Inovação social: como os dados podem ser utilizados para o bem público?

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Você sabia que anualmente produzimos tantos terabytes de dados, que daria para ir seis vezes daqui à lua? Pois é, quando interagimos com redes sociais, sites e ferramentas de busca, e até quando somos atendidos por empresas e o governo, estamos gerando dados. E você sabia que esses dados podem ser utilizados para o bem público, por empresas, por meio do que chamamos de inovação social?

Sim, se as grandes corporações como a Amazon, Facebook e Google usam para fins de negócios e remuneração dos seus acionistas, por que esses mesmos dados não poderiam ser utilizados para impactar na sociedade positivamente, buscando soluções para os problemas sociais?

Dizem que os dados são o novo petróleo, mas, mais que isso, os dados, além de serem o novo poder, tratam-se de recursos infinitos, e se refinados e utilizados para o bem, são extremamente úteis para o desenvolvimento sustentável da humanidade.

No entanto, quando falamos de dados, não queremos dizer que são apenas números ou informações frias. Estamos mencionando pessoas, seus sentimentos, opiniões e anseios. Estamos diante da descoberta de padrões culturais e sociais, estamos diante do que podemos chamar de etnografia digital.

É diante desse arsenal de informações que podem nascer inovações, através de produtos e serviços em prol dos cidadãos, para atender necessidades que muitas vezes não tínhamos ideia que existiam.

Além disso, quando estamos falando de dados no governo produzidos com o dinheiro público, nada mais justo que serem utilizados como propulsores de benefícios para quem financiou sua coleta e estruturação, não é mesmo?

Foi com o ápice do uso do Big Data na última década, que o termo inovação social começou a ser utilizado e é sobre isso que falarei adiante.

Saiba mais sobre o que é inovação social

Apesar de haver um certo estereótipo sobre o termo inovação social, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não se trata de caridade ou assistencialismo, mas sim da criação de uma solução para resolver um ou mais problemas sociais, beneficiando toda a sociedade e não apenas alguns indivíduos.

A inovação pode partir de iniciativas não apenas do poder público, mas também da iniciativa privada, organizações não governamentais e sem fins lucrativos, e até mesmo pela sociedade civil.

Existem ainda empresas que são híbridas, ou seja, geram lucro mas também causam impacto social. Afinal:

Entre mudar o mundo e ganhar dinheiro, por que não ficar com os dois?

Os “negócios de impacto” são classificados como pertencentes ao setor 2.5, pois ficam entre o segundo e o terceiro setor, conforme você pode ver abaixo:

Apesar de o termo inovação social ser utilizado desde os anos 60, a disseminação do seu uso ocorreu no início do século XXI, com o reforço da academia.

Na prática, as iniciativas para criar soluções e melhorar a vida da sociedade e do planeta ocorrem há muito tempo, mas a propulsão veio com o uso dos dados para o bem público.

E para você entender melhor a aplicação do termo inovação social, abaixo, alguns exemplos de iniciativas que já fazem o bem através dos dados.

Iniciativas que utilizam dados para o bem público

No mundo existem muitos movimentos que fazem uso dos dados para o bem público, mas aqui, vou me ater aos exemplos dentro do nosso país.

Você já ouvir falar do Social Good Brasil (SGB)? A organização foi a precursora da união de tecnologias e ciência de dados para impacto social no Brasil, conectando e colocando pessoas para inovar e agir com base nesse propósito.

Hoje, são mais de 8 milhões de pessoas beneficiadas pelos empreendedores sociais apoiados pelo SGB, e esse número cresce exponencialmente.

A Operação Serenata de Amor é outra iniciativa que visa o bem público. O projeto usa a ciência de dados para auditar as contas públicas de deputados e senadores, identificando suspeitas e incentivando a população a questioná-los.

O coletivo científico de dados denominado Matrioska busca significar as vozes que ecoam na internet sobre feminismo e empoderamento feminino, trazendo informações sobre o perfil e o que se tem falado sobre o assunto na grande rede de dados.

O TEDx talk da Dierê Fernandez reflete muito do que falei até aqui. Vale a pena tirar alguns minutos do seu tempo para assisti-lo:

Como a Portabilis utiliza dados para o bem público

Recentemente a Portabilis, empresa que sou fundador e CEO, ingressou no laboratório de dados do SGB, iniciando um movimento de utilizar dados para o bem público.

O impacto social que queremos causar através do uso dos dados integrados da Educação e Assistência Social é diminuir o abandono e a evasão escolar, contribuindo para que as famílias superem situações de vulnerabilidade e risco social, grandes causadoras da infrequência dos alunos na escola.

Fazendo uso dos dados abertos disponibilizados pelo governo federal, conseguimos encontrar padrões que indicaram que a vulnerabilidade social impacta diretamente na evasão. Nosso objetivo é tornar esses dados cada vez mais acessíveis e transparentes para que a sociedade civil e o poder público consigam buscar soluções ágeis para o problema da infrequência escolar.

Perceba que nós da Portabilis além de buscarmos a sustentabilidade do nosso negócio, inovamos socialmente através de soluções que tragam impacto positivo para toda a sociedade, ou seja, somos um negócio de impacto do setor 2.5.

Penso que se tivermos menos “O que eu vou ganhar com isso?” e mais “Como eu posso contribuir com isso?”, tornaremos o mundo um lugar melhor para vivermos.

Cabe a nós todos optarmos pelo o que fazer com os dados: apenas lucrar ou nos movimentar para a inovação social e para o bem público? Devemos fazer o bem e causar impacto positivo na sociedade, como ponto entre problemas sociais e soluções reais.

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E então? Conseguiu entender o que é inovação social e como os dados podem ser utilizados para o bem público? Sentiu-se motivado para inovar e causar impactos sociais positivos? Deixa um comentário aqui, será um prazer ouvi-lo ;)

Eu sou Tiago Giusti, especialista em soluções para o governo nas áreas da educação e assistência social, fundador e CEO da startup @portabilis e apaixonado por empreendedorismo social.