Um lembrete de que você é alguém
Quando uma criança nasce, morre uma mulher
E nasce outra que a gente não sabe o que é
Nasce a culpa, que a gente carrega junto com a criança
Quando fica pesado, a gente sem perceber
Abraça mais a culpa do que a criança
A criança vai te querer, a criança vai crescer
Num dia só quer sua atenção
No outro, vai ser só reclamação
Num dia vai tomar todo seu espaço
No outro, vai te mandar para o espaço
A criança vai vir pra sua cama, no meio da noite.
Aproveite.
Um dia ela não virá mais.
Aproveite.
Eles vão trancar a porta do quarto
Não vão deixar você entrar
Eles vão embora.
E nada disso você controla
Controle é quimera, que a gente confunde com a espera
Mas não se sabe quando, não se sabe como
Quando o futuro te alcançar
Alguém que ficou trancada aí
Vai se assustar, quando tiver que sair
Espelho, espelho meu, poderias, então dizer quem sou eu?