Os 15 álbums favoritos do Popklore em 2018

A seleção particular do que passou e ficou em nossas playlists e ouvidos ao longo do ano

Vinicius Mendes
p o p k l o r e
6 min readDec 28, 2018

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Durante este ano, não foi raro ouvir frases como “o pop está morto” ou “por onde andam os grandes lançamentos do gênero?”. De fato, grandes artistas tiraram aquele sabático ou lançaram projetos paralelos, pouco relacionados à carreira, além da presença ainda mais forte do hip-hop como gênero dominante da indústria musical. Ainda assim, 2018 nos proporcionou momentos interessantes dentro da seara e nós do Popklore decidimos compartilhar o que mais nos tocou e empolgou desse ano caótico.

Ao reouvir os discos, nos impressionamos com seus níveis de produção e refinamento, independente da proposta. Elegemos um favorito e listamos outros sem ordem de preferência, todos com links para audição nos títulos de cada álbum. Nosso roteiro é bem plural e passa pelo pop nacional e de outros países fora do epicentro norte-americano. De Salvador a Tóquio, de Seul a Estocolmo. Vamos ao nosso destino final?

Ariana Grande — sweetener

VINICIUS — Em frente a tempos amargos, Ariana se propôs a adoçar o mundo com seu pop que exalta a libertação sexual, a superação de tempos difíceis e o talento feminino em faixas que misturam eletrônica, hip-hop e R&B produzidas por Pharrel Williams e Max Martin, rendendo assim o álbum mais experimental da pequena diva. Resenha completa aqui.

ÀTTØØXXÁ — LUVBOX

ANDRÉ — Pagode baiano, disco, R&B, funk, pop, eletrônico. Esse liquidificador de referências resume o irresistível LUVBOX, terceiro álbum do grupo baiano ÀTTØØXXÁ, mais um lançamento nacional que consegue unir com competência sonoridade regional com as tendências globais da música.

Camila Cabello — Camila

VINICIUS — Em seu álbum de estreia, Camila Cabello deixa claro que está pronta para mostrar o quão maior é do que o X-Factor ou o Fifth Harmony. Juntando tudo o que tem de mais contemporâneo na música mainstream sem abrir mão de ter uma personalidade própria, a cubana chega a um resultado deliciosamente pop e surpreendentemente maduro para um debut solo.

DUDA BEAT — Sinto Muito

ANDRÉ — O primeiro disco da pernambucana radicada no Rio DUDA BEAT traz um misto de brega, big band e batidas eletrônicas, em um álbum carregado de sotaque e timbres tropicais. Sinto Muito resulta em um pop elegante e confessional sobre as fases de superação de um amor que acabou, autoaceitação e um jeito mais despretensioso de viver a vida.

Janelle Monáe — Dirty Computer

ANDRÉ — O que nos resta em meio à revolução caótica da tecnologia? Além das músicas, Dirty Computer traz consigo um álbum visual que transforma o repertório conduzido por Janelle Monáe em uma grande suíte, passeando pela black music das últimas cinco décadas enquanto discute sobre o software mais sofisticado que conhecemos até então: a humanidade.

Karol Conka — Ambulante

ANDRÉ A longa espera pelo primeiro álbum de Karol Conka valeu a pena. Dispensando os singles prévios (até mesmo hits, como Tombei), Ambulante é extremamente coeso em sua incursão pelo hip-hop, trap, dancehall e outros gêneros que não são estranhos ao trabalho da curitibana.

Kyary Pamyu Pamyu — Japamyu

VINICIUS — Dançante, vibrante, confuso e esquisito, Japamyu mistura todas as formas como o Japão produziu música de massa nas últimas décadas, do piko piko ao J-Pop, do enka à anisong, para nos levar a mais uma viagem colorida e bizarra.

Mahmundi — Para Dias Ruins

ANDRÉPara Dias Ruins expande o repertório da carioca Mahmundi, preservando seus fundamentos no pop radiofônico dos anos 1980 ao mesmo tempo em que traz elementos da bossa nova, eletrônica e reggae. Pop dos trópicos com o ouvido apurado de uma competente produtora musical.

m-flo — the tripod e.p.2

ANDRÉ — O duo japonês m-flo volta a ser um trio com o retorno da vocalista Lisa e essa reunião não poderia ser mais acertada. O EP é sólido, trazendo a sonoridade já trabalhada pelo grupo, um misto de eletrônico, R&B e hip-hop, e certa nostalgia com os vocais “90s” de Lisa, porém ao mesmo tempo conectado com a produção musical contemporânea.

Mylène Farmer — Désobéissance

VINICIUS — A rainha do pop francês volta com seu melhor álbum em mais de 10 anos ao misturar de forma bem sucedida o seu pop melancólico e irônico com a sonoridade indie que invadiu o mainstream na segunda metade da década. Mylène consegue a proeza de bater artistas que têm idade para ser seus netos em seu próprio jogo sem deixar de soar como uma artista de quase 60 anos.

Pabllo Vittar — Não Para Não

VINICIUS — Não Para Não é um transbordamento de brasilidade pop gay que se esquiva dos preconceitos direcionados a Vittar do único jeito que realmente importa: sendo um trabalho incrível. O álbum mistura ritmos nacionais com as sensibilidades pop globais, nos oferecendo produção digna de Ariana Grande enquanto nos serve de brega, forró, samba, carimbó, funk carioca…

Robyn — Honey

ANDRÉ — Quase dez anos separam Honey, novo álbum da sueca Robyn, de seu predecessor, Body Talk. Se ela já tinha nos ensinado a dançar com nossas mágoas e inseguranças antes, aqui ela eleva isso a outro patamar em um registro que soa nostálgico, contemporâneo e futurista, em uma pista de dança repleta de melancolia, por mais paradoxal que isso possa ser.

Sunmi — WARNING

VINICIUS — Nada resume o pop de qualidade tão bem quanto jogar todas as tendências mais seguras e batidas do ano numa panela e tirar de dentro algo criativo e com personalidade própria, e isso resume bem o primeiro álbum solo de Sunmi. WARNING é um álbum sexy, agressivo e que, se nunca deixa de soar familiar, também nunca deixa de mostrar a que veio.

Vickeblanka — wizard

ANDRÉ — Arranjos interessantíssimos, videoclipes criativos. Vickeblanka foi uma das gratas surpresas de 2018 para nós do Popklore! Seu primeiro álbum em uma grande gravadora, wizard, é repleto de puro J-Pop, com suas baladas emotivas repleta de cordas e faixas upbeats com influência de rock, mas ganhando um novo colorido através das mãos habilidosas do jovem artista japonês.

E o nosso favorito de 2018:

Utada Hikaru — Hatsukoi

VINICIUSHikki olha para o passado sem descuidar do futuro com Hatsukoi, “primeiro amor” em japonês, lançado 20 anos após seu primeiro disco, First Love. Um álbum sólido e sombrio que, em meio a rock, jazz, hip-pop, batidas eletrônicas e cordas, lamenta as perdas recentes enquanto aguarda com esperança por um amanhã mais tranquilo.

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