O pragmatismo da Suécia bastou para vencer a Coreia do Sul e embolar o grupo F

Luiz Henrique Zart
Popytka
Published in
6 min readJun 18, 2018
(Getty images)

Em um grupo equilibrado, é essencial vencer confrontos diretos. Mesmo com vantagens magras. A Suécia conseguiu seu objetivo desta forma, batendo a Coreia do Sul sem abrir mão de uma de suas principais características: o pragmatismo. Com mais qualidade e domínio da posse de bola, conseguiu criar chances, mas não precisaria de muito para superar um adversário limitado, que deve ter poucas chances na sequência da competição. Um pênalti, convertido pelo capitão Granqvist, faz a Suécia dar o primeiro passo em busca da classificação, principalmente depois da derrota dos alemães diante do México. Vale ressaltar: o próximo jogo dos nórdicos é contra a tetracampeã do mundo. E, assim, o grupo segue embolado, já na primeira rodada.

Os times

A Suécia foi à Rússia depois de se classificar atrás apenas da França, na fase de grupos, ficando com a repescagem. O caminho não era fácil, mas os escandinavos superaram a tetracampeã Itália em Solna, e depois seguraram o empate no San Siro. É o retorno, depois de 12 anos. A Coreia do Sul, por sua vez, veio de uma campanha instável. Conseguiu uma das duas vagas diretas à Copa se classificando em segundo, atrás do Irã. São nove Copas seguidas dos asiáticos.

O técnico Janne Andersson vinha para a estreia com duas linhas de quatro, com Robin Olsen no gol. Na primeira delas, Mikael Lustig, Andreas Granqvist, Pontus Jansson e Ludwig Augustinsson; na segunda, mais à frente, Albin Ekdal e Sebastian Larsson davam sustentação à marcação com qualidade na saída de bola. Pelos extremos da linha do meio de campo, Viktor Claesson pela direita, e o destaque Emil Forsberg pela esquerda. O ataque, de dois centroavantes pesados, vinha com Ola Toivonen e Marcus Berg. Já a Coreia do Sul depositava suas esperanças no dono da camisa 7, Heung-Min Son. Ele estava na ponta esquerda de um 4–3–3 que tinha à meta Jo. Com a linha defensiva composta por Lee, Jang, Kim e Park; o meio com Ko, Ki e Lee, e o ataque com Hwang na ponta direita e Kim como referência.

(Fifa.com)

O jogo

A Coreia do Sul começou melhor imprimindo um ritmo forte que a Suécia não acompanhou. Mas na defesa, ao longo da primeira etapa se portou melhor, com as duas linhas dificultando a construção ofensiva dos asiáticos. Ao mesmo tempo, com bons nomes pela faixa central do gramado, procurava abastecer seus centroavantes. Aproveitando a segunda maior média de altura desta Copa do Mundo, com 1,85, os escandinavos tinham na bola alta o principal recurso, contra uma defesa relativamente baixa.

Os cruzamentos eram um tormento aos coreanos, com Jansson desperdiçando uma boa oportunidade a partir de um escanteio. Entretanto, a melhor das chances dos europeus na primeira etapa veio aos 19, e por baixo. Depois do escanteio curto, a defesa dos tigres asiáticos cortou o cruzamento, mas não pegou a sobra na entrada da área. A bola foi cruzada, e no bate-rebate, Toivonen encontrou Berg livre de marcação, quase na pequena área. Ele bateu de perna esquerda, mas Jo salvou de joelho a tentativa do homem-gol sueco. Eram muitos lances travados pelas defesas, com a Coreia arriscando a velocidade, e a Suécia escolhendo a força física.

O segundo tempo começou mais animado. Logo aos quatro minutos, em uma desatenção da defesa sul-coreana, a Suécia cobrou rápido de trás do meio de campo e Berg estava pela direita. O centroavante mandou rasteiro e, depois do corta-luz, encontrou Forsberg. O camisa 10 cortou para o meio e tentou achar o ângulo do goleiro: sobrou força, faltou curva.

Os tigres asiáticos conseguiram chegar bem em um lance pela esquerda, na triangulação. Koo iniciou a jogada, que teve a bola cruzada para a área, quando o meio-campista conseguiu desviar para o gol, com a bola correndo pela rede, mas pelo lado de fora, sem tanto perigo. Quem ameaçava com a mesma estratégia eram mesmo os suecos. Com uma falta lateral, Larsson mandou a bola para a área e encontrou Toivonen em boa posição. O camisa 20 arrematou bem, mas o goleiro sul-coreano conseguiu defender de manchete.

Aos 17 minutos, o VAR entrou em ação novamente. Claesson chegou antes na bola dentro da bola e Kim, na disputa, só pegou o tornozelo do sueco. O juiz, a princípio, mandou o lance seguir, mas segundos depois optou por rever o lance e assinalou a penalidade. Quem foi à marca da cal foi o capitão, Granqvist, que só teve o trabalho de deslocar Jo para mandar para as redes.

Toivonen e Ekdal, cansados de lutar, um no ataque e outro marcando, saíram para as entradas de Thelin e Hiljemark. Larsson, substituído por Svensson, saiu sentindo a panturrilha. Com o fôlego novo, os tigres asiáticos se lançaram em busca do empate de maneira coordenada, mas sem qualidade técnica ou chances decisivas, enquanto os suecos prendiam a bola, deixando apenas Thelin para puxar contra-ataques e Berg mais à frente para fazer o pivô nos lançamentos longos. Nos minutos finais, a insistência aparecia na subida dos laterais, que apoiavam sempre com cortes rasteiros, facilitando o corte da zaga sueca. Quando optou pela bola alta, conseguiu uma de suas poucas (e melhores) chances. Jaesung Lee escorou de cabeça para o meio da área, e Wang chegou livre de marcação, mas deu a direção errada ao seu arremate. Sobretudo, foi um jogo de muitas faltas — aliás, a partida com mais infrações até o momento na Copa.

O cara da partida

O capitão Andreas Granqvist. É uma das referências técnicas e de experiência dos Suecos. O batedor oficial das penalidades é o suporte defensivo dos escandinavos, e nos momentos de necessidade, consegue corresponder. A Copa depois de 12 anos é uma premiação ao veterano, que em uma bola da marca da cal, deu três pontos essenciais à sua seleção.

Como fica

Travado em muitos momentos, o jogo entrega um ótimo resultado para os escandinavos, que tem na próxima partida, diante da Alemanha, um embate decisivo. O palco será o Estádio Olímpico de Sochi, no sábado, dia 23, às 15h. Nos critérios de desempate, os suecos assumem a liderança, superando o México. Aos sul-coreanos, ainda zerados, o panorama é mais complexo, vistas as limitações, com os adversários que têm pela frente. O próximo confronto é contra os mexicanos, no mesmo dia, em Rostov, às 12h.

(Globoesporte.com)

Suécia x Coreia do Sul

Local: Estádio Nizhny Novgorod, Nizhny Novgorod (RUS)
Árbitro: Joel Aguilar (SLV)
Gols: Andreas Granqvist aos 20’/2T (Suécia)
Cartões amarelos: Viktor Claesson (Suécia), Kim Shin-Wook, Hwang Hee-Chan (Coreia do Sul)

Suécia

Robin Olsen; Mikael Lustig, Pontus Jansson, Andreas Granqvist e Ludwig Augustinsson; Viktor Claesson, Sebastian Larsson (Gustav Svensson aos36’/2T), Albin Ekdal (Oscar Hijemark aos 26’/2T) e Emil Forsberg; Marcus Berg e Ola Toivonen (Isaac Thelin aos 31’/2T). Técnico: Jan Olof Andersson

Coreia do Sul

Cho Hyun-Woo; Lee Young, Jang Hyun-Soo, Kim Young-Gwon e Park Joo-Ho (Kim Min-Woo aos 28’/1T); Lee Jae-Sung, Ki Sung-yueng e Koo Ja-Cheol (Lee Seung-Woo aos28’/2T); Hwang Hee-Chan, Kim Shin-Wook (JungWoo-Young aos 21’/2T) e Son Heung-Min. Técnico: Tae-Young Shin

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