Zona 30 de BH
Segundo projeção realizada pelo Instituto Avante Brasil (iAB) com base nos dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, em 2013 cerca de 48 mil pessoas perderam suas vidas no trânsito brasileiro — o que significa 1 morte a cada 11 minutos.
Uma vez que a energia de colisão é proporcional à massa dos veículos e ao quadrado da velocidade, o risco de morte dos pedestres é diretamente influenciado pela velocidade praticada. Refira-se ainda que a probabilidade de morte de um pedestre aumenta exponencialmente a partir dos 30km/h.
Diante desse cenário, foi lançada a Campanha Zona 30 — Menos Velocidade, Mais Vida. O projeto se baseia na limitação da velocidade dos veículos a 30km/h em zonas de grande movimento de veículos, pedestres e cliclistas.
A redução da velocidade de circulação dos veículos motorizados desempenha um papel fundamental na forma de utilização do espaço público, em particular na devolução de seus componentes social e ambiental.
1. Efeitos
Quando uma área residencial com o limite de velocidade de 50km/h é reformulada para o formato ‘Zona 30’, a queda média no número de acidentes é de aproximadamente 25%. A Zona 30 também tem um efeito positivo no que diz respeito à qualidade de vida: diminuição de ruídos, o pedestre tem mais facilidade para cruzar as ruas e as emissões poluentes são menores. Além disso, podemos citar o aumento do ângulo de visão periférica e a redução da distância de frenagem total do carro.
2. A dinâmica urbana
A velocidade é o principal regulador da dinâmica de trânsito e distribuição de espaço para cada veículo. À medida que a velocidade aumenta, os veículos necessitam de mais espaço para circular. Dessa forma, quanto mais se pretende reduzir velocidades, menor será a caixa viária. Estudos revelam que a velocidade de circulação dos veículos motorizados e o respectivo fluxo são fatores determinantes para o consumo energético dos veículos e para o nível das respectivas emissões poluentes. Uma condução agressiva, caracterizada por episódios de aceleração e travagem, apresenta um maior consumo energético.
3. O estudo de um panorâma
Na última década (2001/2010) a frota nacional de veículos aumentou 101,2%. Nessa direção, no mesmo período, o número absoluto de mortes no trânsito cresceu cerca de 40% (4,06% ao ano) e a taxa de mortes por 100 mil habitantes cresceu 26,6. Enquanto o número total de mortos no trânsito cresceu 40,3% entre 2001 e 2010, o número de motociclistas mortos no mesmo período cresceu 250%, saltando de 3.100 vítimas (em 2001) para 10.825 (em 2010).
ZONA 30 E A ESCOLA
A Escola de Arquitetura e Design da UFMG, localizada na zona central de Belo Horizonte, mais precisamente na região da Savassi, foi fundada em 1939 e ocupa a esquina das ruas Paraíba e Gonçalves Dias desde os anos 50.
Conhecida pela grande variedade de comércios e serviços, a região também apresenta outras instituições educacionais e inúmeros edifícios comerciais e residenciais. O fluxo diário pedestres é intenso e a ocorrência de colisões e acidentes envolvendo veículos e pedestres é frequente; o que nos faz repensar o desenho urbano da região.
A incorporação da Zona 30 traria benefícios que vão além da fluidez e segurança no trânsito — trafegando “mais lentamente”, a cidade e seus espaços se fariam mais presentes no cotidiano da população. A nova condição é propícia à percepção e apropriação de espaços subutilizados (assim como a Praça Paraíba) e traz como consequência direta o aumento da segurança para um espaço onde “se vê e se é visto”.
O PROJETO
O projeto nasceu da vontade (e necessidade) de incorporar a Escola de Arquitetura e Design da UFMG no contexto urbano. Após participarmos de uma palestra com a funcionária da BHTrans Eveline, surgiu o interesse de intervirmos na dinâmica local através do desenvolvimento de alertas à população e, principalmente, motoristas da região.
A ideia se baseia na formulação de placas e um informativo que contenham dados que geralmente não são veiculados às pessoas. Ao invés de levar informações que já caíram no lugar comum, como: “respeite a faixa de pedestres”, “limite de velocidade 60km/h”, “não feche o cruzamento” etc, queremos dar ênfase às consequências da redução da velocidade; utilizando dados como o índice de mortes no trânsito e as melhorias no dia a dia das pessoas.
O PROCESSO E O RESULTADO