Os nossos 100 (isso, 100) performers preferidos no mundo! (Parte 1)

Selecionamos artistas de diversas partes do planeta que têm a capacidade de transformar qualquer palco em um espetáculo

Vinicius Mendes
p o p k l o r e
10 min readMar 7, 2020

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Por Vinicius Mendes e André Luiz Maia

Como é bom estar de volta! Depois de uma pausa mais longa do que a gente imaginava, estamos aqui para falar das melhores coisas do mundo: shows extravagantes, perucas, luzes, coreografias esquisitas e toda essa decadência que faz a gente ficar hipnotizado, seja presencialmente, seja diante da tela da TV, celular ou computador (o mais normal porque não tá fácil, né, gente?).

Desta vez, a gente ralou pra caramba. Ou você acha que garimpar performers de vários países, fazer uma peneira e estabelecer essa lista de 100 FUCKING NOMES é algo fácil? É importante deixar claro que não é um top e eles não em nenhuma ordem específica, apenas separamos o performer e listamos aqui para celebrar suas artes traduzidas em espetáculos maravilhosos de ver e sentir.

Nossos critérios foram basicamente três: presença de palco, capacidade de criar uma apresentação elaborada e consistência nesses dois fatores. O objetivo era criar uma seleção de artistas que, caso você procure por eles aleatoriamente no YouTube, encontrará uma apresentação que vai, no mínimo entreter e, no melhor dos casos, te tocar.

Não estamos avaliando capacidade de cantar ou dançar, nem dinheiro para pagar por figurinos estranhos ou palcos elaborados. Garantimos que todo mundo aí conseguiria fazer a mesma coisa em cima de uma pilha de caixas de feira vestindo moletom.

Durante o mês de março, Popklore estará com você nessa lista, dividida em quatro partes. Vamos à primeira?

Britney Spears (Estados Unidos)

Vinicius: Possivelmente a stripper mais bem paga do mundo, a eterna Princesa do Pop é alvo constante de comentários maldosos sobre como não é mais a artista de antes. Por mais que isso seja verdade, e esperado depois de 16 anos após o pico de uma carreira bem-sucedida, pouquíssima gente na ativa brilha mais, dança melhor e exala tanta sexualidade quanto Britney em cima de um palco. Se tem algo que realmente seja um problema na artista como performer, além, é claro das limitações impostas pela saúde psíquica e emocional, é ter que bater de frente com a memória que o público tem dela mesma.

Lizzo (Estados Unidos)

André: Lizzo tem uma voz gigante e podia muito bem fazer uma carreira inteira só com ela. Só que não! Debochada, engraçada pra caramba e sem muito filtro, ela tem tudo o que uma grande performer exige: sabe construir um espetáculo e permanecer no centro das atenções, deixa o público doido só com seu carisma e está 100% presente quando entra no palco. A queridinha do pop atual se destaca também por ser uma performer de primeira linha em um período de vacas magras. Afinal, hoje em dia quem mais consegue se vestir de Madonna e rebolar freneticamente enquanto toca flauta? Your faves could never.

Pabllo Vittar (Brasil)

André: A drag queen mais popular do Brasil chegou longe demais: criou algo que ainda não existia no mainstream, uma cantora pop que utiliza elementos consolidados no nicho das drags, mas que agrega elementos de divas internacionais e das cantoras de forró e brega nordestinas para estabelecer uma dinâmica cênica energética e com personalidade suficiente para ganhar um espaço nessa lista. É Vittar, mainha!

Psy (Coreia do Sul)

Vinicius: Mais conhecido no ocidente como aquele asiático estranho da música grudenta com clipe esquisito, Psy é uma estrela de primeiro escalão há muito tempo na Coreia do Sul. Quem vê o sujeito baixinho, gordinho e debochado não espera a presença de palco monstruosa, a desenvoltura e a energia absurda que arrebata plateias sem volta como se aquilo fosse feito toda quarta-feira. E talvez isso aconteça por realmente ser o tipo de coisa que o rapper faz com essa frequência.

Clara Nunes (Brasil)

André: Depois de um tempo cantando uns boleros, foi no samba que ela se encontrou. Clara Nunes abraçou a cultura afro, que por si só já é um espetáculo à parte, e isso se refletiu em sua postura no palco. Sem precisar de cenários grandiosos ou bailarinos, seu corpo e seu olhar fazem o show e isso basta.

Namie Amuro (Japão)

Vinicius: A Rainha do Hip-Pop, do dance, da dança. Namie Amuro pode estar aposentada, mas foi alguém que mudou completamente o que os japoneses esperavam de suas divas. Combinando um visual sexy com coreografias energéticas e um ar descolado, ela desafiava a perspectiva local do que seria a mulher ideal, se recusando a abraçar uma imagem ingênua, tratando abertamente sobre sexo e passando duas horas seguidas cantando ao vivo e dançando sem parar equilibrada em salto agulha.

Kim Wan Sun (Coreia do Sul)

Vinicius: Antes de BTS, havia Psy, antes de Psy, havia BoA e antes de BoA, havia Kim Wan Sun. A Diva da Dança original do K-Pop foi uma espécie de protótipo do que viria a tomar o mundo anos mais tarde: uma imagem cuidadosamente produzida, hits grudentos feitos para seduzir os ouvidos mais exigentes, coreografias precisas em performances dinâmicas, tudo embalado em uma bela embalagem plástica para o mercado. Mas não se engane com o tratamento ultra-comercial dado a ela pelo pop coreano: aos 50 anos de idade, Kim Wan Sun dá uma surra em boa parte de seus descendentes, seja dançando, cantando ou engolindo o palco com kimchi.

Solange Knowles (Estados Unidos)

André: Dentro dessa seleção, há uma seleta sublista de performers estranhas (oi, Nina Hagen logo ali embaixo!) ou pouco usuais e Solange Knowles está nela. Mesmo que vá por um caminho bem diferente de sua irmã popstar, Beyoncé, ela canta e dança tão bem quanto, proporcionando umas experiências sensoriais bem particulares.

Robyn (Suécia)

André: O clone sueco de Miguel Falabella vai cantar e dançar suas dores e inseguranças banhada em puro eletropop farofento. Se essa proposta já não fosse suculenta o bastante, Robyn ainda se destaca por cativar sua audiência com forte presença de palco, danças esquisitas estranhamente eficazes e sensualidade que se revela nos detalhes.

Diana Ross (Estados Unidos)

Vinicius: Você não é uma diva de verdade se não existe um musical clássico da Broadway contando a história da sua vida enquanto você…. Bom… Ainda está viva. Você não é uma diva de se ao invés de chamarem você de “rainha”, “deusa”, “musa”, metem logo um The Boss, “A Chefona”. Você não é uma diva se sua performance no Super Bowl não envolve umas 10 trocas e roupa e você saindo do palco de helicóptero. Mas o que te torna uma diva não é nada disso: é comandar um show como se fosse fácil, enquanto dá vida às mais diversas canções com uma voz de densidade emocional imbatível, e fazê-lo sem que sua aparência esteja menos que impecável em cada segundo.

Kali Uchis (Estados Unidos)

André: Com precisão cirúrgica, Kali Uchis constrói uma performance de “Loner” que poderia muito bem ser um videoclipe. Confesso que não sou o maior conhecedor da americana filha de colombianos, mas ao ver performances de gente grande criadas por ela, definitivamente ficarei de olho nela e você devia fazer o mesmo.

Gwen Stefani (Estados Unidos)

Vinicius: As pessoas normalmente não esperam que uma vocalista de uma banda que mistura punk-rock com ska vá se tornar um dos ícones pop mais influentes de uma década, com direito a dançarinos, trocas de figurinos e palcos elaborados. Mas também é ingênuo pensar que alguém estava preparado para quando Gwen Stefani tomou o mercado de assalto com seu L.A.M.B. e deu à humanidade uma mistura de esquisitice, referências ao cinema e musical clássicos, moda de rua e uma energia inesgotável. Se depois disso ainda houver qualquer dúvida dos poderes da moça, basta assistir ao extravagante clipe de “Make Me Like You”, gravado em um take só durante o intervalo de uma premiação.

Madonna (Estados Unidos)

Vinicius: Toda vez que você ver um show de pop teatral com blocos temáticos que formam narrativas com músicas e performance, você está vendo alguém que se inspirou em Madonna. E considerando que essa é basicamente a estrutura de um show de pop contemporâneo, o impacto da Rainha do Pop é indiscutível. Ainda assim, poucas pessoas conseguem contar histórias através do espetáculo da música mainstream como a criadora da fórmula, que muitas vezes é reduzida a uma mulher polêmica que canta mal, mas tem uma visão ímpar para estruturar um show acompanhados da presença e fogo nos olhos mais que suficientes para estrelar as produções com toda a pompa possível.

Kesha (Estados Unidos)

André: Tenho a impressão que Kesha (agora sem $) nunca teve o reconhecimento que merece por várias de suas qualidades e ser ótima artista de palco é uma delas. Traduzindo sua personalidade divertida e debochada com precisão em seu palco, ela vai desde uma performance dançante até uma balada emotiva com a mesma qualidade e magnetismo cênico. P.S.: vai pro inferno, Dr. Luke!

Lee Jung Hyun (Coreia do Sul)

André: Tente encontrar outra pessoa no pop que teria a audácia de por um MICROFONE NA UNHA e falhe miseravelmente. O exagero que poderia parecer apenas tosco se torna divertido pelo carisma e pela consciência particular de Lee Jung Hyun em criar performances intrigantes ao longo de sua carreira no pop coreano. Saudades!

Gal Costa (Brasil)

André: Gal é extra demais por ficar imitando os acordes de uma guitarra só porque tem uma voz imensa? Sim. Acho o número super divertido, mesmo hoje, 500 anos depois e com bem menos voz? COM CERTEZA! Algumas de nossas grandes estrelas da MPB tem grandes performances, que não ficam abaixo de qualquer popstar gringa dessa lista. E, caso você não lembre, o nome dela é GAAAAAAL. GAAAAAAAAL. GAaaAaaAAAaaaAAAaaaAAAAaaaLLLLLLL.

Kate Bush (Inglaterra)

Vinicius: Por onde anda Kate Bush? Um beijo, Kate Bush! Apesar de estar afastada dos palcos por vontade própria, a artista inglesa deixou vários registros para que possamos nos encantar por sua presença teatral quase circense, as danças que causam estranheza e admiração na mesma medida, a potente voz peculiar e toda a presença de palco de alguém que fez de ser estranha, no melhor sentido possível, uma arte.

Helene Fischer (Alemanha)

Vinicius: Algumas pessoas cantam bem, outras pessoas dançam bem. Helene Fischer se tornou uma mega estrela alemã fazendo as duas coisas melhor que todo mundo, fim. E se a voz potente e afinadíssima ou os passos precisos não forem o suficiente para você perceber que por trás daqueles palcos elaborados e músicas duvidosas existe uma grande estrela, Helene Fischer vai cantar fazendo flexão de braço, com um braço só, para dançar um pouco mais e seguir por uma performance de acrobacia aérea. E vai fazer cada uma dessas coisas com o sorriso de quem sabe que é boa demais no que faz.

Justin Timberlake (Estados Unidos)

Vinicius: Vamos começar esquecendo aquele Super Bowl pavoroso, certo? Certo. Agora vamos ver o que sobra: um cantor afinadíssimo com grande capacidade emotiva; um dançarino de grande energia e precisão; uma presença de palco inescapável; um senso de estilo e elegância sem paralelos nos homens da indústria do pop. Sinceramente? O Super Bowl do Justin Timberlake foi ruim porque era o Justin Timberlake e o nível é outro. E se decepcionou, o artista tem um catálogo incrível de apresentações ao vivo para se redimir.

Stromae (Bélgica / França)

André: Atualmente longe dos palcos por conta dos efeitos colaterais da malária. Stromae brilhou com seu senso peculiar de costurar performances que extraem o melhor que ele tem. Lembra da seleção de esquisitos? Aqui está mais um! Seja imitando com precisão assustadora um boneco de plástico, seja contorcendo seu corpo esguio e magro em danças que fariam alguém menos competente parecer apenas descompassado, o artista é um dos maiores performers de sua geração.

Akina Nakamori (Japão)

Vinicius: O J-Pop dos anos 80 teve várias faces e uma delas era a de Akina Nakamori. Com uma imagem madura, sexy e sombria, foi dessas artistas que mudou os rumos da própria indústria para sempre, abrindo espaço para que cantoras como Namie Amuro e Ayumi Hamasaki surgissem anos depois com suas imagens públicas menos que ideais para os padrões japoneses. Dona de uma voz grave e a graça de uma bailarina, Akina criou uma série de imagens inesquecíveis com suas performances e presença magnética.

Cheryl Cole (Inglaterra)

André: Goste ou não das músicas, Cheryl Cole tem umas coreografias incríveis, né? Escolhemos essa performance sustentada em dança e carisma, mas ela não é nada preguiçosa. Em seus shows, até mesmo os feitos pra programas de TV em estúdios minúsculos, ela se preocupa em elaborar espetáculos visuais, organizados para extrair o que há de melhor nela.

Nina Hagen (Alemanha)

Vinicius: Se você acha que para ser punk tem que cantar mal, precisa conhecer Nina Hagen. Uma das maiores artistas alemãs de todos os tempos, misturava o caos, a irreverência e o deboche do punk com uma potente voz treinada em canto lírico, capaz de ir das óperas complexas à sátira mais esculhambada de seja lá qual fosse o gênero musical da moda. Hoje, com menos voz, tanto pela idade quanto pelo uso, ela ainda é imbatível nos palcos, com seus figurinos, caretas e arranjos vocais que deixam o público completamente confuso e exasperado, de um jeito que só o punk consegue.

Sevdaliza (Irã / Holanda)

André: A sutileza de Sevdaliza pode até enganar quem começa a vê-la de maneira desavisada, mas sua performance logo se revela em pequenos gestos e olhares, culminando em um complexo movimento corporal, com visão cênica nada gratuita ou deslocada. Outro elemento bem utilizado por ela e uma característica de muitos bons performers: a sensualidade, quase que hipnotizando a audiência.

CL (Coreia do Sul)

André: Egressa do grupo de K-Pop 2NE1, CL já engolia suas colegas no palco com presença e carisma. Ao mergulhar na cultura hip-hop, chegou a chamar a atenção de artistas ocidentais como will.I.am, do Black Eyed Peas. Sua capacidade de cativar audiências e botar bastante energia em sua performance a diferencia de seus pares do K-Pop. Depois de um período turbulento com aquele rat… digo, com seu antigo agente, ela promete um retorno aos holofotes este ano.

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