Queda de braço entre governadores e presidente

Jornal Expresso
Portal Expresso
Published in
4 min readMar 28, 2020

Governadores adotam medidas emergências, mas o presidente não concorda

Nayara Paiva

Foto: Sergio Lima/O Globo

Todos os dias o Ministério da Saúde (MS), divulga o crescente número de casos por contaminação pelo vírus Covid-19.

Até o fechamento desta matéria eram 92 óbitos e 3.417 casos confirmados de acordo com as informações divulgadas pelo Ministério da Saúde. A região sudeste concentra 57% desse total.

Mesmo com todos os dados, informações e exemplos da Europa e EUA, o presidente se opõe ao isolamento social e o fechamento de comércios para evitar aglomeração e disseminação em maior escala do vírus.

E o caos da capital?

Avenida Paulista, em São Paulo — Foto: Marcelo Brandt / G1

Em São Paulo o Governador Dória, que foi eleito com o slogan bolsodória, foi o primeiro a debater sobre o posicionamento do presidente. Fazendo declarações públicas sobre os casos e medidas adotadas para prevenção. Gradualmente a capital ficou vazia, avenidas movimentadas ficaram sem trânsito, empresas liberando os funcionários para home office ou sem atendimento ao público.

Ainda contra a vontade do presidente, a medida oficial, foi anunciada por Dória, dia 21 de março. Para que os comércios fechassem e as pessoas entrassem em isolamento social, apenas ficando permitido o funcionamento de serviços essenciais como: farmácias, hospitais, mercados, postos de gasolina, veículos de comunicação e padarias, desde que vendessem apenas produtos e não refeições. A medida inicialmente é de 24 de março a 7 de abril.

Foto: Divulgação

Cidades da região, Itu, Salto, Jundiaí, entre outros, logo após o pronunciamento divulgou o acatamento da medida adotada pouco antes pelo Governador.

A cidade de Sorocaba (SP), já havia declarado no último dia 20, estado de calamidade pública. Multando os comércios que insistiram em abrir as portas. Efetuando até o impedimento de circulação de todo o transporte público na cidade, porém através de solicitações, retornou a funcionar com 40% da frota no dia 26.

Na segunda-feira (23), a cidade que é conhecida pela correria, estava “deserta”. Foi possível perceber a diferença do fluxo de passageiros e trens lotados na capital paulista, ainda que alguns se mostrassem cheios devido ao espaçamento dos intervalos entre metrôs, ônibus e trens.

As feições dos usuários se mostram assustadas a cada vez que alguém tosse ou espirra.

Foto: Pixabay

Minha rotina agora é “fora da rotina”

Camila, 23, editora de pós-produção em uma emissora de tv. Sua rotina normal, se tornou esquisita comparada aos seus colegas de faculdade que estão em suas casas com a nova rotina. Comenta que todos da classe falam sobre o que estão fazendo no isolamento.

“Todos os professores e todos os alunos estão falando como está sendo a rotina fora da rotina. E minha vida seguiu normalmente. ”

Acrescentou o receio de pegar o vírus, usando máscara no trajeto de ida e volta ao trabalho, por morar com os avós vêm adotando medidas de proteção. Mas o receio vai além do vírus, quando sai a noite do trabalho, as ruas estão desertas e exposta a sofrer alguma violência. Nesta semana sofreu uma tentativa de assalto, mas sem nenhum pertence roubado.

Outros casos

Quem também se posicionou para reduzir a curva da disseminação do vírus, foi o governador Wilson Witzel (RJ), decretando na cidade quarentena e isolamento. O estado tem segundo maior número de casos pela Covid-19.

Diante disso, Jair Bolsonaro, fez um pronunciamento na quarta-feira, reforçando que a mídia vem causando alarde e pânico na população, acrescentou ainda que devido o número de óbitos ocorrer em maior quantidade entre os idosos, que não haveria necessidade de uma quarentena. Mas apenas o isolamento dos considerados grupos de risco, idosos com mais de 60 anos, pessoas com problemas pulmonares, hipertensão e diabetes.

Após o pronunciamento, os usuários das redes sociais, movimentaram debates e críticas a Bolsonaro, até mesmo de seus apoiadores. Memes, foram utilizados para representar a sua fala sobre o seu histórico de atleta.

“No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito acometido de uma gripezinha ou resfriadinho.” disse em pronunciamento

Jair, já vinha sendo criticado por seus comentários sobre o vírus e por se negar a mostrar os resultados os dois testes que fez para verificar se tinha ou não contraído a doença. Além de panelaços que vem ocorrendo desde o dia 17 de março em todo o Brasil.

Preocupações a curto prazo

Para empresários e apoiadores de Bolsonaro, que veem prejuízos em seus negócios, fizeram carreatas para que acabasse o isolamento social e os comércios retornem ao funcionamento para que não impacte negativamente na economia.

Para aliviar os impactos que estão acontecendo e vão acontecer, como queda da bolsa, aumento do dólar, restrição do turismo, desemprego e falências de pequenas empresas. Foram anunciadas medidas provisórias (MP), mas que são faladas em pronunciamentos, depois é realizado um novo sobrepondo o anterior. Como auxílio emergencial R$ 600,00, pelo período de três meses, em caso de famílias que são chefiadas pela mãe, monoparental, poderá ter direito a duas cotas, somando R$ 1.200,00, ainda aguardando para ser votada na próxima semana.

Leia também a matéria com o Infectologista sobre a Covid-19.

Edição: Nayara Paiva

Nos acompanhe no Facebook e no Instagram e interaja com a gente, deixando sempre sua opinião e sugestões nos comentários!

--

--