Samuel Kuffour e o legado na Bundesliga

Luis Fernando Filho
Ponta de Lança

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O zagueiro africano fez história na Bundesliga com a trajetória longeva no futebol alemão

É impossível falar de jogadores do continente africano que marcaram época na Bundesliga sem mencionar Samuel Kuffour.

Com uma carreira longeva dentro do Bayern de Munique, o defensor teve linda trajetória no futebol alemão.

A joia ganesa chegou aos bávaros em 1994, aos 17 anos, e logo foi emprestado ao Nuremberg após duas temporadas difíceis na baviera com algumas lesões.

Sem grandes chances na equipe titular do Bayern, a melhor opção seria atuar por um clube de menor expressão, para que o defensor se adaptasse à disciplina tática alemã.

Até então, o zagueiro vinha da escola italiana de futebol, onde passou pelas categorias de base do Torino antes de assinar com o time alemão.

De volta ao Bayern, Kuffour se reinventou e consolidou a estadia em Munique. Ao lado de grandes nomes como Oliver Kahn e Lothar Matthäus, o ganês foi titular absoluto.

Foto: Getty Images

“Todos os dias, eu tinha que dar 120% ao time porque sou da África. Às vezes, mesmo quando eu estava doente, eles tinham que me dar injeções para que eu pudesse treinar”.

É importante salientar que a década de 90 foi o começo do boom em relação à importação de jogadores africanos pelo futebol europeu.

O ganês conquistou seis vezes o título da Bundesliga pelo time bávaro, incluindo o tricampeonato entre 1998 e 2001- algo inédito para qualquer atleta africano.

O jogador foi titular em grandes sistemas defensivos do Bayern, assim como nos elencos com brasileiros como Elber e Zé Roberto.

Foto: Getty Images

A maior decepção de Kuffour na carreira

Mas foi em 1999 a primeira decepção de Kuffour, quando os bávaros perderam a final da Champions League para o Manchester United de Alex Ferguson. O time alemão sofreu dois gols nos acréscimos e viu o tetracampeonato ir embora em questão de minutos.

Kuffour, por sua vez, caiu aos prontos após a derrota diante dos ingleses. De certo modo, a situação moldou aquele elenco que conquistaria a “orelhuda’ dois anos depois.

Foto: Divulgação

Em 2001, portanto, o time alemão deu a volta por cima com um elenco parecido da final contra o United.

Comandados pelo técnico Ottmar Hitzfeld, outrora campeão europeu pelo rival Borussia Dortmund, o Bayern venceu o título da Champions diante do Valência, com Kuffour de titular na defesa bávara. Assim, encerrou-se o jejum de 25 anos sem o troféu mais importante da Europa.

Foto: Kuffour, enfim, comemora a conquista da Champions League/ Divulgação

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Naquela mesma temporada, os alemães conquistaram além do torneio europeu a Bundesliga e a Copa Intercontinental (Mundial de Clubes) sobre o Boca Juniors, da Argentina- com o gol do título mundial marcado por Kuffour.

O ganês marcou época no Bayern de Munique, sobretudo, numa liga que exigia alto comprometimento tático e técnico.

Somente na Bundesliga, o atleta registrou 175 jogos com as cores do clube alemão. Além disso, ele conquistou mais quatro títulos da DFB-Pokal e dois DFB-Ligapokal (Taça da Liga da Alemanha).

Ao todo, foram 17 títulos conquistados pelo jogador ganês, algo inédito para qualquer atleta africano no futebol europeu. Além disso, Kuffour jogou por 12 anos no time alemão.

Talvez Kuffour não esteja entre os zagueiros mais técnicos da história do clube, mas certamente deixou o seu legado no maior da Alemanha.

Como poucos no histórico de atletas africanos na Europa, o defensor abriu portas, sobretudo, na Bundesliga para que os demais irmãos do continente ousassem ir além.

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