Artista ituano retrata críticas sociais e referências musicais em suas obras

Yves tem 21 anos, cursa psicologia e tem como objetivo criar sua marca própria de streetwear

Jornal Expresso
Portal Expresso
5 min readApr 3, 2019

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Gabriela Prado

“White Fluff” por babylon

Com apenas 21 anos de idade, o artista ituano Yves Gabriel Domingos já coleciona trabalhos e parcerias com grandes nomes do mundo artístico e cultural, dentre eles a Warner Music — com a rapper Cardi B — , o cantor sertanejo Lucas Lucco, a plataforma de streaming Spotify, Sony Music, o cantor Ferrugem e os rappers brasileiros BK e Akira Presidente.

Além de colabs com nomes do ramo cultural, Yves também já realizou outros trabalhos. “Trabalhei diversas marcas do streetwear brasileiro, me dando experiência e me ajudando hoje em dia com meu novo projeto, que é ter a minha própria marca”, conta, acrescentando que “tudo isso me tornou um profissional melhor e me ajudou a valorizar meu trabalho” e que isso proporcionou a ele “experiências únicas em trabalhos musicais ou relacionados a isso”.

Seu Instagram profissional já conta com mais de oito mil seguidores e mais de 90 publicações de suas artes, que mostram muitas cores e elementos old school e vaporwave mesclados de forma harmônica com o traçado leve e único de Yves. “A minha grande felicidade relacionada à arte é ter toda experiência que eu tenho e as oportunidade que tive ao longo desses anos”, destaca.

“Enquadro” por babylon

Questionado pela reportagem do Expresso a respeito do viés político e social de suas artes, Yves registrou que “não falar de assuntos que devem ser falados faz com que tudo que conquistei seja inútil”, alegando também que muito conteúdo de suas produções é relacionado a questões e gostos pessoais e também sua vivência, mas que “algumas artes demonstram coisas do que acredito e vejo”.

“Nos últimos tempos, produzi algumas artes demonstrando opiniões claras sobre situações de machismo, homofobia e racismo. Tive um feedback ótimo de produções assim e isso me dá tranquilidade, de que meu público tem a ciência de todos os problemas e cada um sabe onde está inserido nesses problemas, e inspiração para continuar produzindo conteúdo desse tipo”.

O início da relação com a arte

Yves | Foto: arquivo pessoal

Assim como todo artista, Yves também tem uma história de como tudo começou e como foi seu primeiro contato com a arte. Ele contou que, quando criança, sua mãe não possuía condições de cuidar dele em tempo integral, o que o levou a passar mais tempo com seus parentes. Um deles é seu tio, que na época fazia arte em azulejos e vendia nas praças e estabelecimentos de Itu e região. Ele também menciona que aos sete anos de idade, aproximadamente, recebia ensinamentos de técnicas de sombra e pintura, aprendendo técnicas mais complexas — como perspectiva — ao longo do tempo.

“Comecei a pintar em azulejos, misturar as tintas à base de óleo e muitas coisas. Toda a minha infância foi moldada com desenhos e pinturas”, narra. “O tempo passou, me desprendi drasticamente de arte e pulei em tecnologia na minha adolescência, mas sempre pediam pra eu voltar a desenhar. Tive um grande trajeto de conhecimento pessoal na adolescência, até que acabei achando uma oportunidade misturar os dois: arte virtual. Hoje recuperei todo o entusiasmo da infância que acabei perdendo na adolescência”, descreve Yves, que atualmente cursa o 8º semestre de psicologia no CEUNSP Itu e comenta que a psicologia o ajuda muito com arte, “tanto no sentido interno como artista até a minha produção”. “Todo conhecimento que tenho foi aprendido de vivência e experiência própria, desde a infância com minha família”.

“Revista íntima” por babylon

Ele também expressa que, “mesmo sendo difícil, ainda mais no interior, eu atuo somente como artista”, alegando que batalhou muito nesses anos para se concretizar como tal e hoje consegue. Sua segunda atuação, como disse ele em entrevista, é o projeto de sua nova marca. “Sempre fui ligado à moda — demonstro bastante em minhas artes — e irei encarar esse novo desafio como designer”.

Influências artísticas e musicais

Jean-Michel Basquiat e sua obra | Foto: longroom.com

Referências são tudo na vida de qualquer criador de conteúdo. Não apenas influenciado por artistas plásticos, Yves também tem artistas musicais inspiradores para suas obras. Em primeiro lugar está o pintor norte-americano Jean-Michel Basquiat (1960–1988), conhecido por suas obras neoexpressionistas. Basquiat foi inspiração para Yves desde criança, “contrariando tudo que estava inserido em diversas questões, mudando o padrão e afetando positivamente diversas pessoas”. “Para mim, vai ser sempre o nome mais importante relacionado à arte”, enfatiza.

Designer de moda Virgil Abloh | Foto: highsnobiety.com

Além de Basquiat, o estilista e designer Virgil Abloh também está no top 3 de artistas que inspiram Yves. “Virgil, diferente de estilistas com padrão elitista, era negro e pobre e com apenas faculdade de engenharia conseguiu, ao longo dos anos, ser diretor artístico da consagrada Louis Vuitton e ter a sua marca própria, OFF WHITE, como uma das mais requisitadas até hoje”.

Encerrando o top 3, o cantor de rap A$AP Rocky, “com uma história difícil, sem pai, vendendo drogas na adolescência para se tornar o cantor mais bem pago dos últimos anos, ultrapassando a bolha de cantor e virando modelo, designer e diversas atuações”, é considerado por Yves “uma inspiração muito pessoal, bem além do cenário profissional”.

Rapper A$AP Rocky | Foto: wwd.com
Yves | Foto: arquivo pessoal

Yves tem uma gama de fãs pela rede social e recebe muitos elogios e carinho, também se tornando uma referência da arte no interior. “Acho incrível todo esse feedback que tenho em minhas artes! É gratificante conhecer pessoas e ouvir delas algum tipo de elogio ou agradecimento pelo o que eu produzi, sem ao menos conhecê-las! Isso tudo me dá uma direção e uma tranquilidade de que estou produzindo algo bom”, ressalta Yves, que comenta que o espaço artístico está se abrindo aos poucos para artistas regionais.

“Sempre tive uma grande vontade de estar do lado da criação, de criar algo para as pessoas e afetá-las de uma certa forma, e acho que está dando certo”.

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