Pandemia e violência doméstica: o risco de ficar em casa

Jornal Expresso
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3 min readApr 30, 2021

O confinamento agravou ainda mais os índices de violência doméstica no Brasil, demonstrando que muitas vezes o maior perigo para as mulheres está dentro de casa. Com medo dos agressores, elas sofrem em silêncio.

Leticia Petrelli

Foto: KamranAydinov — Freepik

Durante a pandemia da Covid-19, pôde-se observar um aumento significativo nos casos de violência contra a mulher, tendo em vista que o isolamento social se tornou uma das principais medidas para o combate do vírus. Dessa forma, fazendo com que as mulheres ficassem cada vez mais tempo com os seus agressores. Uma vítima que prefere não se identificar, relatou o que tem sofrido durante esse período.

“Um dia começamos a discutir muito eu estava me segurando para não fazer nada, até que eu dei um tapa de leve no rosto dele. Na hora ele reagiu; me pegou pelo cabelo e me arrastou até o sofá, pegou meu rosto e apertou com muita força. Lembro que naquela hora fiquei desesperada, eu queria gritar mas não sabia o que fazer. Nesse dia não tive mais dúvidas de que eu tinha sido vítima de agressão”, relata a vítima.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) apontou que país registrou um aumento de cerca de 2¨% no índice de feminicídios durante o primeiro semestre de 2020, em relação aos números do mesmo período no ano de 2019. Tais números, porém, podem ser muito maiores: especialistas ouvidos pela Agência Lupa apontam que há uma subnotificação dos casos na maior parte do país.

Foto: Alexandra — Pixabay

A psicóloga Nathalia D. Stoco, coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) da cidade de Indaiatuba (SP), reitera o aumento de casos de violência doméstica contra mulheres após o início da pandemia. Ela acredita que existem casos de violência que não chegam a virar denúncia devido ao isolamento social, pela dificuldade de mulheres em comunicar os casos de violência.

A psicóloga comentou também que muitos dos acompanhamentos psicológicos prestados às vítimas passaram a ser online, tornando os atendimentos mais distantes. “Nós tínhamos um grupo de apoio a mulheres, onde cada uma compartilhava sua história e isso criava um vínculo muito grande entre elas. Infelizmente, devido à pandemia tivemos que suspender o projeto ”, diz a psicóloga.

Foto: Nino Carè — Pixabay

A Central de Atendimento à Mulher presta acolhimento a mulheres em situações de violência ou de testemunhas. A ligação é gratuita e confidencial, o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.

Não sofra sozinha: denuncie!

LIGUE 180

Edição: Monike Cruz

Revisão: Marina Norato

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