A mulher negra e o mercado de trabalho

Jornal Expresso
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4 min readApr 9, 2020

Preconceitos e barreiras encontrados, a desigualdade salarial e a falta de oportunidades. Primeiro ela sofre por ser negra e depois por ser mulher

Júlia Calaça

Em tempos remotos e na atualidade as mulheres negras vêm lutando por seus direitos na sociedade. Mesmo sendo 51% da população brasileira, os negros sofrem com a desigualdade e falta de empregos.

Foto: Danilo Verpa

Apesar do aumento do nível de escolaridade, ainda é muito difícil encontrar mulheres negras em cargos executivos. Essa escassez no mercado de trabalho é devido à falta de oportunidades, fora o racismo e sexismo.

Um estudo realizado pela Folha de São Paulo, as mulheres negras têm uma renda média de R$1.476, enquanto o homem negro tem a renda em média de R$1.849. Em seguida vem a mulher branca com rendimento médio de R$2.529 e no topo o homem branco com rendimento médio de R$3.364. Sendo assim a classe negra com menor remuneração.

Imagem: Anin Urasse/Pensamentos Mulheristas

Pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que os negros representam três quartos da população pobre do país e apenas 17% é de classe média alta, incluindo homens e mulheres. Levando a falta de representatividade de negras nos espaços públicos.

Outro estudo também feito pelo IBGE, ter filhos entre 15 e 19 anos é mais comum entre mulheres negras e isso acaba interferindo na procura de emprego e no desempenho nos estudos. Sem contar a luta diária contra o preconceito e a dupla jornada.

Muitas dessas mulheres se encontram ocupando vagas precárias de trabalho e sem carteira assinada, sem benefícios e além de tudo, com salários extremamente baixos.

Imagem: Christina/Unplash

Um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), “O emprego doméstico no Brasil” aponta a elevação do número de domésticas negras no país. Mostrou que houve um aumento também no número de jovens, entre 10 a 17 anos para este trabalho. Há muitas limitações em função da cor da pele, religião, estilo do cabelo, entre outros

Essa limitação implantada gera privilégio para outros e aumenta o nível de desigualdade. Ocasionando um processo muito lento à procura de mudança nessa situação.

Narrativas da realidade

O documentário “Nós, Carolinas (2016), produzido pelo coletivo, Nós, mulheres da periferia, conta a história de quatro mulheres negras. Dona Carolina de 96 anos, Joana Ferreira Carvalho de 51 anos, Tarcila Pinheiro de 32 anos e Renata Ellen Soares Ribeiro de 17 anos. O documentário mostra as dificuldades que sofrem mas também suas conquistas. Relata a falta de escolaridade e a força de vontade dessas mulheres.

Já no documentário “Vidas de Carolina” (2015), de Jessica Queiroz, são relatos de três mulheres negras que sustentaram seus filhos com trabalho de catadoras.

Entre essas mulheres retratadas, está Carolina de Jesus, mulher que deu título aos documentários. Carolina era catadora, mas que mantinha seus escritos noturnos. Que anos mais tarde foi publicado por um jornalista e se tornou um best-seller, com o título Quarto do Despejo: Diário de uma Favelada. É o retrato de uma mulher negra, favelada e acima de tudo batalhadora. Servindo de inspiração para muitas jovens da periferia.

Além de todos os obstáculos, temos muitas mulheres negras servem como exemplo de feminismo e luta por seu lugar na sociedade.

Glória Maria, primeira repórter negra da televisão brasileira. Ellen Johnson Sirleaf, primeira mulher negra chefe de estado da Libéria. Rosa Parks, ativista negra norte-americana, símbolo do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Aretha Franklin, que se tornou uma das vozes mais conhecidas do mundo da música. Entre muitas outras.

Imagem: Julia Calaça

Vivendo numa realidade repleta de desafios e limitações, a mulher negra levanta e vai à luta todos os dias com garra para alcançar seus objetivos e lutar contra o preconceito.

Edição: Nayara Paiva

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