Política e universidade: uma relação próxima

Cadu Silva
Política na Universidade
4 min readJun 22, 2018

A palavra política originou-se na Grécia, no tempo em que os gregos estavam organizados em Cidades-Estados chamadas “Pólis”. O termo servia para designar todos os procedimentos envolvendo a própria Cidade-Estado, a sociedade, comunidade, a coletividade e outras definições referentes e abrangentes à vida urbana.

Na modernidade o termo política foi inserido às línguas europeias através do francês “politique”, em 1265 já era utilizado como definição da ciência dos Estados. Nessa mesma época, o termo foi tendo uma redefinição de seu significado original, pouco a pouco foi sendo substituído por outras expressões como doutrina do Estado, ciência política filosofia política. Mas sem perder o sentido inicial de indicar a atividade ou conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como termos de referência o Estado.

A palavra universidade tem sua origem no latim, derivando de “universitas”, seu significado está relacionado a conjunto, universalidade e comunidade. Uma das principais funções da universidade é compartilhar os conhecimentos necessários para o desenvolvimento de um novo profissional, para o abastecimento do mercado de trabalho. Entretanto o cidadão deve ser formado de maneira eficiente para que saiba lidar com assuntos que vão além das suas atividades especificas aprendidas no ambiente acadêmico, mantendo assim esse conhecimento em bom uso.

A universidade como um meio de formação não só acadêmica como social do indivíduo, carrega um papel importantíssimo dentro da sociedade, e o tema política, assim como os outros faz parte da construção de ideias, de projetos desenvolvidos pelos universitários.

Marcelo Goulart, professor na Universidade Potiguar

Para o professor universitário Marcelo Goulart de Araújo as discussões sobre política devem fazer parte de todos os ambientes que compõem o meio social, isso incluindo também o ambiente universitário.

“Considero a política algo útil, necessário e esclarecedor no meio social. Ignorar algo tão vital ao desenvolvimento do cidadão não me parece ser ideal. Porém, a politicagem não cabe nesse conceito. Essa mistura entre política e politicagem acaba distorcendo o real sentido da palavra e gerando uma certa aversão ao tema política. Acarretando em prejuízo de conhecimento a população. Considerando a universidade um ambiente de desenvolvimento profissional com caráter social, é importante as instituições se preocuparem com a politização dos seus alunos. Uma sociedade mais esclarecida, gera cidadão mais preparados para o mercado e abrangendo maiores relações sociais.”

Estamos vivendo o que seria o ápice das fake news. 2018 será ano de eleição no Brasil. Em muitos outros países as notícias falsas contribuíram bastante com o resultado das últimas eleições. O Superior Tribunal Eleitoral tem adotado medidas preventivas com intuito de diminuir os impactos que tais publicações possam vir a causar nas eleições do Brasil. Mais da metade das pessoas que utilizam redes sociais no país são jovens e jovens adultos. Para o professor Marcelo as fake news são compartilhadas devido a falta de obtenção de informações e a rapidez da vida moderna.

“as pessoas no meio social são facilmente levadas a compartilhar conteúdo de notícias falsas ou de fontes duvidosas, pois de acordo com o sociólogo Bauman, vivemos a geração da vida líquida, ou seja, as pessoas têm cada vez mais pressa, menos paciência e não se preocupam em checar as informações que recebem. Os alunos seguem essa tendência social, pois as instituições de ensino (desde a base), seja pública ou privada, não forma seus alunos a ter uma visão mais crítica, um olhar mais aguçado sobre o meio social. Portanto, a maior parte da população é alvo fácil de notícias falsas, por pura ignorância dos fatos reais, e pela inércia em ir buscar fontes seguras de que a notícia a ser compartilhada seja real ou fictícia. Eu como docente busco mostrar os caminhos dos quais os alunos podem estar melhor informados, sejam por veículos de comunicação, fontes mais seguras ou incentivando o comportamento no meio social do aluno em agir de forma coerente com os fatos, inclusive não reproduzir informações das quais não tenha certeza ou convicção.”

Segundo dados do TSE mais de 27% dos eleitores aptos a votar no próximo pleito, corresponde a jovens. Com o desgaste no cenário político atual no Brasil, muitos jovens se sentem desestimulados a participar das próximas eleições e também debater sobre temas políticos, fora e dentro do ambiente universitário, como constata o professor Marcelo:

“Observando em sala de aula, muitos alunos se mostram apáticos ou alienados diante de tanta corrupção no meio político. Alguns aparentam não compreender como funciona o jogo sujo em que grupos políticos tentam manchar outros para dominarem o poder, sem oferecer ao povo condições básicas ou dignas de sobrevivência. A população mais pobre sempre acaba sofrendo com esses desmandos políticos e não vejo meus alunos engajados na luta, como acontece em outras cidades, estados ou países que possuem uma população mais politizada. É justamente nesse ponto em que apoio o debate e a conscientização política dos alunos (sem partidarismo), para que eles possam ter voz e usar seus conhecimentos para esclarecer a população e nutrir no povo a esperança e desejo de lutar pelos próprios direitos, sem precisar de partidos ou políticos que manipulem as pessoas. A pressão popular é algo útil, considerando as melhorias que geram em todos os segmentos da sociedade, como aconteceu recentemente com a greve dos caminhoneiros. A população entendeu o abuso que o governo estava praticando e apoiou a greve, lutando por melhores condições no país. Em geral, acredito que os alunos devam buscar mais informações e usar seu potencial para fazer a diferença nessas eleições e não permitir mais abusos do poder público contra a população em geral, sobretudo o povo mais carente que mais necessita de um olhar humanizado do poder público do país.”

Pauta: Kelly Vieira
Fotografia: Sandra Rocha
Reportagem: Thaís Godeiro
Edição: Cadu Silva

Outros membros do mesmo grupo: Andrieli Torres, Layza Vale e Lia Pinheiro

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