O protagonismo feminino nas plataformas de streaming

A representatividade feminina no audiovisual é uma revolução e ferramenta de inspiração para as novas gerações

Jornal Expresso
Portal Expresso
5 min readApr 10, 2019

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Gabriela Prado

O movimento feminista empodera e torna as mulheres mais seguras de si para serem e fazerem o que quiserem. As plataformas de streaming se envolvem no balanço, mostrando o protagonismo feminino e quebrando tabus e preconceitos. Se com as movimentações nas redes sociais é possível fazer uma revolução, com o apoio de plataformas midiáticas é possível criar uma legião de pessoas autoconfiantes e mais conscientes, eliminando, mesmo que lentamente, o machismo e a misoginia impregnados na nossa sociedade.

Odeya, Danielle, Maddie, Jennifer e Bex em “Dumplin’” (Imagem: Netflix/divulgação)

A Netflix, por exemplo, apoia totalmente a ascensão feminina na cultura cinematográfica. Com lançamentos pra lá de incríveis e com muitas mulheres fortes em suas histórias, a empresa de streaming consegue grande público com histórias comoventes e poderosas. O primeiro caso é “Dumplin’”, comédia musical lançada em dezembro de 2018 na plataforma. Com as atrizes Danielle Macdonald (“Bird Box”, original da Netflix), Jennifer Aniston (“Friends”), Odeya Rush (“Lady Bird: A Hora de Voar”), Bex Taylor-Klaus (“Scream”, também da Netflix) e Maddie Baillio (“Hairspray”) como protagonistas no enredo, o filme mostra que todo corpo é um corpo de praia e que as mulheres precisam se desvencilhar dos padrões antiquados e preconceituosos que, convenhamos, são enraizados na nossa rotina.

O filme trata a gordofobia de uma forma muito orgânica, direcionada e necessária, se arrematando também à autoaceitação. A personagem principal, Willowdean, interpretada por Macdonald, é alegre e sabe bem o que e quem quer, pois sempre foi muito inspirada por sua tia Lucy (Hilliary Begley), fã de Dolly Parton, a se aceitar e a não levar a opinião dos outros a sério a ponto de chatear-se com as expectativas de outras pessoas sobre ela. É notável que mulheres gordas raramente são protagonistas de histórias hollywoodianas — já que estas não se encaixam no “padrão” que dita magreza — , mas o audiovisual, cada vez mais, vem mostrando que a atuação e a competência devem ser mais relevantes do que uma estética definida e que é importante inspirar meninas, jovens e adultas a aceitarem seus corpos e suas peculiaridades.

Mas além desse espetáculo de filme — com classificação indicativa de 14 anos -, a plataforma de streaming também acertou em outras produções, como “Megarrromântico”, que também trata de autoestima, aceitação e relações abusivas e machistas romantizadas, estrelado pela talentosíssima Rebel Wilson, e “Aniquilação”, filme de suspense/ficção científica com elenco forte — Natalie Portman (“Cisne Negro”), Gina Rodriguez (“Jane The Virgin” e “Carmen Sandiego”), Tessa Thompson (“Thor: Ragnarok”), Kristen McGarrity, Jennifer Jason Leigh (“Atypical”, série original da Netflix) e Oscar Isaac (“Operação Fronteira”, original da Netflix).

Jennifer, Natalie, Kristen, Tessa e Gina em “Aniquilação” (Imagem: Netflix/divulgação)

Neste show de biologia, química e empoderamento feminino, as personagens são mulheres inteligentes e requisitadas para uma missão importante: descobrir como acabar com um domo magnético bizarro que surge em uma área do planeta Terra e acaba com toda a vida vegetal e ambiental conhecida por nós. O filme mostra como as mulheres ganham papéis de poder e coragem em situações de risco, simplesmente pelos seus intelectos e capacidades, e como se fortalecem de maneira muito interativa para alcançar um mesmo objetivo. Se o elenco não te convenceu, fique ciente de que o filme explica a biologia de forma didática e palpável, fazendo com que você pare, ao fim do filme, e pense que aquilo pode realmente acontecer — sem contar que é uma inspiração pura para meninas e garotas que querem atuar com a ciência.

E o Spotify, plataforma de streaming de música e podcasts, também aproveitou a leva de grandes mulheres para criar conteúdo diversificado e feminista. Com mais de 40 milhões de músicas e aproximadamente 57 milhões de usuários (de acordo com o portal TechTudo), contém muitos podcasts feitos por mulheres e abre seu leque de opções quando possui muitos deles em destaques em matérias de grandes sites, como o BuzzFeed.

Cris e Ju (Imagem: Spotify/divulgação)

O “Mamilos”, apresentado por Cris Bartis e Ju Wallauer, está no ar desde 2014 e aborda diversos temas polêmicos, como racismo, feminismo, machismo, violência e saúde mental nos seus aproximados 146 episódios (lançados semanalmente). Com muitos fãs, o podcast tem cerca de 350 mil ouvintes por mês e sempre leva convidados e convidadas com autoridade para debater sobre assuntos variados. O “Imagina Juntas” também merece ser destacado, já que Carol “Tchulim” Rocha, Jéssica Grecco e Guz Lanzetta discutem cultura pop, dinheiro, relacionamentos, entre outros assuntos, de forma descontraída e leve, desde 2017, com cerca de 50 episódios sobre tudo o que se pode imaginar.

Claro que a gama de podcasts não acaba aqui, pois há muitos outros estrelados e protagonizados por mulheres engajadas e fortes no Spotify, então é válido navegar e descobrir novas fontes de conhecimento e debate, já que a internet é importantíssima para a disseminação de diálogo acerca de temas relevantes, como sexo, saúde feminina e violência, e oferece diversos meios para tal feito. As mulheres merecem destaque não só no audiovisual, mas em qualquer outra vertente cultural, artística, política e científica, e o feminismo só valida e firma ainda mais a luta diária para termos aceitação, respeito e dignidade, agora em conjunto com a mídia, que deve buscar enaltecer mulheres e inspirar pessoas, fugindo da sexualização e da misoginia ainda, infelizmente, presentes no contexto atual.

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