Como a universidade mata a sua inspiração sem que você perceba
Jovens que entram na universidade cheios de sonhos e expectativas logo perdem a inspiração. Entenda por que a universidade virou um espaço que os alunos só frequentam para terem as suas cabeças preenchidas com novas informações.
- Alterações nas ementas de matérias em universidades públicas demoram em média dois anos para entrar em vigor.
- O universitário considera que os professores possuem bons conhecimentos técnicos e científicos, mas não possuem didática nem métodos de avaliação eficazes.
- Os professores possuem pouca capacidade de mostrar conexões entre diferentes áreas do conhecimento. Falta interdisciplinaridade nas universidades.
Como resultado, os alunos perdem a motivação e passam a pensar somente na cifra que vão receber ao ostentar o diploma de engenheiro, médico ou biólogo. Por isso que as nossas universidades estão cheias de alunos ingratos que só pensam em ganhar dinheiro. Sim! Ingratos pois recebem educação gratuita e de qualidade e não são capazes de retribuir. A educação brasileira, do jeito que é, nos faz pensar que o ÚNICO objetivo de estudar é ganhar dinheiro, quando o verdadeiro objetivo de estudar deveria ser ajudar ao próximo. Falo próximo no sentido literal: a geração dos nossos filhos e netos.
Como os milhares de universitários que se formam todos os anos no Brasil estão construindo o conhecimento ou melhorando a qualidade de vida das próximas gerações?
Eu particularmente admiro muito o senso de gratidão que os americanos têm. Quando um ex-aluno de uma universidade americana ganha dinheiro, ele se sente grato à instituição que o ensinou e auxiliou, e então “devolve” parte do que recebeu para que a universidade invista na capacitação de outros alunos. Veja o exemplo do médico Alexander Fleming, que descobriu a Penicilina: ele optou por não patentear o antibiótico para que mais pessoas tivessem acesso a esse tratamento. Isso é gratidão!
Não estou falando que o dinheiro é ruim, mas sim que ele não deve ser o nosso principal objetivo de vida. Jovens que não se sentem motivados e inspirados, começam a pensar que o objetivo de estudar é comprar. Infelizmente as universidades brasileiras matam toda a inspiração dos universitários.
Se você ainda não viu, assista agora esse vídeo do poeta americano Suli Breaks:
Pare de Reclamar e Faça Algo
Acontece que eu cansei de reclamar das universidades e da educação. Resolvi fazer algo para resolver esses problemas.
Eu acredito que é possível inspirar os universitários e resgatar as suas verdadeiras motivações. Eu não acredito em protestos e rebeliões, mas acredito que as nossas universidades deveriam ser o berço de jovens que efetivamente “fazem” algo pelo país. Eu acredito que a universidade não é o fim, mas sim o começo.
Eu recebi uma bolsa do Ciência sem Fronteiras e estudei na University of Pennsylvania, essa experiência de intercâmbio foi essencial para que eu percebesse o que precisa mudar nos alunos e nas universidades brasileiras. Quando voltei ao Brasil me juntei com três amigos e criamos a Polyteck. Nós começamos o nosso trabalho com uma revista impressa de tecnologia e ciência que é distribuída gratuitamente dentro das universidades. Nosso objetivo é entregar a revista para os milhares de universitários que já perderam a real motivação de estudar. Jovens que não tem mais iniciativa para ler algum conteúdo aprofundado, pois acreditam que o objetivo de estudar é ganhar dinheiro.
Com a Polyteck, nós mostramos para esses jovens quantas descobertas, pesquisas e tecnologias surgem a todo momento no mundo, feitas por pessoas que entenderam que mudar o mundo é o real objetivo e que o dinheiro é simplesmente consequência. Tentamos preencher as lacunas da educação superior brasileira. Colocamos os universitários em contato com informações sobre tecnologia e ciência de ponta e mostramos tudo o que pode ser feito pelo mundo.
O resultado tem sido inspirador: já publicamos 15 edições da revista Polyteck e distribuímos em mais de 80 universidades em todo o país. Totalmente de graça.
Que tal fazer alguma coisa pelo seu país também?
Por André Sionek