Folclore brasileiro: arte, conhecimento e cultura

Jornal Expresso
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5 min readApr 4, 2021

Com o passar das gerações, esquecemos partes importantes da cultura nacional como o folclore que é um dos mais ricos por ter influência europeia, africana e indígena

Felipe Sinhá.

Foto: Junior REIS on Unsplash.

Nós temos, em nossa sociedade, a falta de conhecimento sobre a nossa própria cultura. Mas, ficou muito mais fácil conhecer uma parte desse assunto famoso que é o Folclore Brasileiro, já que ele atualmente ganhou uma série em sua homenagem.

O que é o Folclore brasileiro?

Como estudamos no ensino fundamental, o Folclore são lendas, cantigas, contos, festas típicas populares, literatura entre outros. Devido a grande diversidade cultural existente no país, possui influências europeia, africana e indígena. Hoje se tornando uma área de estudo, suas raízes vêm do século XIX, mas só ganhou força no século XX com o movimento nacional do romantismo no Brasil. Com uma cultura tão rica que possuímos é magnífico poder ler, estudar, ouvir sobre esse assunto.

Desde crianças, nós já temos contato com o folclore; por exemplo a música da Cuca: quem nunca ouviu a cantiga “Dorme neném que a cuca vem pegar….”?

Como outro exemplo muito famoso sobre o folclore podemos citar as obras mais famosas de Monteiro Lobato, “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, que conta a história da Cuca, Saci-Pererê, Boto Cor-de-Rosa, Iara, Mula sem Cabeça, Curupira entre outros.

Uma das festas folclóricas mais famosas que temos aqui no país é a Festa Junina que possui um princípio religioso para homenagear os santos São João e Santo Antônio. Acreditava-se que, através desta homenagem, os santos dariam prosperidade às colheitas do ano, proteção contra espíritos ou qualquer tipo de entidade. Além disso, eles garantiriam proteção à colheita de qualquer praga.

Nosso país é dividido em cinco regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Assim cada região tem seus folclores específicos e outros são nacionais.

Foto: 2719743 from Pixabay.

Série: Cidade Invisível

A nova série da Netflix, Cidade Invisível, é uma produção inteiramente brasileira que mostra sobre a cultura do nosso país, tendo como personagens principais os mais famosos do folclore: Cuca, Iara, Saci-Pererê, Boto Cor de Rosa, Curupira e Boitatá.

Com uma trama intrigante, que flui entre o mundo real e o imaginário, é nítido ver que a série de Carlos Saldanha vem para nos mostrar como é importante saber e não deixar morrer nossa cultura.

Assim, quando mostra que Eric (Marcos Pigossi) não é capaz de fugir da realidade fantástica na qual está inserido, não importa o quanto tente, Saldanha deixa submetido que nós não deveríamos também renegar nossa cultura. Esse é o grande mérito da série.

Vemos como o personagem Eric nega de todas as maneiras que aquele mundo não existe, mas quando as respostas que ele procura não tem lógica o que resta para ele é aceitar e acreditar em seu verdadeiro destino. A série mostra o conflito entre o mundo real e o mundo da fantasia. Tendo a sociedade que acredita no Folclore e a que não acredita, assim a história vai se desenrolando com muito suspense, drama e um pouco de terror, a série brinca com esses temas para prender sua atenção e deixar o espectador querendo mais.

Apesar da série estar na sua primeira temporada, ela já teve a segunda garantida, isso se deu pela fama e repercussão internacional que a série causou ; Cidade Invisível alcançou o Top 10 da Netflix, em menos de um mês de lançamento.

Em entrevista com a professora de teatro e premiada atriz Dalila Ribeiro (51), ela comenta sobre a trama e performance dos atores: “A série é instigante, prendendo a atenção do princípio ao fim. Os efeitos especiais de alta qualidade, as cenas da Cuca são de uma beleza absurda. Alessandra Negrini esbanja sensualidade e terror, as do Curupira são de tirar o fôlego. Fábio Lago arrebenta com sua interpretação em todas as cenas. Marco Pigossi como o herói cético que se transforma ali a olhos nus e que prazer ver Thaia Perez com sua naturalidade. Todos escolhidos a dedo.”

Em sua opinião sobre o assunto, Dalila diz: “Mesmo com matas sendo queimadas, animais extintos, a água envenenada na nossa frente diariamente, não enxergamos. Cada vez mais presos em frente de uma ‘tela’ onde podemos ir e vir para todos os lugares do mundo acabamos por esquecer das nossas histórias, nossas raízes e nossa identidade. Vivemos num país com amnésia seletiva, infelizmente. Em Cidade Invisível os seres folclóricos são retirados de seu habitat por nossas ações, se camuflando para sobreviverem, mas não negam suas origens. Temos que abrir os olhos e enxergar realmente o mundo à nossa volta. O Folclore faz parte da nossa existência, não pode ser esquecido, e não será. Passe o tempo que passar ele continuará existindo de geração em geração nas cantigas de ninar, mesmo que seja aterrorizante imaginar a Cuca em cima do telhado, nas brincadeiras, nas danças, nas lendas.”

Foto: Netflix/Divulgação

Giulia Marques (17) estudante de Jornalismo, uma fã da série, completa. “Mesmo a série não trazendo tanta representatividade indígena, para um primeiro passo está muito bom, os personagens sem fugir muito do tema deles e não forçar com histórias inventadas. E um ponto muito positivo foi terem colocado as personagens vivendo no mundo de hoje, se escondendo, mostrando a favela carioca no dia a dia.’’

Segundo Giulia, nosso país precisa mais de séries assim com representatividade da nossa cultura pura e não apenas mostrar que o Brasil é uma terra sem lei, apenas de festas, e sim mostrar a verdade sobre o nosso país, sobre a nossa nação que é enorme e com muita cultura.

Edição: Monike Cruz

Revisão: Marina Norato

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