Desabafos de quem está com o copo meio vazio

Douglas Vasquez
portalprisma
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3 min readMar 9, 2018

Às vezes tudo o que a gente quer é largar a vida e ir embora sem olhar para trás.

Eu estou naquela fase sensível da vida onde tudo o que eu acreditava ser real, na verdade, está provando ser o contrário. Como um canceriano nato com ascendente nos espinhos capricornianos, posso dizer que sou um caos, misto (im)perfeito das duas estrelas astrológicas. Completos opostos, complementares perfeitos.

Então, você já pode imaginar que em um minuto sou o sol e no outro a lua. Estou acostumado com a suavidade que consigo parecer no exterior e o caminho de pedras que encontro aqui dentro e como diria a sábia pensadora britânica, Lily Allen, “já não sei como devo me sentir mais” — especialmente nesse momento onde eu tenho que escrever um livro que vai definir quatro anos da minha vida acadêmica em poucos meses.

Ilustração por Akuma Aizawa

Eu nem sei por onde começar e passo a maior parte do meu tempo pensando se a forma que eu estou fazendo é a correta (se é a que vai em levar até o final). A outra metade do tempo eu passo tentando ser positivo e ao mesmo tempo, querendo apenas fechar os olhos e sumir para sempre. Só de lembrar eu tenho risos estéricos e se você me conhece bem, sabe que isso não significa alegria.

Sempre tive essa vontade de fugir para bem longe quando as coisas começavam a se tornar um pouco mais difíceis do que eu acreditava que poderia lidar. É clichê, mas sempre acreditei que a tempestade vem antes do céu ensolarado.

Talvez eu esteja apenas escrevendo isso para enrolar alguma parte do meu cérebro que está em posição fetal nesse momento.

Aqui as coisas ficam um pouco mais pessoais nesse texto. É exatamente a metade do meu penúltimo semestre na universidade (assim espero) e eu não consigo não olhar para os lados e me comparar com os outros — é mais forte do que eu, sempre foi — e eu vejo que tantas pessoas estão com seus trabalhos bem melhor desenvolvidos do que eu. Até semestre passado eu tinha certeza que não precisaria fazer muitas alterações nesse projeto e hoje me questiono se escolhi o tema certo. Que tipo de jornalista eu vou ser quando cruzar a reta final?

Nunca tive tantas crises de ansiedade e também nunca chorei tanto por causa da faculdade. Será que isso passa? Quem diria que até poucos meses atrás a minha maior preocupação nesse curso era o nervosismo para chegar até o final de um curto texto em frente às câmeras.

Eu tenho medo de páginas em branco, ainda mais quando muitas expectativas vêm junto com elas. O que me motiva neste momento, à engolir o choro e persistir até o final, é a realização do sonho de poder sorrir ao dizer que “eu escrevi um livro”. Eu sou um autor, escritor, centenas de palavras saíram dos meus dedos e hoje estão em conjunto, em diversas páginas nas mãos de outra pessoa.

Espero que eu chegue até lá.

Enquanto isso, continuo parafraseando a britânica, “quando você acha que tudo vai ficar mais claro? Porque eu estou sendo consumido pelo medo”.

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Douglas Vasquez
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Um clichê no meio de tantos outros. Jornalista, autor e fangirl profissional.