O Medo

Douglas Vasquez
portalprisma
Published in
2 min readAug 4, 2020
Photo by Green Chameleon on Unsplash

Nunca tive medo de escrever. As palavras sempre foram as minhas maiores aliadas desde que me entendo por gente, e se duvidar, até antes disso. Mas a gente cresce, as responsabilidades aumentam e se acumulam como em uma pilha de louça suja que nunca acaba. E quando você se olha no espelho, se dá conta de que não coloca um parágrafo para fora há… quanto tempo mesmo? Nem se lembra.

O pensamento me deixa triste, mas nada muito diferente do que já tenho sentido nos últimos meses. Faço uma anotação mental de sentar para escrever alguma coisinha mais tarde, só que nunca abro o editor de texto. Um sinalzinho dentro de mim levanta uma bandeira vermelha que eu sei o que significa, mas escolho olhar para o outro lado. O que há de errado? Eu vou escrever… em algum momento.

Tenho mil histórias para contar, mas quais são elas? Ainda não sei. Quer dizer, sei uma bastante específica, mas ela precisa amadurecer mais um pouco antes de se encontrar em algumas centenas de páginas. É assim que os autores renomados fazem, né? Ou será que é algo dentro de mim que precisa amadurecer?

Nunca fui de sentir medo das palavras. Nunca senti que meus parágrafos tão cheios de vírgulas e reticências fossem insignificantes. Nunca subestimei o poder da minha narrativa — afinal, ela precisa fazer sentido para mim em primeiro lugar e dane-se o resto, certo?

Mas o medo… Agora ele existe. E espero que vá embora algum dia.

--

--

Douglas Vasquez
portalprisma

Um clichê no meio de tantos outros. Jornalista, autor e fangirl profissional.