Extra-estrelar

extra é prefixo latino que tem o significado de algo que está fora ou algo que excede, como em extraconjugal.

Não falar com você me machuca.

Depois de um tempo a gente percebe que a conexão não é tão forte e talvez nunca tenha sido, vamos ser realistas. A gente existiu num espaço-tempo que ressurge sem eu ter controle, existindo e deixando de existir num estalar de dedos que às vezes me faz até duvidar da minha sanidade mental. Em que universo eu tô?

Quando a gente tá junto parece que nunca esteve longe, tem toque, tem cheiro, tem uma intimidade que um ariano como eu desenvolveu com um número de pessoas que dá pra contar nos dedos. De uma mão só. E esses momentos são bonitos e tristes ao mesmo tempo porque quando eles acontecem, automaticamente eu sei que vão acabar a logo.

Quando eu tô sozinho a gente vai embora e parece que nunca existiu. Quantas vidas eu tô vivendo? Juro que já até pensei em começar a estudar física para tentar entender se isso é possível, mas quem eu to enganando, até hoje eu mal entendi Interestelar.

Eu prefiro ficar com a teoria que aprendi em Homem Aranha no Aranhaverso, é mais minha cara. É aquela história que as pessoas dizem, que existem várias dimensões existendo à nossa volta mas não conseguimos enxerga-las. Vários universos paralelos existindo com um Matheus diferente em cada um deles e vários você existindo em vários universos paralelos também e só num deles um Matheus encontra um Você. A diferença entre o meu caso e o do Peter Park é que eu acho que esse Matheus aqui coexiste em dois universos ao mesmo tempo: um em que você existe e em outro em que não.

É engraçado que eu não faço ideia de quando foi que o seu universo se tornou tão importante pra mim. Foi como olhar a chuva cair; começou devagar mas a água não escoou e quando eu me dei conta ela já estava no meu pescoço. Eu me afogo em recordações, que eu inventei ou não, e um monte de gatilhos que vieram comigo pro Universo que você não existe. Um milhão de coisas gritando para eu tentar falar com você.

Não falar com você é a segunda pior coisa que eu posso fazer comigo. A primeira é tentar e saber que hoje eu tô num universo em você não existe. E eu, que costumo dar nome a tudo, vou te chamar de saudade.