Entenda a crise na Venezuela e como ela tem afetado a população do país

Escassez de energia, alimentos e aumento da criminalidade são apenas amostras da crise que se arrasta pelo país

Emanuela Souza
Portal Vertentes
3 min readJul 7, 2017

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Diversos países da América-latina vêm sofrendo com períodos de tensões políticas e se tornando pautas de reuniões entre líderes mundiais. Dentre eles, está a Venezuela, com uma crise política que se arrasta desde 2013, após a eleição de Nicolás Maduro. Manifestações por todo o país, falta de recursos básicos para a sobrevivência da população e aumento da criminalidade, são situações que vem assolando a população venezuelana e despertando a preocupação dos demais países americanos.

O que desencadeou a crise?

Tudo começou com a morte do presidente Hugo Chavéz em março. Maduro, herdeiro político de Chavéz, assumiu o cargo de presidente interino, e disputaria as eleições com o oposicionista Henrique Capriles. Com 50,66% dos votos, e uma margem de 1,59 pontos, o chavista assumiu o governo. É válido lembrar que as eleições ocorreram no período em que o país ainda estava em luto pela morte de Hugo, o que contribuiu para o resultado da eleição, mesmo com uma campanha curta.

A partir deste momento, a nação venezuelana se dividiu entre apoio e oposição ao novo governo. Uma explosão de manifestações de estudantes e opositores de Maduro alegavam que a vitória fora uma fraude, resultando em confrontos violentos e cerca de 42 mortos. O governo chegou a declarar estado de emergência humanitária devido à falta de remédios, alimentos, e a inflação altíssima.

Manifestantes com bandeira da Venezuela tomam ruas de Caracas em protesto contra Nicolas Maduro (Foto: Federico Parra / AFP)

A situação na Venezuela é resultado de uma crise que vem se arrastando há anos no país. A população vem se mostrando insatisfeita com as medidas tomadas pelo governo, sem que haja nenhum retorno vindo do pagamento de impostos. Após a morte de Chavéz, ficou evidente que o modelo político e econômico adotado por tantos anos não é eficiente para manter a economia do país, e as ações do governo ajudaram a agravar a crise já no seu clímax.

Mas se o país possui as maiores reservas de petróleo do mundo, como chegou a esse ponto?

A resposta está nas medidas adotadas pelo governo anterior ao de Maduro. As políticas de exploração e importação do petróleo adotadas por Chavéz impunham um alto preço ao combustível, desencadeando aos poucos uma crise econômica no país que se agravou na metade do mandato de Maduro. É preciso ressaltar que a economia da Venezuela tem problemas com a inflação há cerca de uma década. As ações adotadas pelo ex-presidente para frear a crise (tais como congelar os preços de cestas básicas) foram um tiro no pé, gerando o desabastecimento de supermercados e o aumento do mercado negro.

Com isso, a economia venezuelana gira em torno da exportação do petróleo. O capital gerado com o produto era revertido em fundos para a renda social, mas a partir do momento em que o preço do barril começou a cair, a estrutura econômica ficou prejudicada, e não haviam planos de emergência para reverter a situação. A economia nacional foi definhando aos poucos.

Padaria em Caracas, com prateleira vazia e aviso: ‘Não há farinha. Não há pão’. (Foto: AP Photo/Fernando Llano)

Além disso, o governo nunca investiu em fontes de energia alternativas, o que levou a uma série de apagões pelo país devido a seca causada pelo El Niño que quase esgotou os reservatórios responsáveis por 70% da energia do país. Isso contribuiu também para agravar ainda mais a violência que já possuía taxas elevadíssimas.

O presente cenário da Venezuela nada mais é do que a consequência de um governo ineficiente que não soube administrar os recursos em seu país. E mesmo agora declarando estado de emergência, Maduro ainda não sabe como reverter a situação, o que se deve à anos de gastos acumulados sem que houvesse um fundo para sustentar o país, e com isso, a principal vítima é a população.

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Emanuela Souza
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Escritora por natureza, Jornalista por instinto. Apaixonada por palavras e pelos universos proporcionados por elas.