Cultive vínculos menos frágeis
Hoje acordei pensando em alguém, que já partiu há um tempo. Na garganta, um nó. Na mente, o questionamento, porque eu vou viver 100 anos e continuarei sem entender.
A gente só aceita porque não tem escolha.
Fiquei pensando no quanto a sua vida estava sendo linda e o quanto me inspirava, no quanto você foi forte, resiliente, determinada, corajosa e no tanto que amadureceu permitindo a si mesma aprender a ser frágil e entender que precisava perdoar. Tanta coisa que gostaria de ter visto acontecer, tanta coisa que gostaria de ter compartilhado com você. Mas não deu e nunca vou entender. Gostaria até que fossem menos frequentes as vezes em que penso em você, mas não estaria mentindo se todo dia não me ocorresse uma lembrança sua.
Hoje sonhei sobre você.
Talvez seja o meu inconsciente me fazendo não esquecer a sua voz, sua gargalhada debochada, seu perfume e até o dia em que você virou a cara pra mim, p** da vida, porque esqueci de te ligar no seu aniversário. Você disse que esperava isso de qualquer um, menos de mim. Pedi perdão e a sua compreensão para entender que alguns vínculos não podem ser assim tão frágeis.
Escorpinianos (ô raça!) são difíceis de se convencer, mas me dediquei para te mostrar que o meu vínculo não era frágil e também nunca mais me esqueci do seu aniversário. Cheguei até a rir da ironia do destino que seria se meu filho tivesse nascido no mesmo dia, mas ele esperou um pouquinho mais.
Talvez isso seja só o filme de ontem à noite me lembrando que algumas perdas a gente nunca vai aceitar e que isso não muda nada. Talvez seja só a impotência ao constatar que o critério de quem vai e de quem fica nunca é justo para nós. Talvez seja só a constatação da nossa fragilidade e do quanto somos breves.
Poderia terminar dizendo: ame mais, abrace mais e perdoe mais. Só que viver assim é uma prisão, que pode terminar em culpa porque a gente nunca vai ser completo e nem suficiente. A gente é o que é. Amor não se compra, nem se “faz por merecer”. O amor que a gente recebe é um presente que o outro nos dá. O amor que a gente dá também é uma decisão individual.
Escreva com c.Alma é um projeto da @ribeiro_isadora. Mais do que um clube de escrita, um mergulho em sentimentos adormecidos para encontrar o caminho para libertar as palavras.