OPINIÃO: Dilma deixa o Planalto honrada e sozinha
O Senado acaba de destituir a presidente Dilma Rousseff, nada mais previsível. Após 4 meses de discussões, embates, reviravoltas e muitas decisões históricas para o Brasil, os parlamentares acabam de decretar a derrocada final da petista por 61 votos a 20.
Crimes de responsabilidade (ou não) à parte, a primeira mulher presidente deixa seu cargo com dois anos de antecedência. Poderia ser diferente, se tivesse sido menos inflexível, visitado mais o Congresso, não utilizado demagogias nas eleições de 2014 e, principalmente, o convênio mortal com o PMDB.
Dilma desce a rampa do Palácio do Planalto sozinha e de cabeça erguida, do mesmo jeito que se manteve ao enfrentar os algozes envergonhados na ditadura. Sozinha porque foi abandonada pelo PT, por Lula, partidos de esquerda, movimentos sociais e militantes.
Esperando Dilma, na entrada da rampa, para voltar a Porto Alegre, Belo Horizonte, Europa, ou qualquer lugar que ela escolher, está sua biografia. A história de uma mulher que lutou contra o cruel regime militar, travou a batalha e venceu o câncer, criou uma filha e dois netos e cuida de uma mãe já idosa.
A, agora, ex-presidente não tem mancha de corrupção alguma em seu currículo. Não foi citada na Lava Jato, nem no Mensalão, nunca respondeu processo deste tipo, sequer suspeita-se de ter recebido dinheiro irregular pessoalmente. Teve erros (pedaladas e os créditos de suplementação) e acertos em sua gestão, como também ocorre em nosso trabalho diariamente.
Dilma deixa o Palácio do Planalto deixando para trás campanhas possivelmente irregulares, um padrinho que muito terá que se explicar à justiça, o partido que a elevou ao poder e não a apoiou quando mais precisou e, por fim, um companheiro de chapa que a traiu e agora presidirá a nação. A partir de agora, temos a mulher, mãe, economista que merece todo nosso respeito.