A busca e o culto pelo corpo perfeito
De acordo com uma pesquisa divulgada pela ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética), no ano 2018, o Brasil registrou a realização de mais de 1 milhão de cirurgias plásticas, além 969 mil procedimentos estéticos não cirúrgicos
Júlia Calaça
A busca incansável pelo corpo perfeito se torna cada dia mais claro quando observamos as redes sociais. A estética implantada por esses meios é muito maior do que imaginamos, principalmente em jovens e adolescentes. O Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, número que vem aumentando após o Instagram entrar no gosto da população.
Na indústria da beleza o corpo é visto como produto, principalmente o das mulheres, que são a grande gama atingida. Remédios para o emagrecimento, propagação de dietas extremamente restritivas, influenciadores digitais publicando o resultado de suas cirurgias plásticas, as quais são romantizadas, transformando esses procedimentos em algo natural.
Porém, o que não são citados é todos os riscos, toda dor após o processo, sem contar os valores exorbitantes gastos apenas por estética. A lipo LAD (Lipo de Alta Definição) foi a atual cirurgia que caiu no gosto das blogueiras e influenciadoras, que nada mais é do que a definição dos músculos dando aquele aspecto do tão sonhado abdômen marcado. O procedimento se tornou famoso no ano de 2020, após a cantora Ludmilla e sua esposa postarem os resultados em suas redes sociais.
55% das cirurgias realizadas no ano de 2017 foram no intuito de sair melhor nas fotos. As mais procuradas são rinoplastia e silicone, a faixa etária que mais chega a realizar a cirurgia são adolescentes de 13 a 18 anos.
Grande parte das pessoas acredita que ninguém está 100% feliz com seu corpo sempre existe algo que “pode melhorar”. O que mais incomoda as pessoas é o peso; essa insegurança acaba levando as pessoas a fazerem dietas malucas que trazem como consequência transtornos alimentares severos. Os padrões de beleza estão em constante processo de mutação, sofrendo influências de variáveis sociais, culturais e até mesmo biológicas.
A psicóloga Izilda Gumiero nos explica ‘’todos estão à procura do corpo perfeito, tanto homens quanto mulheres. O povo brasileiro busca muito a perfeição, tudo pode ser modificável, o país tem uma grande acessibilidade às cirurgias plásticas, o que as pessoas não levam em conta é que futuramente esses procedimentos podem gerar problemas de saúde. Quando você não tem uma imagem corporal bem estruturada, podem ser desenvolvidos distúrbios alimentares. Muitos produtos também são vendidos na internet, com promessas de te encaixar no modelo procurado da década. A comparação é comum na sociedade, pois com a frustração de muitas vezes não alcançar o padrão idealizado por si próprio e ver outros com mais desenvolvimento naquele modelo, acabam fazendo a busca intensiva por procedimentos estéticos das propagandas feitas em redes sociais por figuras públicas. Essa frustração acaba gerando doenças.”
“Eu sempre tive uma boa relação comigo mesma, claro que com altos e baixos, porém sempre fazendo pequenos exercícios no dia a dia, como me admirar na frente do espelho e entender que sou única. Vejo coisas que me incomodavam antes, como algo diferente que faz parte de mim “, relata Melyssa Araújo, 15 anos.
O processo de aceitação pode levar um tempo, mas é algo que precisamos aderir para o próprio bem-estar. Mas não confunda aceitação com conformação; nos aceitarmos como somos é o amor-próprio, já o conformismo, é o oposto, levar na estagnação aquilo que não nos faz bem. A procura por ajuda e acompanhamento psicológico são as soluções para esses distúrbios e processo de aceitação.
Edição: Monike Cruz
Revisão: Marina Norato
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