As 20 performances favoritas do Popklore em 2018

As apresentações ao vivo de 2018 que vamos continuar reassistindo nos anos que virão

Vinicius Mendes
p o p k l o r e
7 min readDec 22, 2018

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Fim de dezembro é hora de quê? Comer arroz com uva passa e listar nossos lançamentos favoritos do ano! E como a gente aqui no Popklore é um bando de sem noção do real trabalho que a coisas dão, vamos fazer logo quatro, para serem lançadas a cada dois dias, começando por esta aqui que você já abriu!

Eu e o André somos fascinados por artistas que sabem como dominar o palco, e quando a gente fala desse domínio, estamos falando da coisa de verdade. Você não vai encontrar aqui alguém que cobra caro por um show simplesmente porque usa figurinos chiques e cenários grandiosos e coloridos (e sim, isso é shade), mas artistas que nos momentos selecionados demonstravam presença, carisma e magnetismo, com maior ou menor habilidade técnica, para nos contar uma história, emocionar, impressionar ou simplesmente entreter, mas que o fizeram com maestria.

A lista está quase toda em ordem alfabética por nome de artista, com a exceção do último lugar, que sempre será reservado para quem considerarmos o melhor de 2018 dentro daquela categoria.

Sem mais delongas: eis as nossas performances favoritas do ano!

Anitta no Rock in Rio Lisboa

ANDRÉ — “Disseram que voltei americanizada?”. Anitta se apresenta em quatro idiomas: português, inglês, espanhol e deboche. A conexão que ela faz com Carmem Miranda na abertura do show do Rock In Rio Lisboa é acertada ao colocar os pingos nos is e mostrar que a cantora sabe o que quer e como quer fazer sua carreira internacional. Esbanjando energia e presença de palco, ela consegue tornar até mesmo a insossa Is That For Me em um levanta-poeira competente. Para poucas.

Ariana Grande — God is a woman no VMA

ANDRÉ — Se Deus é uma mulher, possivelmente a Nonna, simpática vovó de Ariana Grande, deve ser uma de suas embaixatrizes. A performance já tinha alto nível ao emular com competência uma Santa Ceia repleta de estrogênio, mas a jogada de mestre veio no final, ao trazer uma gama de sentimentos complexos, como orgulho, poder e sensibilidade quando Ariana Grande põe seu clã feminino em cima do palco.

Ayumi Hamasaki no a-nation

ANDRÉ — A começar pela entrada poderosa com W, Ayumi Hamasaki mostra porque ela é uma das principais figuras do entretenimento japonês mesmo após 20 anos de carreira e enfrentando problemas como a surdez iminente. Energia e carisma para deixar qualquer jovem com metade de sua idade e experiência de palco no chinelo.

BoA — praticamente qualquer live de Woman

VINICIUS — Esta apresentação escolhida é meramente exemplificativa. Em um mundo onde as coreografias de clipes são bem mais complexas que as coreografias ao vivo, BoA entra no palco caminhando de ponta-cabeça segurada por dançarinos. De novo: DE. PONTA. CABEÇA. Aprendam idols sazonais: é assim que vocês duram duas décadas.

BTS — Fake Love no Billboard Music Awards

Vinicius — Como alguém que foi (acertadamente) considerado estranho por gostar de pop asiático na adolescência, não tem como não sentir o coração quentinho ao ver um grupo de K-Pop se apresentando em uma das maiores premiações da música ocidental sob gritos histéricos de adolescentes enlouquecidas.

Camila Cabello — Havana no iHeartRadio Music Awards

VINICIUS — Nem Os Homens Preferem as Loiras, nem a Madonna no modo Material Girl. Aqui temos Camilla Cabello usando seu hit de proporções colossais para mostrar que o X-Factor e o Fifth Harmony estavam errados e ela certa: É uma estrela. E brilha melhor sozinha.

Ivete Sangalo na frente do próprio condomínio

VINICIUS — Ivete Sangalo é uma performer de coração e isso é parte integral do que a tornou uma das maiores estrelas do país. Duvida? Pois veja a cantora se apresentando de graça para fãs através do portão de seu condomínio em Salvador para comemorar o próprio aniversário. Se isso não é amor, não sabemos o que mais poderia ser.

Jennifer Lopez no VMA

VINICIUS — É fácil subestimar o impacto de J-Lo na indústria, até porque, convenhamos, sua música não é lá essas coisas. Mas coloque essa infeliz num palco bombardeando nossos ouvidos e olhares com hit após hit e coreografia após coreografia e me diga se você não pagaria esta mulher para performar até uma leitura da lista telefônica.

Janelle Monáe — Make me Feel no The Voice

ANDRÉ — Como já foi comprovado em sua estreia no Rock in Rio de 2011, Janelle Monáe é daquele nível de artista que não precisa de um hit gigantesco para deixar a plateia a seus pés. Aliás, não precisa nem que a música seja conhecida, é só jogar ela no palco e deixar rolar. Se bem que o sucesso de público e crítica deste ano também não atrapalharam e Make Me Feel no The Voice mostra com clareza seu domínio de palco.

Janet Jackson — Made For Now no EMA

VINICIUS — Janet Jackson leva o seu irresistível single de 2018 aos palcos e arrasa na coreografia para um público que talvez seja mais jovem do que o escândalo que a baniu do mainstream, mas que nem por isso termina menos arrebatado. Viver do passado? Não! É para o agora!

Kendrick Lamar no Grammy

ANDRÉ — Sabe a quarta língua da Anitta? É a segunda do Kendrick Lamar em sua imponente performance no Grammy. As temáticas não são novas. Racismo institucional, violência contra a população negra, revolta. O que me encanta nessa performance é o dedo do meio que ele faz ao trazer Dave Chapelle para ironizar tudo, ponto alto de mais uma excelente performance de uma das grandes estrelas da década.

Kylie Minogue no Live Ant & Dec’s Saturday Night Takeaway

VINICIUS —Três décadas na indústria e as pessoas vão esculhambar o seu palco? Ótimo! Kylie Minogue mostra em uma viagem no tempo pelos seus hits e iconografia que a melhor companhia para o seu talento são doses cavalares de charme e bom humor.

Madonna no MET Gala

VINICIUS — “Mimimi, ela tá velha, devia se comportar de acordo com a idade, não dança mais”. Pode chorar que faz bem pra alma, mas ninguém em ativa na indústria une o pop, o teatro e a dança em uma performance tão conceitualmente amarrada quanto Madonna. Dos detalhes dos figurinos, à coreografia, às músicas, tudo forma uma unidade e tem um objetivo. Os anos não terem alterado em nada a monstruosa presença de palco da Rainha do Pop também não atrapalha.

Miley Cryus — The Climb no #MarchForOurLives

ANDRÉ — Miley Cyrus transforma a letra de The Climb, escrita nos suspiros finais de sua fase Hannah Montana, em um hino de resistência ao cantá-la durante o evento político que ficou conhecido por ser o maior protesto de rua feito por mulheres na história dos Estados Unidos. Às vezes as polêmicas fazem com que as pessoas esqueçam da performer, intérprete e cantora acima da média que ela é.

Namie Amuro no I ♥OKINAWA /I ♥MUSIC

VINICIUS — Em sua última apresentação antes da aposentadoria, Namie Amuro reúne estrelas de primeiro escalão com quem fez parcerias e performa um setlist pouco óbvio em sua terra natal, esfregando na cara de todos seu enorme prestígio na indústria musical asiática. Despedida triste? Sim. Deliciosa? Sem dúvidas.

Nicki Minaj no VMA

ANDRÉ — A cizânia com Cardi B eclipsou seu novo disco, mas as poucas aparições públicas de divulgação do Queen reiteraram o status que Nicki Minaj tem dentro do rap e também como performer. Falem o que quiser dela, mas que é um monstro no palco, é inegável.

Pabllo Vittar — Halo no Prazer, Pabllo Vittar

ANDRÉ — Massacrada por (acertadas) críticas à falta de controle vocal, Pabllo Vittar parece estar atenta e uma prova disso é sua performance de Halo. Com voz educada e potente, aliada a uma interpretação amadurecida, é gratificante ver a evolução artística no palco de uma drag queen no mundo do pop mainstream.

Sunmi no Waterbomb

VINICIUS — Foi então que o K-Pop teve outras daquelas ideias geniais: colocar a maior estrela solo do ano performando de camiseta branca enquanto jogam água nela. Aí vemos a transformação de Sunmi na gata-molhada-sabadão-sertanejo, mais preocupada em se divertir com o absurdo da situação do que em ser perfeita. Obrigado, K-Pop.

Uhm Jung Hwa — Ending Credit no Yu Huiyeol’s Sketchbook

VINICIUS — O K-Pop é uma industria conhecida por ter mais performers de precisão milimétrica do que personalidade. Talvez seja por isso que poucos artistas durem tanto quanto Uhm Jung Hwa, que não dança bem, não tem tanta voz, mas ao entrar no palco pela plateia, interagindo com seus fãs e dando um banho de carisma ao carregar uma performance inteira com o olhar, nos mostra que é possível um pop coreano com mais alma.

E o nossa favorita de 2018:

Beychella, apenas.

ANDRÉ — Arrebatar plateias não é novidade para a cantora, mas o que ela fez no palco do Coachella (ou seria Beychella?) esse ano ainda não tem nome. Arranjos, vestuário, coreografias, repertório, tudo se entrelaça de maneira poderosa e coerente em uma das performances históricas dessa década, deixando clara mais uma vez a força da natureza que é Beyoncé.

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