A Inglaterra atropelou o Panamá e, agora, decide a primeira posição do grupo contra a Bélgica

Luiz Henrique Zart
Popytka
Published in
6 min readJun 24, 2018
Foi bem tranquilo: 5 a 0 inglês no primeiro tempo, e depois deu para tirar o pé (Getty Images)

Já era esperado que a Inglaterra passasse pelo Panamá. E a vitória saiu com facilidade, praticamente sem esforço. Na maior goleada da história Inglesa em Copas do Mundo, os Three Lions atropelaram o Panamá por 6 a 1 em Nizhny Novgorod, neste domingo, abrindo 5 a 0 no primeiro tempo. Harry Kane aproveitou para marcar seu hat-trick, o zagueiro John Stones fez mais dois e Lingard também deixou sua marca em um belo gol. O desconto, porém, foi histórico: Felipe Baloy assinalou o primeiro gol panamenho em mundiais para a emoção da massa panamenha. A vitória dos comandados de Gareth Southgate foi construído principalmente na bola parada. Assim, Bélgica e Inglaterra chegam aos seis pontos, com saldo igual e a mesma quantidade de gols marcados. A decisão do primeiro lugar no grupo G fica para a última rodada, justamente no confronto direto entre Belgas e Ingleses. Caso o resultado seja o empate, a primeira posição fica com a seleção que tiver menos cartões amarelos.

Os times

A única alteração no time de Gareth Southgate veio com a saída de Dele Alli, lesionado, substituído por Ruben Loftus-Cheek pelo meio. Além disso, a escalação se mantinha no 3–5–2. Jordan Pickford no gol; Harry Maguire, John Stones e Kyle Walker na defesa; Ashley Young e Kieran Trippier pelas alas, com Jordan Henderson, Loftus-Cheek e Jesse Lingard pelo meio, com Raheem Sterling e Harry Kane no ataque.

Já os comandados de Hernán Gomez era exatamente o mesmo que perdeu para a Bélgica. Jaime Penedo no gol, Michael Murillo e Erick Davis pelos lados, com Fidel Escobar e Roman Torres no miolo da zaga. No meio, Gabriel Gomez mais atrás, acompanhado por Aníbal Godoy, Armando Cooper, José Luis Rodríguez e Edgar Barcenas; com Blas Perez centralizado.

O campinho de Inglaterra x Panamá (Fifa.com)

O jogo

A Inglaterra não teve nenhum problema para superar a defesa do Panamá. Saía trocando bola entre os zagueiros, sem pressão dos centro-americanos, até chegar à intermediária e ter capacidade de decisão. Aos sete minutos abriu o placar na bola parada, que se mostraria um ótimo recurso em outros lances ao longo da primeira etapa. Kieran Trippier cobrou escanteio direto para a área e Stones, completamente livre de marcação, não precisou nem subir para testar firme, consciente, tirando do alcance de Penedo. A informação curiosa: tanto este quanto os dois tentos assinalados diante da Tunísia partiram de escanteios. Nos dois da primeira rodada, Kane mandou para o gol cobranças desviadas por Maguire e Stones.

Barcenas até tentou a única chance de perigo do primeiro tempo para La Marea Roja. Recebeu o passe de Murillo, ajeitou o corpo e bateu de perna esquerda da entrada da área. Pickford estava nela, mas passou à direita do gol. O problema para os panamenhos é que a Inglaterra estava em um dia de muita precisão. Aos 19, Lingard disputou a bola dentro da área e foi derrubado por Escobar. Kane pôs na marca da cal e acertou o ângulo de Penedo, que até acertou o canto, mas não teve chance alguma. Duas finalizações dos Three Lions, dois gols.

O English Team seguia com a bola, controlando a partida. E não demorou tanto a ampliar, abrindo a porteira Panamenha. Não sem mérito: Sterling passou para Lingard na entrada da área, e o camisa 7 marcou um golaço: bateu colocado, de chapa, no canto alto à esquerda de Penedo, que mais uma fez pouco poderia fazer. O 3 a 0 veio com extrema facilidade, aproveitando a ingenuidade defensiva de La Marea Roja.

Quando se diz que a porteira estava aberta era porque, realmente, estava. Tanto que, quatro minutos depois do terceiro, veio mais um gol. Mais uma vez de bola parada, o que aponta para o dedo de Southgate na preparação. A jogada ensaiada partiu de uma falta na intermediária. Henderson recebeu a bola curta e, de primeira, cruzou para Kane. O camisa 9 escorou para Sterling, do outro lado da área, tentar o toque de cabeça. Penedo espalmou para frente, e Stones apareceu para conferir às redes, mais uma vez de cabeça, com Penedo já caído. Foram os dois primeiros tentos do zagueiro da seleção inglesa em 28 partidas.

Aos 43, veio o quinto. Entre os dois ou três agarrões dos dos defensores panamenhos, o juiz poderia escolher qual marcar. Acabou dando o pênalti de Murillo sobre Stones — mas o que Kane sofreu, levando um cascudo, foi até mais evidente. Enfim, o centroavante do English Team foi para a cobrança e novamente bateu firme no canto alto do arqueiro do Panamá, que caiu para o outro lado.

Na segunda etapa, o Panamá se fechou mais ainda. Colocou todos os jogadores atrás da linha da bola, enquanto a Inglaterra mesmo baixou o ritmo, comparando com os primeiros 45 minutos. Sem forçar, trocava passes com tranquilidade. Assim, meio que por acaso, veio o sexto. Loftus-Cheek fez jogada pela direita, cortou para o meio e chutou. A bola bateu no calcanhar de Kane, que passava um pouco à frente, e matou Penedo.

Depois do gol, o jogo reduziu o ritmo, principalmente porque cada técnico fez suas alterações. Southgate tirou Kane, Trippier e Lingard, mandando Jamie Vardy, Danny Rose e Fabian Delph a campo. Hernan Gomez também fez todas as três de uma vez: Trocou Godoy, Barcenas e Gomez por Ricardo Ávila, Abdiel Arroyo e Felipe Baloy. Torres ainda perdeu uma chance clara depois que apareceu livre na segunda trave na cobrança de escanteio e desviou sem jeito.

Aos 20, Murillo avançou sem marcação pela direita, se infiltrou na área e tentou o toque por cima de Pickford. O goleiro fechou o ângulo e impediu que a bola tomasse a direção do gol, e Stones afastou na sequência. Mas foi justamente com Ávila e Baloy que o Panamá marcou seu primeiro gol em Copas, aos 32: O volante bateu a falta na área, só uma parte da defesa inglesa fez a linha de impedimento, e Maguire deu condição à chegada do zagueiro, que de carrinho marcou seu nome na história de La Marea Roja. O camisa 23 saiu às lágrimas, sabendo da grandeza do feito. E, apesar da goleada, deu um motivo para o seu povo comemorar.

O cara da partida

Harry Kane. Contra o Panamá, além de decidir o jogo, como fez contra a Tunísia, deixou três bolas na rede. Assim, é o artilheiro da Copa com cinco gols em duas partidas, um tento à frente de Cristiano Ronaldo e Romelu Lukaku. Tudo bem, os adversários não eram tão fortes. Mas considerando as complicações das grandes seleções diante de jogos teoricamente fáceis, os ingleses fizeram o seu, confirmando que a decisão da primeira posição fica para o último jogo da fase de grupos.

Como fica

Bélgica e Inglaterra chegam à segunda vitória e se classificam no Grupo G. Os Diabos Vermelhos e os Three Lions têm campanhas rigorosamente iguais: seis pontos, oito gols marcados e dois sofridos — a Inglaterra fica em primeiro apenas pela menor quantidade de cartões amarelos. Agora, o confronto direto vai decidir quem fica com a primeira posição, na quinta-feira, em Kaliningrado, às 15h. No mesmo dia e horário, o Panamá enfrenta a Tunísia em um jogo de despedida para La Marea Roja e Águias de Cartago.

Sem contestação: Inglaterra e Bélgica estão classificadas e decidem o primeiro lugar na última rodada (Globoesporte.com)

Ficha Técnica

Inglaterra 6×1 Panamá

Local: Estádio Nizhny Novgorod, em Nizhny Novgorod (RUS)
Árbitro: Gehad Grisha (EGI)
Gols: Stones, 8’/1T; Kane, 22’/1T; Lingard, 36’/1T; Stones, 40’/1T; Kane, 46’/1T; Kane 17’/2T; Baloy, 32’/2T
Cartões amarelos: Cooper, Escobar, Murillo (Panamá); Loftus-Cheek (Inglaterra)
Cartões vermelhos: Nenhum

Inglaterra
Jordan Pickford, Kyle Walker, John Stones, Harry Maguire; Kieran Trippier (Danny Rose), Jordan Henderson, Ruben Loftus-Cheek, Jesse Lingard (Fabian Delph), Ashley Young; Raheem Sterling, Harry Kane (Jamie Vardy). Técnico: Gareth Southgate.

Panamá
Jaime Penedo, Michael Murillo, Román Torres, Fidel Escobar, Eric Davis; Gabriel Gómez (Felipe Baloy); Eric Bárcenas (Abdiel Arroyo), Armando Cooper, Aníbal Godoy (Ricardo Ávila), José Rodríguez; Blás Pérez. Técnico: Hernán Darío Gómez.

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