As fake news no ambiente universitário

Cadu Silva
Política na Universidade
5 min readJun 22, 2018

Depois das eleições presidenciais norte-americanas de 2016, um termo ganhou popularidade imensa. As fake news, que já não eram uma novidade, ganharam força e o termo chegou a ser considerado a Palavra do Ano em 2017. Pessoas e organizações que geralmente buscam de vantagens políticas financeiras lançam campanhas para desinformar o público.

Para averiguar como pessoas que convivem em ambiente universitário compreendem e lidam com as fake news, foi montada uma pesquisa. Realizada por um grupo de estudantes da quinta série de Jornalismo da Universidade Potiguar, seus membros percorreram os corredores em busca de respostas. Ao mesmo tempo, um link para o formulário online do Google Forms foi enviado para alunos e professores de diversas Escolas através de mensageiros.

Perfil dos Estudantes

Segundo nossa pesquisa, a maioria dos alunos entrevistados afirmam saber o que são fake news. O resultado representou 86% dos votos. Ao mesmo tempo, 45% deles acreditam já terem sido influenciados por notícias falsas. As empresas pertencentes a Mark Zuckerberg dominaram o topo da lista de fontes de informação não verdadeira, com o WhatsApp em primeiro seguido por Facebook e Instagram.

Quatro de cada dez entrevistados acreditam que as pessoas falham em perceber que a notícia é falsa, o que incentiva a disseminação delas. Inclusive, a falta de discernimento da população foi a alternativa campeã na pergunta sobre o que leva à produção de fake news, segundo os estudantes. Quanto a eles mesmos, espalhar notícias falsas não tem vez, segundo 88% dos votos. Quando desconfiam que a notícia sobre política não é verdadeira, 62% dos entrevistados não encaminha e vai em busca de fontes mais confiáveis.

Os grandes portais de notícias aparecem como principal destino daqueles querem se informar sobre política, com 64% dos votos. Em segundo lugar, os telejornais aparecem como alternativa de 56% dos entrevistados nesta questão com múltiplas respostas possíveis. Mas será que eles confiam na imprensa? Para 29%, a resposta é mais ou menos, ao marcarem 5 numa escala que vai de 0 a 10. Somente 2% afirmaram não confiar totalmente ou confiar cegamente marcando zero ou dez.

A maioria dos alunos acredita que ou a imprensa é parcial e omissa (39%) ou somente deixa a desejar (58%) quando o assunto é deixar o cidadão bem informado sobre política. Sobre a influência das notícias falsas nas próximas eleições, a maioria dos votos (21%) ficou entre 7 e 8 numa escala que vai de zero a dez. Somente duas em cada 10 pessoas acredita que não há chance de elas interferirem, enquanto 19% acredita que com certeza haverá interferência.

O Ministro Luiz Fux chegou a afirmar recentemente, em 24 de abril, que as fake news podem sim anular o resultado das eleições caso o vencedor do pleito tenha alcançado a vitória baseado na desinformação. Perguntados se o discernimento político deveria ser uma pauta de estudo na universidade, a maioria concordou de acordo com 78% dos votos. A maioria dos estudantes entrevistados afirmou não ter direcionamento político, representando 49% da votação. Na metade restante, 17% afirmou ser de esquerda e 13% não soube definir seu posicionamento.

Perfil dos Professores

Entre os docentes, nenhum deles afirmou desconhecer o que são as fake news. Apesar desse resultado, um terço dos votos mostrou que já foram influenciados por notícias falsas, enquanto os outros dois terços ficaram divididos entre quem não se deixou levar e quem talvez tenha sido induzido.

Nenhum dos professores afirmou encaminhar notícias sem confirmar a informação, a depender do resultado da votação. Mais uma vez o Facebook (46%) e o WhatsApp (69%) aparecem como as principais fontes daquilo que não é verdadeiro, mas desta vez o Instagram perdeu a terceira posição para os sites e blogs (30%). Eles acreditam que as pessoas compartilham a desinformação por conta do título sensacionalista (46%).

A outra metade ficou dividida entre não saber que se trata de informação falsa (23%) ou por reafirmar posições políticas de quem compartilha (30%). Assim como seus alunos, a falta de discernimento da população aparece com a maioria dos votos (46%). Os professores se informam sobre política principalmente através de jornais impressos, na contramão dos estudantes que preferem portais de notícias, que aparece em segundo aqui.

Relacionado a isso, eles afirmam que sempre pesquisam em outras fontes mais confiáveis quando desconfiam daquela onde uma notícia falsa sobre política (69%). A confiança na imprensa aqui é bem maior do que as pessoas para quem eles lecionam. Numa escala de zero a dez, 30% marcaram cinco, indicando que confiam mais ou menos. As demais respostas caíram em números acima desse, dando a entender que enquanto não confiam totalmente (ninguém marcou 10), confiam bastante.

Concordando com isso, mesmo com toda a confiança, nenhum docente acha que a imprensa é imparcial e clara. A votação aqui ficou bem dividida entre uma imprensa deixa a desejar (46%) e parcial e omissa (53%). Isso ajuda a explicar porque, apesar de confiar na imprensa, a levam com um grão de sal. Sobre a influência das notícias falsas no próximo pleito, somente 7% dos votos ficaram abaixo de 5 numa escala de 0 a 10.

A maioria (43%) marcou um 8, enquanto outros 38% marcaram 9. Sobre discutir e estudar o discernimento político na universidade, mais uma vez a maioria marcou sim com 76% dos votos. Por fim, enquanto a maioria dos estudantes se identifica como sem direcionamento político, com relação aos professores esta opção representou apenas 15% dos votos. A maioria afirmou ser de esquerda 38%, 23% de centro e 15% liberal. Outros 7% disseram ser de direita.

Perfil dos colaboradores

Nem todos os colaboradores entrevistados (33,3%) sabem a que se aplica o termo fake news, contudo um pouco mais da metade (58,3%) acredita já ter sido induzido por notícias falsas. Apesar de ter sido constatado que os maiores meios em que se recebem notícias falsas são o facebook e whatsapp, 83,3% dos colaboradores não costuma compartilhar a informação sem comprovar sua veracidade.

Ao serem perguntados como eles se informam sobre política, os três principais meios citados foram: Telejornais, portais de notícias e sites e blogs. O que já atenta para o apurado no questionamento sobre a influência das fake news no resultado das eleições, onde a grande maioria citou que de fato interferem na decisão dos eleitores.

Metade dos colaboradores acredita na imprensa brasileira, apesar de também acharem que ela deixa a desejar. Eles sinalizaram que conseguem identificar notícias falsas a partir de pesquisas em fontes confiáveis. 58,3% afirma não ter um direcionamento político.

Uma produção do grupo composto por: Andrieli Torres, Cadu Silva, Kelly Vieira, Layza Vale, Lia Pinheiro, Thaís Godeiro e Sandra Rocha

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