Estudantes criam barco autônomo que tenta cruzar o Atlântico

Embarcação projetada por estudantes pode entrar para a história da navegação.

Polyteck
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3 min readOct 24, 2013

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A Scout é um barco de quatro metros de comprimento projetado para atravessar o Oceano Atlântico. Isso não seria grande coisa, caso a embarcação não o fizesse de forma completamente autônoma, utilizando apenas comandos pré-programados e informações sobre o ambiente que o seu sistema coleta através de sensores acoplados. Projetada em 2010 por estudantes de Engenharia Civil, Mecânica, Eletrônica e Ciência da Computação, a embarcação foi lançada no dia 24 de agosto deste ano em Rhode Island, nos EUA, e espera-se que chegue à Espanha em apenas alguns meses. Até agora, ela já percorreu aproximadamente 2.000 dos 5.900 km entre o ponto de partida e o de chegada.

Diferentemente de seus predecessores, a Scout é completamente autônoma. Seu sistema manda updates três vezes por hora, utilizando um transmissor Iridium. Assim, é possível monitorar a posição, velocidade, nível da bateria e algumas outras condições do barco, mas novas instruções não podem ser enviadas para ele.

Tecnologia

O casco da Scout foi construído com materiais de ponta (espuma Divinycell envolta por fibra de carbono), porém o restante do barco é relativamente simples. A bateria lítio-ferro-fosfato que alimenta o motor acoplado ao fundo do casco é carregada através de painéis solares localizados no topo da embarcação. Quando as condições climáticas são boas, a bateria carrega o suficiente durante o dia para manter o motor em funcionamento à noite. Caso as condições não sejam as melhores, o motor desliga e o barco fica à deriva até que a bateria seja carregada novamente.

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Scout é um barco autônomo projetado por estudantes que tentou cruzar o Oceano Atlântico.

Scout é um barco autônomo projetado por estudantes que tentou cruzar o Oceano Atlântico.[/caption]

Fortes tempestades não devem ser um problema para o barco, pois o formato do deck e o chumbo colocado no fundo da quilha garantem que a embarcação volte à sua posição original caso ela vire. Uma característica curiosa é que o barco é programado para parar e navegar de ré a cada cinco horas. Segundo a equipe, essa manobra ajuda a livrar a quilha de qualquer objeto que possa ter ficado preso na embarcação durante o percurso.

Problemas

No dia 28 de setembro, a Scout deixou de enviar informações para a equipe. Ela já teve períodos de silêncio antes, que foram corrigidos com a reinicialização automática do sistema que cuida da comunicação por satélite, porém, geralmente, estes blecautes não duraram mais que 12 horas.

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Trajetória do barco autônomo Scout[/caption]

Após quase três dias de completo silêncio, o barco ativou um sistema de backup que envia informações sobre a posição duas vezes ao dia para a equipe. A principio, por efeito dos ventos e correntes marítimas, o barco parecia navegar na direção correta, mas agora está claro que a Scout está à deriva. Os idealizadores do barco esperam que, devido às correntes marítimas, o barco passe próximo à Carolina do Norte no próximo ano. Eles planejam recuperar a embarcação, corrigir os problemas tentar novamente. Novas informações sobre a embarcação e a sua saga estão na fan page da Scout no Facebook.

Veja a trajetória da Scout: http://www.gotransat.com/tracking/

Este artigo foi escrito com base em:

https://www.facebook.com/ScoutTransatlantic
http://www.gotransat.com/
David Schneider, IEEE Spectrum, 27/09/2013

Foto: Scout Transatlantic

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