Sem limites para sonhar
Projeto na cidade de Itu promove a inclusão de pessoas com deficiência através do esporte
Murilo Pereira
O professor de Educação Física Felipe Pi é o idealizador do projeto Sem Limites, que ensina natação a pessoas com as mais diversas deficiências, além de proporcionar uma qualidade de vida melhor a esses indivíduos. Criado em 2016, o Sem Limites funciona dentro de uma academia da cidade, a Tem Esportes.
Felipe conta ao Jornal Expresso como surgiu a ideia de iniciar o trabalho. “A ideia surgiu após o acidente no qual perdi a visão de um dos olhos jogando futebol. Então, comecei a trabalhar como voluntário na Escola de Cegos Santa Luzia, que já levava os alunos para nadar na Tem. Assim, quis criar algo que pudesse ajudar não só os deficientes visuais, mas também pessoas com outras deficiências”.
Funcionamento do projeto e sua influência na vida de quem participa
Atualmente, sabe-se a dificuldade que envolve executar qualquer ação que necessite de dinheiro. Quando essa realidade é traduzida para o trabalho voluntário, torna-se ainda mais cruel.
Questionado sobre como o projeto sobrevive, Pi nos informa que a iniciativa tem o apoio da academia, que cede o espaço físico.
Além disso, os frequentadores da própria academia doam o lanche que os alunos comem após os treinos. Uma terceira fonte de ajuda é a venda de camisetas com a marca Sem Limites, com a renda revertida para a confraternização de final de ano e possíveis viagens.
É evidente que o pilar da ideia seja a natação adaptada, mas o trabalho não tem o foco exclusivo na formação de atletas. Bem mais do que isso, o Sem Limites busca o desenvolvimento de seus alunos para auxiliar no dia a dia de cada um. “Nossa função é mostrar para cada aluno que eles são capazes de realizar tudo, basta acreditar”, completa Felipe.
Ainda nesse cenário, conversamos com o aluno Douglas Gomes, de 24 anos, o qual abordou o projeto sob uma outra perspectiva, ressaltando a importância das aulas em seu cotidiano.
“Antes de começar a frequentar o projeto, eu tinha muito medo de nadar. Com as aulas, fui trabalhando esse bloqueio e hoje entro na piscina sem maiores problemas”, relata Douglas, revelando também qual foi seu principal ganho no Sem Limites: “antes eu tinha osteoporose e atualmente estou curado”.
O trabalho conta com o apoio de voluntários para atender a demanda de pessoas participantes. Hoje, o projeto auxilia 22 alunos, porém, com o aumento da procura, a espera se faz necessária.
A solução para tal empecilho seria aumentar o número de voluntários, mas Felipe frisa uma questão na qual esse ponto esbarra. “A frequência com que pessoas me procuram para trabalhar no projeto é baixa e, além disso, aquelas que começam a vir raramente mantêm uma assiduidade”.
Os dois entrevistados ainda destacaram o papel social do esporte adaptado, que vai muito além do desempenho.
“O paradesporto resgata a autoestima, melhora o relacionamento com as pessoas e também evidencia a igualdade”, finaliza Douglas, salientando a grandiosidade do projeto Sem Limites.
Edição realizada por Gabriela Prado.