM) e Eduardo Tuma (PSDB). Além da presente, mas não parte da comissão Juliana Cardozo (PT).

Em resumo da ópera, nenhuma aprovação do dia aconteceu, nem o PL 393, nem o PL 300, sobre a criação de uma universidade federal , que já teve até verba liberada pelo Governo Federal, segundo a vereadora Sandra Tadeu.

Por que não aconteceram? Porque os vereadores do PT Alfredinho, Tatto e Juliana Cardozo ao invés de comporem acordos em prol da votação pelo povo que precisavam apenas de 5 votos, resolveram perder o tempo deles e o nosso, com discursos para serem ovacionados pelo povo, gozando em silêncio de uma “humilhação” contra a oposição, ao invés de batalhar para votar o PL logo — corroborando com a manobra em curso, ou quem sabe construindo a mesma.

Não aconteceu porque o vereador Natalini resolveu impor poder e ameças ao povo presente, dizendo que se o povo continuasse a reclamar (reclamar das manobras evidentes de leitura de relatoria de várias páginas, fazendo todos os presentes de imbecis) eles não iam votar nada. Pediu respeito ao povo que ele mesmo desrespeitou ao se incomodar com a “invasão de seu espaço”.

Não aconteceu porque o vereador Mario Covas Neto a certo ponto quebrou todo decoro parlamentar e apontou o dedo para o povo com uma risadinha, relembrando o público presente que eles [PSDB] ganharam as eleições em primeiro turno, e que não é para nós que ele trabalha — como se o cidadão que luta por participação fosse necessariamente ligado a um partido político de oposição.

A certa altura Sandra Tadeu (ao meu ver a única vereadora que tomou alguma atitude decente naquele momento), entendendo aquela situação ridícula, pegou o microfone e pediu aos demais vereadores que seguissem para aprovação do PL 300 da universidade, que se parasse a leitura da relatoria, já que estava óbvio e claro que ninguém estava prestando atenção.

No entanto antes que ela pudesse se sentar, a sessão é surpreendida pela entrada atrasada e ao meu ver, vergonhosa, psicopata e patética do vereador Eduardo Tuma, que pegou o microfone se apresentando como vice presidente da comissão e mandando a continuação da relatoria. Atitude que de tão desrespeitosa inclusive com os vereadores presentes, levou a vereadora Sandra Tadeu a deixar a sessão.

E como se não bastasse, riu na cara de uma munícipe quando ela falou em voz alta que aquilo tudo era uma vergonha, fazendo um gesto desrespeitoso à mesma dizendo “se você não está satisfeita, pode ir embora”.

Não aconteceu porque o povo está tão indignado e revoltado com seus representantes (e não é pra menos!) , que não conseguimos conter o sangue, que não é de barata, e ficar em silêncio diante da cara de pau e desrespeito de nossos representantes eleitos. E assim acabou o povo entrando no jogo dos políticos, o que eles adoram que aconteça.

O que eu aprendi com isso? Apenas confirmei o que já venho acreditando, ou a gente ocupa esses espaços e começa a desmascarar publicamente um por um, ou a gente ocupa outros espaços e começa a criar um governo paralelo. O fato é, quanto mais a gente negar a política, mais nossos direitos nos serão negados diariamente. DIARIAMENTE como já vem sendo feito até agora.

E só para complementar, temos essa matéria da folha bastante elucidativa, (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/10/1824480-camara-municipal-de-sao-paulo-tera-nove-eleitos-com-doacao-de-doria.shtml) onde constam incentivo da prefeitura eleita nesta última eleição 2016, a participação junto ao governo EXATAMENTE dos nomes dos 3 vereadores que foram reeleitos, entre os 7 presentes na ccj, que declararam aberta e publicamente na minha frente e na de mais 100 pessoas o quanto eles não estão nem um pouco interessados em construir alguma política que vá além dos interesses deles próprios.

E você ai, preocupado/a no seu voto para quem assumira a prefeitura e nem ai para quem votou à vereador….. São 56 dessas figuras…. 56 dizendo em nosso nome, mas grande parte deles votando contra nós.