The Witcher 3: A Wild Hunt

Cayo Cesar
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Desenvolvido e publicado por: CD Projekt Red,

Plataformas: PS4, Xbox One e PC.

“O pensamento duplo indica a capacidade de ter na mente, ao mesmo tempo, duas opiniões contraditórias e aceitar ambas.” - George Orwell.

Incrível e apaixonante, The Witcher 3: A Wild Hunt roubou o coração de milhões de jogadores ao redor do mundo desde o dia de seu lançamento até o presente momento. O espetacular universo de Andrzej Sapkowski, autor da estonteante saga de livros de mesmo título, não apenas revolucionou a indústria de videogames, como também trouxe conceitos novos e únicos que encantaram todos os que tiveram contato com a obra.

The Witcher é um RPG em terceira pessoa que conta a história do Witcher Geralt de Rívia, em sua jornada sombria e encantadora em um mundo que, graças a um fenômeno que os estudiosos chamam de “A conjunção das esferas”, é repleto de monstros. Os witchers nada mais são do que seres humanos que foram treinados durante toda a sua infância e que passaram por um doloroso processo para se tornarem mutantes capazes de enfrentar monstros em troca de dinheiro, uma profissão necessária neste mundo, porém, que é muito mal vista pela sociedade. Witchers são desprovidos de emoções e são estéreis… Um preço a se pagar pelas habilidades sobre humanas adquiridas através das mutações: Visão sobrenatural, o que faz deles bons rastreadores, força e sentidos aguçados e capacidade genética para consumir poções mágicas que levariam um humano normal à morte ou à sequelas pelo resto da vida.

O mundo fantástico de The Witcher é tão repleto de possibilidades que o jogador pode se dar ao luxo de explorá-lo por completo ou de focar no que lhe desperta mais o interesse. Isso acontece pois no mundo existem aspectos políticos que podem ou não serem aprofundados, dependendo da vontade do jogador em encarnar a neutralidade dos witchers quanto a estes assuntos ou por deixar ser levado pela curiosidade, vendo as consequências que suas ações tem no mundo. O jogo é repleto de escolhas e diálogos que mudam a narrativa conforme as ações que são tomadas pelo jogador, o que é um diferencial interessantíssimo quando se leva em conta que este aspecto ultrapassa em muito a proposta do jogo em si. A exploração do mundo lhe instiga a desbravar cada vez mais tudo aquilo que está acontecendo ao seu redor. Em certos pontos da campanha, eu simplesmente não conseguia continuar a história principal sem antes “limpar” todos os pontos de interrogação que apareciam em meu mapa graças a todas as vezes que consultei quadros de aviso em busca de contratos. O jogo é vivo. Você pode montar seu fiel Carpeado e viajar por horas, deixando a barba de Geralt crescer e meditando sempre que precisasse recuperar seus Slots de poções. A variedade de tarefas é extremamente grande! O jogador pode procurar tesouros protegidos por feras e monstros, descobrir pequenas tramas de bandidos através de notas, conseguir instruções para que ferreiros e armeiros lhe criem novos equipamentos através de diagramas (Os diagramas de witchers são os melhores!), vender as “porcarias” encontradas em troca de algum ouro extra, etc. Minha tarefa favorita? Caçar monstros! Havia chegado ao ponto de não precisar abrir o bestiário para entender as fraquezas dos monstros. Que óleo usar na espada? Que bomba é mais eficaz? Que poção devo tomar? Tudo já estava em minha cabeça, tornei-me um witcher na vida real!

O combate do jogo é fluido e pode ser mudado dependendo do set de armaduras que o seu Geralt está utilizando. O jogo conta com armaduras leves, médias e pesadas. As armaduras leves lhe dão mais mobilidade e lhe permitem que desvie de mais golpes sem que gaste muita Stamina. As armaduras médias são o meio termo entre as leves e as pesadas. Elas protegem mais que as leves e não exigem tanta Stamina quanto as armaduras pesadas para desviar dos golpes, mas não se comparam à versatilidade das armaduras leves. Já as armaduras pesadas permitem que Geralt desvie menos de seus oponentes, no entanto, o protege mais do que qualquer outra armadura! Eu recomendo fortemente o uso de armaduras leves, visto que são as mais bonitas do jogo (Sim, as armaduras da escola do gato são incríveis) e lhe permitem um grande leque de possibilidades, com mais chances de desviar os golpes dos inimigos e de utilizar mais sinais. Ah, claro! Como pude esquecer? Os sinais! Geralt conta com cinco “sinais de bruxo” que tem diferentes funções, sendo cada um deles: O Aard, que invoca fortes ventos; O Igni, que invoca chamas; O Quen, que invoca uma barreira protetora; O Axii, que influencia a mente do alvo e o Yrden, que cria uma barreira capaz de tornar seus inimigos mais lentos ou de fazer com que permaneçam em sua forma física. Além de tudo isso, ainda existem as bombas, os óleos e as poções, que fazem toda a diferença em uma luta.

Como se tudo que foi citado já não fosse o suficiente para uma experiência incrível, The Witcher 3 ainda conta com duas DLCs fenomenais: Hearts of Stone e Blood and Wine. A primeira diz respeito a uma trama divertidíssima com cerca de dez horas adicionais de gameplay, com mistérios e dilemas morais que me dão arrepios na espinha só de lembrar. A segunda traz um ambiente completamente diferente do que estamos acostumados ao explorar a destruída Velen: Beauclear! A terra dos vinhos, da poesia e dos cavaleiros errantes. Mas nada é perfeito… Esse é o lar das criaturas mais temíveis do mundo, os vampiros superiores. Blood and wine conta com vinte horas adicionais de jogo, podendo facilmente chegar a trinta horas se o jogador estiver empenhado em explorar tudo que a dlc tem a oferecer.

Para não perder o costume, encerraremos este texto com uma discussão acerca da frase escolhida no início. Dessa vez, o autor escolhido foi o escritor inglês Eric Arthur Blair, que adotou o pseudônimo de George Orwell.
“O pensamento duplo indica a capacidade de ter na mente, ao mesmo tempo, duas opiniões contraditórias e aceitar ambas.”
Nesta afirmação, o “pensamento duplo” nada mais seria do que a neutralidade, virtude esta tão defendida por Geralt de Rívia e por toda a comunidade Witcher no universo dos jogos e dos livros. A neutralidade diz respeito à imparcialidade de posições em assuntos e situações em que tomar um lado possa significar mudar a trajetória de uma discussão ou de acontecimentos futuros. Os Witchers buscam ser neutros também para evitar problemas com as pessoas. No entanto… Seria isso o certo? A neutralidade não significa abster-se de opiniões ou abster-se de uma ideia, mas sim, significa a não demonstração de seus próprios pensamentos para com os outros, sendo assim impossível que sua forma de pensar influencie o meio. Mas, levando a discussão adiante: Ao ficarmos calados, estamos de fato sendo neutros ou estamos concordando com algo que em nosso íntimo sabemos que é errado?

Por último, gostaria de recomendar a trilha sonora “The Trail”, composta pelo polonês Marcin Przybyłowicz (Seu sobrenome faz-me pensar que um gato andou em meu teclado).

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Cayo Cesar
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