Da ideia para o Facebook, do Facebook para as ruas

Projeto visa sensibilizar pessoas com reflexões sobre o dia a dia

Allan Alves
Portal Vertentes
3 min readJun 29, 2017

--

S e você mora em Divinópolis e se considera uma pessoa observadora, provavelmente já se deparou com alguma frase ou poesia pairando no meio da rua, convidando para uma reflexão sobre questões que dificilmente alguém consegue se expressar. O amor, o incômodo e os problemas da sociedade expostos com liberdade de interpretação são os ingredientes encontrados por uma estudante de Psicologia da UEMG, para um projeto que tem o propósito de sensibilizar, fazer pensar e tornar nossos dias melhores.

/

Raphaella Ribeiro tem 20 anos e leva a poesia consigo desde criança. Mas foi a partir da adolescência que seus textos e poemas, antes marcados por sua visão de mundo e por seus próprios conflitos, começaram a ganhar uma nova forma.

Foi em abril de 2016, inspirada pelos autores Rodrigo Palauro, Luan Cunha, Thatá Figueiredo e Ana Angel, em suas obras como ”Palavras Mais Rimas”,”Desatinamor”, “Re-Versos”, e “Poesia-me”, respectivamente, que Raphaella criou um projeto com poesias autorais em uma página do Facebook, intitulada de Amardrugada.

A palavra Amardrugada, tão intrigante, traduz para a autora seu melhor momento de inspiração: a madrugada. O trocadilho com a amargura refere-se ao sentido da melancolia desta hora tão reflexiva, e somada às palavras amargura, madrugada, amor e amargo, tornou-se o nome página. Seu conteúdo após 1 ano de criação já alcança 30.258 mil pessoas no Facebook.

Isto é suficiente? Talvez. Até Raphaella descobrir que sua mensagem poderia sair da internet e ir para as ruas, ganhando a cidade através do “Lambe-Lambe”, que são os pôsteres artísticos colados em espaços públicos.

Este alcance conquistado serve como ferramenta para a mudança de atitudes e questionamentos que nem sempre são desvelados. Os pôsteres ativistas refletem sobre as relações humanas, dá vozes às minorias, problematiza o machismo, entre outros. A repercussão sobre os “Lambes Ativistas” nem sempre é positiva e interpretada da forma como a autora idealiza, mas é aí que ela enxerga a beleza da poesia: na sua liberdade.

Em segredo e por sugestão de um amigo, os pôsteres foram pregados somente pelo Campus da UEMG, no bairro Belvedere. As mensagens deixadas na universidade foram fotografadas e publicadas primeiramente na página do Facebook, trazendo uma resposta positiva, o que encorajou Raphaella a levar seus pensamentos para mais pessoas. “Eu tenho consciência de que quando eu colo na rua, isto não é mais meu”, comenta.

O movimento que ela tem feito foi, desde o início, pensado de dentro pra fora, focando do pensamento individual para o compartilhamento. Essa identificação espontânea acontece porque as publicações no Facebook e as colagens nos postes retratam a sociedade atualmente.

Apesar do sucesso nas redes sociais, Raphaella busca expandir e levar seus textos da internet para as ruas e futuramente para os livros. Para ela, uma publicação simbolizaria o seu trabalho concretizado.

--

--