O futuro da rádio

Carolina Tribst
Portfólio Carolina Tribst
3 min readSep 17, 2019

Por muitos anos, acreditava-se no fim de determinadas formas de comunicação toda vez que uma novidade tecnológica surgia. Porém, a evolução de novas formas de transmissão e consumo de conteúdo não são sinônimo de extinção de linguagens de comunicação. Assim, um novo modelo de rádio está sendo gerado pela globalização, que agora conta com novos recursos da tecnologia de informação.

Segundo o radialista da emissora Globo, Marc Tawil, as novas tecnologias quebram fronteiras, permitindo que os ouvintes tenham acesso ao rádio em qualquer lugar, de qualquer lugar. Além disso, Tawil acredita que a convergência do rádio colocado na internet permite que o público possa se comunicar também com os agentes de rádio.

Esse tema já provocou debates e existem diversas análises e projeções bastante otimistas, pois o rádio passou a ser encarado por investidores, anunciantes, profissionais e consumidores finais como um exemplo de renovação, e bom aproveitamento das muitas novidades técnicas que apareceram. E mais: as novas tecnologias não apenas ajudaram na expansão do rádio, como reforçaram vocações já possuídas por ele desde muito tempo.

Em meio à essa revolução digital em que vivemos, o número de indivíduos com acesso à internet e as novas tecnologias cresce a cada dia. Ao mesmo tempo, com a popularização de aparelhos que reproduzem música digital, a facilidade de acesso a qualquer música via download na internet, somada ao crescente número de web rádios, coloca as emissoras de rádio convencional em uma complicada situação, onde as frequências AM e FM já estão caindo em desuso, principalmente entre os jovens.

Hoje, por exemplo, já não se faz mais necessário o uso de um aparelho receptor para ouvir as estações que estão migrando rapidamente para as mídias sociais. O professor de coberturas radiofônicas, André Russo, da PUC-SP, aponta um desafio a ser enfrentado pelas emissoras, que precisam se adaptar com as novas formas de consumo de conteúdo “on demand”, ou seja, o consumidor fica livre para escolher quando e onde vai escutar determinado conteúdo. Para Russo, o audiojornalismo está tomando lugar do radiojornalismo.

O podcast, nesse contexto, é um arquivo de áudio digital transmitido na internet, e vem ganhando não só muitos ouvintes, como também muitos produtores de conteúdo, que não precisam trabalhar com a notícia factual necessariamente, podendo tratar dos mais diversificados temas, atingindo os mais diversificados públicos.

Para João Abel, integrante do podcast intitulado Contra Ataque, as novas mídias, apesar de estarem em alta entre o público, não vão acabar com o rádio. João acredita na especialização das mídias, onde cada uma traria o que tem de melhor.

O rádio, naturalmente, não vai ficar fora dessas especializações. Na verdade, todos os veículos de comunicação, junto com a nova dinâmica de relacionamento com o público, vão perder a capacidade de determinar a pauta do debate público. A partir deste ponto, o rádio deve tentar descobrir sobre o que as pessoas estão falando para produzir conteúdos relevantes. De acordo com Paulo Vinícius, responsável pelo marketing digital da rádio CBN, apenas o marketing possui esta sensibilidade ao consumidor, trazendo o “feedback” da audiência para o centro do negócio.

O futuro da rádio, portanto, não se importa com o sistema ou meio de entrega, o que realmente mantém o jornalismo é o forte conteúdo, e usando a tecnologia para melhorar o seu conteúdo, o rádio pode manter-se vivo.

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Carolina Tribst
Portfólio Carolina Tribst

Jornalista, formada na PUC São Paulo, apaixonada pela profissão que escolhi