Abedi Pelé e o brilho da Estrela Negra em noite de Champions League

Luis Fernando Filho
Ponta de Lança
Published in
4 min readAug 23, 2020

--

O meia ganês marcou época no Olympique de Marseille na década de 1990

Os ânimos para a grande final da UEFA Champions League da temporada 2019–2020, especialmente no caso do Paris Saint-Germain, nos leva a relembrar o passado glorioso de outro gigante francês: o Olympique de Marseille.

Não à toa, o clube é o único time da França a vencer o torneio mais importante do continente europeu. Se repararmos no histórico dos clubes franceses a jogar uma final de Champions, teremos apenas dois times do país além do Marseille (1991 e 1993): o Mônaco (2004) e agora o PSG de Neymar.

Enquanto o clube de Paris começava a dar os seus primeiros passos no futebol nacional na década de 1990, o time de Marselha já enfileirava campeonatos nacionais e grandes participações em torneios continentais.

Antes do título da Champions League em 1993, por exemplo, o clube já havia sido vice-campeão europeu na temporada 1990/1991, quando perdera para o Estrela Vermelha na disputa de pênaltis.

A conquista polêmica da Champions League

O elenco do Marseille na temporada do título era repleto de bons nomes, afinal, tinha-se a esperança de que o clube finalmente poderia alcançar a “orelhuda” mais famosa do futebol europeu.

As últimas temporadas com vice-campeonatos tanto a nível nacional como continental tensionou o presidente, Bernard Tapie, a construir uma equipe competitiva e de renome para derrotar as principais forças do futebol europeu.

Time base do Olympique Marseille: Fabian Barthez, Jocelyn, Eric Di Meco, Basili Boli, Frank Sauzee, Marcel Desailly, Jean Jacques Eyddie, Alen Boksic, Rudi Voller, Abedi Pele, Didier Dechamps. Técnico: Raymon Goethals

No entanto, o esquema de suborno comprovado durante a partida contra o Valenciennes, pelo Campeonato Francês, manchou o brio de uma excelente temporada. Isso porque a instituição seria rebaixada para a segunda divisão nacional, além de perder o título nacional conquistado e o direito de defender a conquista da Champions League na temporada seguinte- apesar de não ter perdido oficialmente a premiação do torneio europeu.

O brilho da Estrela Negra no Olympique de Marseille

Além do elenco com nível coletivo excelente, Abedi Pelé era um dos grandes destaques, pois unia técnica e a criatividade necessária para alçar o time francês ao topo da Europa.

O início da década de 1990 estava sendo positiva para o camisa 10 do clube francês, mas batia na trave em torneios continentais assim como na Seleção nacional- tendo ficado com o vice-campeonato da Copa Africana de Nações por Gana, em 1992.

Ainda sob o antigo formato da competição, o Marseille conquistou duas vitórias sobre o Glentoran, da Irlanda do Norte, e um empate e uma vitória contra o Dinamo Bucareste na primeira fase. Com a classificação para o grupo final, onde os líderes dos dois grupos iriam para a finalíssima, o clube francês despachou o Rangers-ESC, Club Brugge-BEL e CSKA Moscou-RUS.

O desempenho de Abedi Pelé naquela Champions chamou atenção pela influência gerada no esquema do técnico Raymon Goethals. Foram três gols e uma assistência na campanha vitoriosa dos franceses.

E foi justamente a única assistência da estrela ganesa que colocou o time francês com as mãos na taça européia.

Abedi Pelé no embate com Paolo Maldini na finalíssima

Diante de um Milan repleto de estrelas mundiais como Marco Van Basten, Frank Rijkaard, Paolo Maldini e Franco Baresi, foi o defensor Basile Boli, nascido na Costa do Marfim, mas que atuava pela Seleção francesa, que marcou o gol do título com uma bela cabeçada em cruzamento de escanteio cobrado por Abedi.

O triunfo diante dos italianos comandados por Fabio Capello selou o legado da geração do Marseille que serviria de base da Seleção campeã mundial em 1998.

Momento do gol do título marcado por Boli

Apesar dos escândalos envolvendo a liga nacional daquela temporada, o brilho da Estrela Negra não conseguiu ser apagada em noite de Champions League. Ao todo, Abedi Pelé jogou 147 partidas pelo time francês, além de três títulos da Ligue 1- incluindo o anulado.

Um dos maiores jogadores da história de Gana e do continente africano entrou para o hall dos campeões europeus, ao mesmo tempo que mostrou ao mundo como a escola africana sabe conduzir seus filhos para dominar a Europa.

OUÇA O EPISÓDIO DO MAMA AFRICA CONTINENTE SOBRE GANA

--

--