Lecionar em tempos de distanciamento social
Por causa do coronavírus e do isolamento social, lecionar nos métodos tradicionais vem sendo impossível. Diante disso, professores estão reinventando as formas de aprendizagem durante esse período; veja como esses profissionais estão se adaptando ao distanciamento
Julia Rodrigues
Devido a situação atual, a sociedade vem tendo que se moldar às novas práticas e às condições de isolamento social impostas com a pandemia do novo coronavírus. Hoje, a necessidade de reinvenção e adaptação se tornou essencial para que diversos setores como cultura, economia e educação pudessem continuar atuando.
No que diz respeito à educação, um novo termo se tornou comum, o chamado Ensino Remoto Síncrono Emergencial que apesar de, por vezes, ser associado ao Ensino à Distância (EaD), só se assemelha a esse mesmo no que diz respeito ao uso de tecnologias.
Então do que se trata o ensino remoto síncrono? Esse método diz respeito às aulas por webconferência disponibilizadas ao vivo para estudantes, de forma a tentar trazer ao máximo a interação e trocas de experiências características do ensino presencial.
Dado esse fato, várias instituições de ensino e professores de diferentes âmbitos vem fazendo uso do método para garantir a aprendizagem de seus alunos mesmo em tempos de distanciamento.
Ademais, o ensino remoto ainda se difere em alguns aspectos ao ensino presencial por isso, exige do professor inovação e reformulação nas formas de lecionar convencionais. Sobre o assunto, Renata Becate, mestre em comunicação social e também professora e coordenadora na instituição de ensino Ceunsp (Centro Universitário Nossa Sra. do Patrocínio) discorre.
“Entendo que o professor deve fazer o possível para tornar sua comunicação efetiva em todos os meios e para se fazer entender, mas não vejo ele como único responsável pelo sucesso do processo.”
Segundo ela, alunos também devem fazer sua parte, colaborando com disposição e o entendimento de que são tão responsáveis quanto o professor e a instituição pelos resultados que alcançarão. Afinal “A experiência do real continua, as pessoas estão ali.”, afirma.
Diante das novas abordagens e metodologias Becate ainda ressalta:
“É um momento excepcional e a adaptação foi acontecendo enquanto a realidade se apresentou. Houve revisão de todos os planos de ensino e atividades avaliativas para garantir que todos os conteúdos determinados para o semestre fossem alcançados.”
Para mais, ela ainda comenta “Todos os professores estão trabalhando muito.”
De fato, professores vêm trabalhando muito, e não só no meio acadêmico ou escolar, aulas no geral estão sendo dadas de maneiras diferentes, tendo por base também, o ensino remoto síncrono emergencial.
Gisele de Camargo Duarte, professora de inglês no instituto de idiomas Yázigi, comenta que para ela a principal diferença nessa forma de lecionar diz respeito ao contato físico com os alunos e o quanto isso facilitava, por vezes, uma maior percepção do professor sobre as dúvidas do estudante.
“O ensino remoto requer desse modo, que o professor esteja ainda mais focado nas sutilezas dos sinais oferecidos pelo aluno.” diz ela, e complementa “se o aluno for encorajado a participar ativamente da aula, o momento de aprendizagem será prazeroso e consequentemente eficaz.”
Dessa forma, tendo por base as inovações propostas diante da situação de distanciamento social vivenciada agora e os frutos dessas reformulações para o ensino após pandemia, Gisele destaca:
“Professores e alunos estarão mais abertos a valorizar o ensino à distância como um meio realmente produtivo. Todos temos possibilidade de inovação, ainda que forçados por situações excepcionais como as que temos vivenciado nestes dias.”
Sob o mesmo ponto de vista, Renata Becate afirma acreditar em um possível desapego e reconstrução da forma de lecionar “tradicional”, “Acredito que estaremos mais dispostos a entender que existem outros caminhos, há muito a fazer, mas acredito que estamos no caminho certo” finaliza a professora.
Edição: Nayara Paiva