Toda mulher tem um apelido

Bruno Barbieri
Pra ler e ouvir
Published in
3 min readMay 7, 2014

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Pra ler ouvindo: Michael Jackson — Love Never Felt So Good.

Você, menina, pode não acreditar, mas essa é uma grande verdade do mundo. Toda mulher tem ou já teve um apelido. E eu não tô falando daqueles apelidos preguiçosos que transformam qualquer nome em uma única sílaba, como: Bá, Bi, Cá, Dé, Di, Fê, Gi, Jé, Ju, Lu, Má, Rê, Sá, Tá e Vi. Você escuta tanta sílaba que parece até que vive numa aula do pré-primário.

Mas não, não são esses os apelidos que eu tô falando. São apelidos um pouco mais complicados. A primeira coisa que você precisa saber é que o autor do seu apelido é ou foi o carinha que você está ficando, ou o cara que você hoje chama carinhosamente de “meu amor”. E o motivo que eles fazem isso é bem simples: para poder comentar que ficaram com você com os amigos que não te conhecem.

Homens não são que nem mulheres que saem com um carinha novo e no dia seguinte contam todos os detalhes para as amigas. Mas não é que a gente não quer contar nada pros amigos. A gente só não quer contar os detalhes. E por isso criamos a tática do apelido. Com esse apelido, o cara conta para todos os amigos que não conhecem a menina nova, como ela é, o que ela faz, como foi a noite anterior, o que você gosta nela e da onde você a conhece. Detalhe, tudo isso com míseras duas ou três palavras.

É tão difícil criar esse apelido que eu prefiro chamar isso de arte. E dessa arte saíram pérolas como: a bumbum de ouro, loira da academia, secretaria dos meus sonhos, assistente de primeira, revisora do prazer, arquiteta das curvas, olhinho verde do mackenzie, a gata das gatas, loirinha globeleza, a japa que não é japa, baixinha do brás, louquinha do Arcade Fire, mulata do ó, nadadora da Puc, gata na 3X4, delícia do Matrix, menina da agência, peitos de mola, morena sabe tudo, mineira come quieta, caipira marrenta, maluca da ZL, argentina de boutique, entre tantas outras.

Tá, eu sei. Você deve tá achando este texto a coisa mais machista que você já leu. Mas a gente não faz isso pra desrespeitar ninguém. Pensa comigo: quantas Marianas, Julianas, Carolinas e Marias existem por aí? Se a gente só usasse um nome, vocês seriam só mais uma. E não há nada mais machista do que tratar todas as mulheres como se fossem a mesma. Já com o apelido, vocês ganham personalidade e passam a fazer parte da roda dos meninos antes mesmo deles te conhecerem. E daí, quando finalmente você conhece a todos, eles já são seus amigos.

Só mais uma coisa que nenhuma revista de mulher vai te ensinar. Você não conquista um cara quando ele te chama pra conhecer os pais dele. E nem quando ele adiciona sua mãe no Facebook. A verdade é que você só conquista um cara de verdade quando a roda de amigos dele, sem a sua presença, para de te chamar pelo apelido e começa a te chamar pelo seu próprio nome. Nesse momento, o cara que um dia inventou seu apelido já deve tá te chamando de “meu amor” e muito provavelmente suas amigas também já pararam de chamá-lo de “magrelinho do Mackenzie”.

Obs. Não adianta, seu namorado nunca vai contar qual foi seu apelido na roda de amigos. Mas que você teve um, eu tenho certeza que teve.

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