Agostinho e a Necessidade de Nos Voltarmos para Nós Mesmos

Paulo Vitor Siqueira
Ponderationes Teofilosóficas
2 min readAug 30, 2019

Agostinho, em suas Confissões, no capítulo 8 do livro X, nos demonstra algo que parece passar desapercebido por muitos. Ele nos demonstra a importância de olharmos para dentro de nós mesmos, de investigarmos a nós mesmos. Ele diz que os homens admiram as coisas da natureza, mas esquecem-se de se voltarem para eles mesmos, de se admirarem com coisas que lhes são próprias, como a memória, que é aquilo sem o qual as coisas da natureza não poderiam ser apreciadas quando não se está em contato efetivo com elas por meio dos sentidos. Admirarmo-nos de coisas que nos são próprias — como nos admirarmos de nossa memória — é uma maneira de glorificar a Deus, não um antropocentrismo velado. Ora, Deus manifesta sua grandeza em toda criação, isso inclui a nós mesmos. Entretanto, obviamente, o mérito é dEle, não nosso. Que mérito temos por possuir memória, por exemplo? Nenhum, nós só a temos sem fazer nada para isso, temos porque Deus assim quis. Somos parte de sua revelação geral, fazemos parte daquilo que Paulo aponta em Rm 1.19–20

Et eunt homines mirari alta montium et ingentes fluctus maris et latissimos lapsus fluminum et Oceani ambitum et gyros siderum et relinquunt se ipsos.

E esses homens admiram os altos dos montes, as enormes ondas do mar, as vastíssimas correntes dos rios, o circuito do oceano, os giros dos astros, mas esquecem-se de si mesmos!
- Agostinho

(tradução minha)

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