“Abstinência sexual” ignora a realidade dos jovens
Campanha que ocorreu no mês de fevereiro não condiz com a realidade dos jovens
Com o aumento da taxa de natalidade na adolescência, em conjunto com as ideias e valores da atual ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, propôs como projeto de política pública, a abstinência sexual entre os jovens e o adiamento do início da vida sexual.
A proposta de Damares, vai contra ao acesso as informações sobre doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), orientação os métodos contraceptivos disponibilizados aos jovens, que costumam se sentir intimidados em falar e perguntar.
Campanha
A campanha que teve início de veiculação em fevereiro, tem como título “Adolescência primeiro, gravidez depois”, com uso da hashtag #TudoTemSeuTempotraz.
No site do Ministério da Saúde, é possível encontrar o material gráfico da campanha para distribuição. O valor investido na campanha foi de R$ 3,5 milhões.
Enquanto a ministra, ignora a realidade dos jovens, propondo campanhas que não orientam e apenas silenciam. Jovens buscam entender melhor sobre sexo na internet, fontes nem sempre confiáveis e informações falsas sobre doenças e métodos contraceptivos caseiros que podem evitar a gravidez e fecundidade.
Criticada por especialistas, afirmam que adiar o início da vida sexual ou abstinência não comprova a eficácia de prevenção. O início da vida sexual orientado por profissionais de saúde, é que seja aos 14 anos de idade. Não falar sobre o assunto, não diminui os números.
Gravidez entre as adolescentes
A pesquisa publicada pela Fundo de População da ONU (UNFPA), mostra que no Brasil, 62 entre mil bebês nascido vivos, são de meninas entre 15 a 19 anos.
O impacto que causa na vida dessas jovens, são conhecidos, mas sem apresentação de soluções, como dificuldade em conseguir um emprego, retornar aos estudos, pois, muitas deixam de frequentar o ensino básico ou não tem vagas em creches para que possam deixar o filho enquanto trabalham.
A lei 13.811/19, que proíbe o casamento de jovens antes dos 16 anos, não impede que casais mais jovens residam juntos com idade precoce e tenham vida sexualmente ativa e por vezes de maneira forçada.
Ignorado pela proposta da campanha, os dados sobre abuso sexual infantil. Dados divulgados pelo Instituto Liberta, mostra que em 2017, 92,4% das vítimas de violência sexual eram meninas, sendo 67,8% com idades de 10 a 14 anos.
A UNFPA, vem sendo um apoio especifico para auxiliar e estudar melhor a população. Em divulgação dos relatórios, ocorre seminários e debates, com finalidade de auxílio em campanhas para orientação sexual aos jovens e prevenção de doenças.
Por outro lado
Mas enquanto o alerta é feito para o alto índice de natalidade entre jovens, o país tem sua taxa de fecundidade em declínio, são 1,7 filho por mulher. Sendo este menor entre mulheres de vulnerabilidade social. Isso se dá com acesso e distribuição de métodos contraceptivos em postos de saúde e campanhas em terminais de transporte público e orientação de planejamento familiar.
Edição: Nayara Paiva