Porque resolvi criar o Back To Business?

Marcos Moraes
Back To Business?
Published in
4 min readSep 9, 2020

Quando mais novo não gostei de estudar. Desde criança sempre fui apaixonado por esportes e mais ainda pelo futebol. Sonho de criança era ser jogador mas como vocês podem ver acabei tomando outro rumo. Demorei um pouco pra entrar na faculdade (24 anos, geralmente a galera entra logo depois do ensino médio) de ciência da computação mas fiz colegial técnico em processamento de dados e desde cedo a tecnologia está presente em minha vida.

Voltando ao assunto dos estudos, percebi que na Faculdade eu estava começando a gostar de estudar, pois a maioria dos assuntos eu gostava. Mas como nem tudo são flores, mesmo na Faculdade de ciência da computação eu tinha algumas disciplinas “chatas”, como Direito, Economia e Metodologia Científica (que no final das contas acabou me ajudando quando mais tarde
resolvi fazer um Mestrado). Porém, ressalto que as disciplinas de computação eu sempre mandei muito bem. Por quê? Eu gostava! À medida que o tempo foi passando continuei estudando todos os dias mesmo depois de formado e mais tarde, quando fui aprovado para o Mestrado, tive que lidar com as disciplinas “legais” & “chatas”.

Uma questão que sempre me incomodou e continua incomodando é a forma como a educação é tratada no Brasil. Além de todos os problemas conhecidos, que vão desde os alunos se formarem como analfabetos funcionais até faculdades distribuindo diplomas (não vou entrar no mérito aqui…), bem como a forma tradicional do ensino, onde os alunos são meros expectadores de um “mestre” lá na frente explicando/despejando milhões de informação aos alunos.

Apesar de todo o esforço e dedicação que tive na Faculdade, saí com uma base muito fraca. Os motivos são diversos e vão desde professores despreparados, sem experiência de mercado de trabalho e que não te preparam, pois eles mesmos não possuem essa vivência, e até mesmo o conteúdo fraco.

Paralelamente sempre trabalhei para pagar os meus estudos e quando os finais de semana chegavam, eu queria descansar e não estudar por fora. Desculpa? Hoje eu enxergo que sim, poderia ter usado esse tempo pra estudar mais e ir muito além do que me ensinavam, mas infelizmente não foi o que aconteceu.

Quando fui para o mercado de trabalho, percebi que não estava preparado e precisava de muito mais do que eu tinha aprendido na Faculdade. Qual foi minha saída? Estudar e me preparar mais, colocar minha cabeça dos estudos e entender que só dependia de mim se quisesse mudar de vida. Aos poucos fui mostrando meu trabalho e ganhando a confiança das pessoas que trabalhavam comigo e naturalmente as coisas foram acontecendo e novas ideias foram surgindo.

Anos mais tarde e depois de muito rodar no mercado de trabalho, resolvi empreender. O ano era 2014 e eu tinha um bom emprego, me ingressei no mestrado, minha esposa ficou grávida e tínhamos um bom plano de saúde.

Porém, resolvi sair do meu emprego (papo para outra ocasião) e começar uma startup com outros 3 sócios. Desde então comecei a trabalhar com uma diversidade muito grande de pessoas e isso foi fantástico. Aos poucos percebi que o mercado de Tecnologia estava aquecido, havia muitos profissionais em busca de emprego, mas o que faltava eram os profissionais qualificados. Falo
isso porque eu tinha muita dificuldade de contratação. Lembrei muito dos meus anos de faculdade e a minha dificuldade para entrar no mercado de trabalho recém-formado.

Em 2019, a Loft (empresa que trabalho hoje) comprou minha empresa Spry e acabei ficando com um escritório montado e com muita pena de vender/desfazer de tudo. Foi quando me veio à cabeça de usar o espaço pra ajudar pessoas a entrar no mercado de TI. Porém, bancar financeiramente um escritório apenas pra fins sociais não era brinquedo. Tentei fazer algumas parcerias com faculdades, onde eu poderia ajudar os alunos do último ano, pois só precisava de um espaço, mas por incrível que pareça fui barrado pela burocracia e “cansei”!

Foi quando entrei em contato com um amigo, o Professor Leandro Guarino o qual relatei para ele sobre o projeto, e que por conta dessa pandemia poderíamos aproveitar que todos estão se adaptando ao universo online. Resolvemos ir atrás dos ex-alunos que estavam há mais tempo desempregados e/ou que nunca haviam trabalhado e que gostariam de entrar no mercado de trabalho de TI. Fizemos um breve questionário com algumas perguntas, com o objetivo de alinhar a expectativa de todos e enviamos via e-mail a todos eles. Para minha surpresa sessenta pessoas responderam, mas como o projeto ainda está em fase de piloto, convidei 15 destes profissionais que estavam em situação crítica. Outro critério utilizado era que a metade da turma deveria composto por mulheres, dado que hoje não temos muitas no mercado por diversos motivos (assunto pra outro post). Apareceram somente 3, mas estão firmes e fortes no projeto.

Lembra quando comentei sobre a forma de ensino tradicional, que desde cedo sempre me incomodou? Então, tenho tentado usar metodologias ágeis no processo de aprendizagem. Recentemente li o livro “Learning 3.0” do Alexandre Magno, e ao lê-lo me deu mais esperanças. Também comecei a me interessar por projetos em escolas que usam o Scrum como framework de ensino, onde os alunos também são os professores e compartilhadores de conhecimentos.

E afinal qual é o objetivo final do BTB? Fazer com que essas pessoas entrem no mercado de trabalho. Sobre o projeto? Conto num próximo post.

Até mais!

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