Doutorandos do PPGCOM/PUCRS apresentam trabalhos no Seminário Experiências de Pesquisa

Gabriel Galli
PPGCOM PUCRS
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3 min readNov 3, 2016

Na quarta-feira (25/11), quatro doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS apresentaram seus estudos no Seminário Experiências de Pesquisa, realizado no auditório da Famecos. A atividade acontece semestralmente para compartilhar conhecimentos de doutorandos que já passaram por bancas de qualificação com foco nas questões metodológicas. O seminário é organizado pelos professores Dr. Antonio Hohlfeldt e Dra. Cláudia Moura.

O doutorando Paulo Pinheiro Gomes apresentou o trabalho “É o algoritmo, estúpido: como os softwares determinam alterações no conceito de newsmaking”, orientado pelo professor Dr. Eduardo Pellanda. A pesquisa reflete sobre as novas relações que surgem na web e no jornalismo mediado por softwares. Pinheiro explica que existem filtros no Facebook que controlam a exibição de conteúdo e são manipulados por algoritmos secretos. De acordo com ele, precisamos passar a entender como os programas funcionam. “Os algoritmos começaram a modificar o jornalismo. Grande parte das decisões que estão sendo tomadas automaticamente e não sabemos como o processo funciona”, diz. O objeto de estudo do trabalho é a página do jornal Zero Hora no Facebook. O pesquisador executou um experimento criando um perfil na rede social e seguindo apenas a página do jornal em um computador novo sem histórico de uso. A descoberta é de que apenas uma porcentagem muito pequena do conteúdo produzido pelo jornal foi entregue ao usuário. Ele discute também a ideia de que o algoritmo está se transformando no meio de transmissão da mensagem, conectando conceitos e fazendo uma releitura das ideias da Escola de Toronto.

A doutoranda Aline Feijó Bianchini apresentou a trajetória da pesquisa “As TICs como extensão virtual dos laços protetores do lar: um estudo dos usos e apropriações de novas tecnologias por famílias com membros apartados”, orientado pela professora Ana Carolina Escosteguy. Aline explica que a tese pretende resgatar os conceitos de família, desde a concepção patriarcal até a conjugal moderna conectando com uma reflexão sobre o uso das TICs e a manutenção de laços afetivos. Ela pretende testar as ferramentas de pesquisa e se preparar para o doutorado sanduíche no Uruguai, que ocorrerá em 2017. “Há uma inspiração etnográfica no trabalho e gostaria de levar informações para já serem analisadas com a ajuda da co-orientadora”, no período em que estiver fora do Brasil, explica.

Já a doutoranda Larissa Azubel apresentou a pesquisa “Contos de fadas e pós-modernidade: o imaginário hodierno em Once Upon a Time”, orientada pelo professor Dr. Juremir Machado da Silva. Larissa relatou a experiência de realizar o período sanduíche do doutorado na França, entrando em contato com temas da sociologia da comunicação e tecnologias do imaginário. “Foi uma das vivências mais importantes da minha vida acadêmica. Percebi que os trabalhos são avaliados no exterior de acordo com sua qualidade e menos na hierarquia acadêmica, algo que percebo diferente no nosso pais”, avalia. A série “Once Upon a Time”, objeto de análise do estudo, traz os personagens clássicos da literatura em releituras com perfis pós-modernos e ambíguos. Larissa pretende compreender o imaginário da série em relação à tecnologia e as relações com o cotidiano e a comunicação na pós-modernidade. A doutoranda segue como metodologia a sociologia compreensiva, sob a ótica de Michel Maffesoli, buscando lentes de leitura que tragam uma razão sensível.

Por fim, a doutoranda Maria Cristina Lore Schilling, que é enfermeira e mestre em administração, apresentou o estudo “Comunicação e saúde: interfaces e possibilidades”, orientado pela professora Dra. Cleusa Scroferneker. A pesquisadora salientou as particularidades dos processos comunicacionais das organizações da saúde e a dificuldade de administrar ambientes como hospitais. Ela faz um retrospecto do pensamento sobre as questões da segurança do paciente na saúde, principalmente em relação a erros de profissionais da área. “Nós sabemos que grande parte dos eventos adversos que acontecem nesses ambientes estão relacionados com a comunicação”, afirma. Por isso, Maria Cristina procurou entender como os hospitais compreendem o termo comunicação, com base no contexto de organização hierárquica, imposição legal de tratar do tema e a interface entre os profissionais e pacientes. O trabalho utiliza como método a Hermenêutica de Profundidade, a partir de Thompson.

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Gabriel Galli
PPGCOM PUCRS

Jornalista, Mestre em Comunicação Social, membro da ONG SOMOS (http://somos.org.br) e do grupo Freeda — Espaços de Diversidade (http://freeda.me)